viplan e schubert
Há algum tempo venho escutando música clássica antes de dormi, e recomendo. De vez em quando vou me deitar sem muito sono, começo a prestar muita atenção a música e quando me canso de fazer isso, começo a pensar besteira. E em um dia qualquer desses, cheguei a uma conclusão que aqui tentarei explicar. Pois bem, me lembro em tenra idade, minha mãe me levando a apresentação anual de ballet da minha irmã. Começava então com aquela música alta ecoando a minha volta; e então, bailarinos sacudos e bailarinas esbeltas flutuavam no palco - vestiam sempre aqueles colans de cores espalhafatosa, mas, sempre bonitas de alguma forma -, e se moviam de tal forma, que fazia parecer que o compositor tinha feito a música para acompanhar esse movimento. E tal relação sempre me pareceu obrigatória ao se ver/ouvir a execução de uma obra clássica. Digo isso por uma opção estritamente estética; me apetece mais ver essa dança de corpo - que se bem feita, é maravilhoso de se ver - do que uma gigante orquestra fazendo um trabalho laborioso para a executar a música (não digo que uma é melhor que a outra, pelo o contrário, para mim, realizam uma relação de coordenação) e somente se destacando os movimentos estabanados do regente - um careca sem graça, sem sapatilha e maquiagem. O que seria de Danúbio Azul sem os delicados movimentos do príncipe e do cisne ou ainda de Tchaikovsky e Stravinsky? O mesmo acontece com a ópera; não seria muito entediante ver pessoas obesas, de trajes sociais, a cantar e suspendendo as vogais durantes vários minutos? O que fazer para a ópera ser agradável? Botar essas pessoas massudas em trajes relacionados aos temas das canções; e além de tudo, ainda se ri, afinal, não é todo dia que se vê uma pessoa de cem quilos, vestido um traje bárbaro, com sua respeitável barriga a mostra pelo coletinho de pele de cabra, ou ainda, uma jovem vestida à maneira nórdica, com traças e capacete. Iupi! Está aí um bom espetáculo. E tendo então esse meu ponto de vista, um tanto pessoal, e sem dúvida influenciado pelos filmes Disney, fiquei imaginando com seria se botasse uma caixa gigante na rodoviária tocando o concerto para violinos nº2 em E maior do Bach; pessoas logo iriam automaticamente parar de andar com seu jeito chulo, tomar pose ereta, a dar echappés sautés entrando nos ônibus, aterrizando, e se cumprimentado com pliés e estendendo a mão, é claro com um bras bas, e entregando o passe fazendo com um port de bras, passando a catraca com uma pirouette.