SE LIGUE NO QUE EXISTE AO SEU REDOR...

SE LIGUE NO QUE EXISTE AO SEU REDOR...

LITERATURA DE CORDEL

Autor: Bob Motta

NATAL-RN

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Ais vêiz é cum tanta coisa,

qui a gente se preocupa,

qui se amunta na garupa,

do distino e nada vê.

Num se nota, purinzempro,

qui a nossa mãe natureza,

dá tôda sua beleza,

prá alegrá nosso vivê.

Basta nóis oiá de lado,

mode vê quantos presente,

Papai do Céu dá prá gente,

prá nóis abri um surriso.

E nóis, má agradicido,

num para mode pensá,

qui nóis véve a disfruitá,

dêsse imenso paraíso.

Naquele povo mais simpres,

nativo do interiô,

a gente nota o amô,

maicando a sua presença.

Mêrmo aquêle mais sufrido,

qui carrega a sua cruz,

mostra ais coisa de Jesus,

mêrmo in sua inrreverença.

Na sangria de um açude,

ô num causo bem contado,

tá ali, presente, incravado,

incaiculáve tisôro.

Num cavalo insinado,

num bode pai de chiquêro,

no abôio do vaquêro,

ô no seu chapéu de côro.

Na animação da quermesse,

numa cabôca bunita,

no seu vistido de xita,

no fole de oito baixo;

No iscuríin da latada,

no forró de chão batido,

no namôro improibido,

lá na bêra do riacho.

Na pega de boi no mato,

no cantadô de viola,

no recreio da iscola,

na quintura do fugão;

basta quaiqué cidadão,

sê um eterno aprindiz,

prumode surrí feliz,

c’áis coisa do meu sertão.

No circo sem cubertura,

na cuiêta do roçado,

num minino bem safado,

nais véia mais fofoquêra,

Nuis casá de namorado,

apaixonado, sem mêdo,

cunfessando uis seus segrêdo,

ao redó d’uma fuguêra.

No carro qui vem da fêra,

na gamela duis barrão,

no jumento garanhão,

no canto da sariema;

no canto do anum branco,

no sertanejo sem nome,

no amô qui lhe cunsome,

uvindo um belo poema.

Num carro de boi cantando,

num cachorro dirnutrido,

num papagaio inxirido,

no intôjo da muié;

no acorde d’uma sanfona,

no triângo, no pandêro,

no riso do zabumbêro,

numa quenga do cabaré.

Num fresco bem debroxado,

num véio bem inguinorante,

num relâmpo no horizonte,

nuis foiguêdo do São João;

na alegria do pobre,

na sastisfação do rico,

no arrastá do pinico,

ô no ronco do truvão.

Num chucáio sem badalo,

numa sela sem rabicho,

no tempêro, no capricho,

de uma gostosa buchada.

Na gostosa panelada,

no fêjão cum rapadura,

na cachaça boa e pura,

na prosa da peãozada.

Na cangáia do jumento,

na ispora sem rosêta,

na bucha, na ispolêta,

da ispingarda suvaquêra;

no galo qui no chiquêro,

num dêxa ais penosa in paiz,

e véve correndo atráis,

d’uma galinha poedêra.

Numa panela de barro,

c’uma galinha temperada,

debaixo de uma latada,

e in duais trempe no chão;

uma torrando a galinha,

ôta, o fêjão cum arrôiz,

chamado baião de dois,

qui é o mêrmo rubacão.

Na panela de quaiáda,

no angú da véia Antonha,

no picado, na pamonha,

na rabada cum xerém;

no cuscúi, pôico torrado,

na cangica, no pirão,

eu num troco, meu irmão,

p’ru caviá de ninguém.

Tudo isso aqui discrito,

no simpres versado meu,

o Papai do Céu nuis deu,

e êsse matuto lhe diz:

Ói um pôquíin p’ro seu lado,

mode isquecê seus probrema,

e assimile meu poema;

você vai surrí feliz...

Autor: Roberto Coutinho da Motta

Pseudônimo Literário: Bob Motta

Da Acad. de Trovas do Rio G. do Norte

Da União Brás. de Trovadores – UBT-RN

Do Inst. Hist. e Geog. do Rio G. do Norte

Da Comissão Norte-Riog. de Folclore

Da União dos Cordelistas do Rio G. do Norte – UNICODERN

Da Associação dos Poetas Populares do Rio Grande do Norte – AEPP-RN

Do Inst. Hist. e Geog. do Cariry-PB

E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br

Sites: www.bobmottapoeta.com.br

www.recantodasletras.com.br/autores/bobmottapoeta

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 14/07/2008
Código do texto: T1079758
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