TENHO DUAS CAIBÊRA IN MEU JARDIM/PRESÉIVANDO A PAISAGE DO SERTÃO...

TENHO DUAS CAIBÊRA IN MEU JARDIM

PRESÉIVANDO A PAISAGE DO SERTÃO...

LITERATURA DE CORDEL

Autor: Bob Motta

NATAL-RN

2008

Quando vim de vorta do Carirí,

truve tudo o qui é de catrevage,

prá ninguém vim dize qui é pabulage,

o que eu falo no Ríi Potengí.

No quintá lá de casa, bem ali,

tenho tudo qui traiz rescordação.

Um baú, uma latada, um fugão,

um bisaco, e além de um poivaríin,

TENHO DUAS CAIBÊRA IN MEU JARDIM,

PRESÉIVANDO A PAISAGE DO SERTÃO.

Tenho bem véio, um cabide na parêde,

e de barro, uma véia cuscuizêra;

uma véia ispingarda suvaquêra,

e dois tôrno, adonde áimo minha rêde.

Uma quartinha de barro, mode a sêde,

numa peda, iscupido, um pilão.

Uma quenga é a concha do fêjão,

uma ruma de troço de alumíin,

TENHO DUAS CAIBÊRA IN MEU JARDIM,

PRESÉIVANDO A PAISAGE DO SERTÃO.

Tenho um véio panelêro na cunzinha,

na parede, o retrato de um concriz.

Um fugão de tijolo; eu mêrmo fiz;

qui fumaça, apurrinhando a vizinha.

A latra de querozene, tá sozinha;

já faiz tempo, dexô de sê galão.

Da Aladim, o antigo lampião,

caicumido puro tempo, coitadíin,

TENHO DUAS CAIBÊRA IN MEU JARDIM,

PRESÉIVANDO A PAISAGE DO SERTÃO.

Já de zinco, eu tenho: Cuscuizêra;

lamparina e pregadô de brasa.

Todais essas relíquia, lá in casa,

é prá eu, um lembrança de premêra.

Tenho ainda de zinco, a chalêra.

A gamela qui era duis barrão,

a panela de barro p’ro fêjão,

o aiguidá prá quaiáda, num cantíin,

TENHO DUAS CAIBÊRA IN MEU JARDIM,

PRESÉIVANDO A PAISAGE DO SERTÃO.

Tombém truve, mais eu, inté aqui,

a ispingarda de papai, mode guardá.

Dela eu fiz adoação, e agora tá,

no museu de São João do Carirí-PB.

Levei ela, da terra de Poty,

guarnicida cum documentação.

Derramando duis zóio a emoção,

intreguei me tremendo, cum caríin,

TENHO DUAS CAIBÊRA IN MEU JARDIM,

PRESÉIVANDO A PAISAGE DO SERTÃO.

Bê Ó Bê, qui é meu ferro de maicá,

uma amarra e um chucáio sem badalo,

cum ferruge, um facão rabo de galo,

e uma agúia, daquela de palombá.

Uma gréia, qui era mode assá,

um mocó, um preiá ô um méiguião.

Vêiz purôta, eu como rubacão,

numa barraca, na fêra do Alecrim,

TENHO DUAS CAIBÊRA IN MEU JARDIM,

PRESÉIVANDO A PAISAGE DO SERTÃO.

Na parede, butei um duis meus poema,

bem no arto, um charuto de pacáia.

Um cabresto, uma macaca, uma cangáia,

e um CD cum o canto da sariema.

Cada um dêsses tróço é um tema,

é riqueza prá minha inspiração.

É poesia, é letra de canção,

é paixão, é amô, é tudo infim,

TENHO DUAS CAIBÊRA IN MEU JARDIM,

PRESÉIVANDO A PAISAGE DO SERTÃO...

Bob Motta

NATAL-RN

22.JUN.2008

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 22/06/2008
Reeditado em 22/06/2008
Código do texto: T1046342
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