VEM VER COMO A VIDA É BELA...

VEM VER COMO A VIDA É BELA...

Oh, seu moço da cidade

Quem vive de fino trato

Venha um dia aqui no campo

Sentir o cheiro do mato

Ver amanhecer o dia

Respirando a brisa fria

Pura, sem poluição

Comer com a mão, na panela

Vem ver como a vida é bela

Vivida no meu sertão

Vem ouvir a melodia

De um vaqueiro caprichoso

Que solta um aboio saudoso

Cheio de melancolia

Sentindo a alma vazia

Ele enche o seu pulmão

Canta uma linda canção

E conquista a jovem donzela

Vem ver como a vida é bela

Vivida no meu sertão

Vem andar pela campina

Vem beber água da fonte

Que nasce naquele monte

Pura, limpa e cristalina

Vem te banhar nessa mina

Que sai de dentro do chão

Faz bem pra o teu coração

E cura qualquer mazela

Vem ver como a vida é bela

Vivida no meu sertão

Vem cá escovar teu dente

Com raspa de juazeiro

Depois sentar no batente

Sob a luz de um candeeiro

Cantar e contar piada

Com uma viola afinada

Declamar uma canção

Da maneira mais singela

Vem ver como a vida é bela

Vivida no meu sertão

Vem ver a Lua de prata

Todo o campo prateando

Ouvir o vento na mata

Lá bem distante zoando

Vem ver uma vaquejada

Fazer uma farinhada

Cavalgar num alazão

Montar no pelo sem sela

Vem ver como a vida é bela

Vivida no meu sertão

Vem ver a simplicidade

Do meu povo aqui da roça

Sem luxo e sem vaidade

Morando numa palhoça

Bem distante da cidade

Sem saber da novidade

De rádio ou televisão

Sem precisar ver novela

Vem ver como a vida é bela

Vivida no meu sertão

Vem ver como o galo canta

No romper da madrugada

Vem ver se tu não te encanta

Com o cantar da passarada

Vem ver a flor tão campestre

Com a sua beleza agreste

Cobrindo a região

Na mais perfeita aquarela

Vem ver como a vida é bela

Vivida no meu sertão

Vem ver como é belo e forte

O matuto sertanejo

Sempre bem alimentado

Com cuscuz, coalhada e queijo

Carne de bode e buchada

Ovos, leite, carne assada

Mel de abelha e requeijão

E galinha a cabidela

Vem ver como a vida é bela

Vivida no meu sertão

Vem ver a cabocla linda

Que tem a cor da romã

Que vai se banhar na fonte

Todo dia de manhã

Sua pele é bronzeada

Sem ir à praia, sem nada

Atingiu a perfeição

Contemple a beleza dela

Vem ver como a vida é bela

Vivida no meu sertão

Você, seu moço e doutor

Que não conhece a beleza

Com esse seu computador

Sentado aí nessa mesa

Vai e volta, sobe e desce

Tira e bota, vira e mexe

E não encontra a solução

Sai da frente dessa tela

Vem ver como a vida é bela

Vivida no meu sertão

Carlos Alberto de Oliveira Aires

Carpina, 27/10/1996

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 17/07/2008
Reeditado em 11/09/2009
Código do texto: T1084328
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