MISTÉRIOS DA ILHA DA VOLUPTUOSA DEUSA “SEREIAL”
Duas pequenas naus sombrias, apontam no horizonte, sem bandeiras, como que em desacordo, com visão daquela baia de águas aprazíveis e de tonalidade azul cálido. Sua tripulação aos poucos começa a aparecer no convés, pálidas criaturas, aparentemente mistas de piratas e zumbis, olhos disformes, as suas peles tonalizadas de amarelo sujo, roupas de cores opacas e esfarrapadas, fiapos de gente, e um estranho combinar, todas as cabeças magricelas têm uma bandana, uma espécie de lenço, de cor vívida vermelho grená, como cobertura, inconcebivelmente de aparência nova.
Ao aportarem nas areias brancas e geladas, numa enseada escondida por uma densa vegetação, são recebidos por uma revoada de pássaros multicoloridos, mais assustados do que receptivos, nenhum deles pousa, apenas circundam o grupo, parecem temerosos. Aquele espaço no meio da baia, parece ser uma pequena ilha, as criaturas sombrias, descem das pequenas naus, em exíguos botes, nesse momento dá para ver que cada uma das embarcações, traz apenas sete passageiros, alguns consideram o número sete como um número karmico. Vamos ver onde vai dar esse relato.
Os zumbis do mar, pois essa é a descrição que mais se assemelha às suas aparências, se arrastam descalços pela areia gelada, uma combinação estranha de areia branca e lenços vermelhos grená, seguem ilha a dentro, em busca de algo que ainda não dá para imaginar, talvez despojos, talvez água, talvez alimento, afinal eram esquálidos seres sombrios. Há que se esperar.
Um súbito marulhar de águas, um breve chacoalhar de folhas e surge em meio à mata uma jovem linda, esguia, pequena, de pele alva e transparente, inconcebível em uma ilha tropical, longos cabelos louros “sereais”, olhos cinzentos e brilhantes, corpo perfeito, longas mãos finas e delicadas, trajando apenas um lenço de tom vívido vermelho grená na mão esquerda. Seria um sonho? Seria uma Deusa? Ou apenas um delírio? Misteriosa aparição.
Do nada as sombrias criaturas se lançam ao chão de joelhos com os braços levantados em franca adoração, murmuram frases em uma língua que não se sabe a origem, e nem se consegue ouvir perfeitamente, a aparição de olhos cinzentos e brilhantes, apenas observa, impassível, dá um comando com a mão direita, e todos se calam e mantêm os olhos abaixados, ela faz surgir, como por encanto, quatorze tigelas de barro cozido, contendo apenas sangue em sete delas e pedras pequenas pontiagudas nas outras sete, com uma voz sibilante, baixa e rouca, ela ordena que eles aproveitem o banquete e some. Os esquálidos seres sombrios, se lançam furiosamente uns sobre os outros, rasgando a pele com as pedras e cobrindo-a com o sangue, os que ficam mais feridos pelas pedras, vão se modificando rapidamente em piratas corpulentos em trajes próprios dos mares, vigorosos e sãos, os menos afortunados, minguam e se dissolvem na areia, desaparecendo sem vestígios de suas anteriores presenças. Restaram apenas sete, homens compactos e com lenços de cor vívida vermelho grená, agora envoltas em seus pulsos esquerdos.
A nova corja engalanada, segue mata à dentro, em furiosas passadas, seus trajes agora possuem botas de couro reluzentes e suas cabeças são ornadas de longos cabelos louro acinzentados. Depois de uns quinze minutos de densa caminhada exploratória, chegam ao que parecia ser o meio da pequena ilha, onde uma clareira se mostra, avistam uma cabana de palha amarelo alaranjada, onde em sua porta reencontram a linda aparição de olhos cinzentos e brilhantes, ela se deita nua e bela no meio da clareira, com as pernas abertas e aos pares, as criaturas revigoradas por sangue e pedras, a possuem brutal e repetidamente, sem que ela mude de expressão ou emita qualquer suspiro, parecendo não sentir absolutamente nada.
Após sôfregas e voluptuosas incursões corporais, o embate insólito durou quase três horas, os piratas revigorados, retornam aos seus barcos e partem de volta ao mar, deixando para trás, uma pequena ilha de pássaros temerosos multicoloridos, uma insólita Deusa brutalmente invadida, uma clareira vazia e inúmeros mistérios. Depois desse relato, me levantei da cadeira onde estava digitando esse texto de sete parágrafos e me deparei, com um lenço de vívido tom vermelho grená, sob a almofada onde eu estava sentada...
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 27 de junho de 2015.
Duas pequenas naus sombrias, apontam no horizonte, sem bandeiras, como que em desacordo, com visão daquela baia de águas aprazíveis e de tonalidade azul cálido. Sua tripulação aos poucos começa a aparecer no convés, pálidas criaturas, aparentemente mistas de piratas e zumbis, olhos disformes, as suas peles tonalizadas de amarelo sujo, roupas de cores opacas e esfarrapadas, fiapos de gente, e um estranho combinar, todas as cabeças magricelas têm uma bandana, uma espécie de lenço, de cor vívida vermelho grená, como cobertura, inconcebivelmente de aparência nova.
Ao aportarem nas areias brancas e geladas, numa enseada escondida por uma densa vegetação, são recebidos por uma revoada de pássaros multicoloridos, mais assustados do que receptivos, nenhum deles pousa, apenas circundam o grupo, parecem temerosos. Aquele espaço no meio da baia, parece ser uma pequena ilha, as criaturas sombrias, descem das pequenas naus, em exíguos botes, nesse momento dá para ver que cada uma das embarcações, traz apenas sete passageiros, alguns consideram o número sete como um número karmico. Vamos ver onde vai dar esse relato.
Os zumbis do mar, pois essa é a descrição que mais se assemelha às suas aparências, se arrastam descalços pela areia gelada, uma combinação estranha de areia branca e lenços vermelhos grená, seguem ilha a dentro, em busca de algo que ainda não dá para imaginar, talvez despojos, talvez água, talvez alimento, afinal eram esquálidos seres sombrios. Há que se esperar.
Um súbito marulhar de águas, um breve chacoalhar de folhas e surge em meio à mata uma jovem linda, esguia, pequena, de pele alva e transparente, inconcebível em uma ilha tropical, longos cabelos louros “sereais”, olhos cinzentos e brilhantes, corpo perfeito, longas mãos finas e delicadas, trajando apenas um lenço de tom vívido vermelho grená na mão esquerda. Seria um sonho? Seria uma Deusa? Ou apenas um delírio? Misteriosa aparição.
Do nada as sombrias criaturas se lançam ao chão de joelhos com os braços levantados em franca adoração, murmuram frases em uma língua que não se sabe a origem, e nem se consegue ouvir perfeitamente, a aparição de olhos cinzentos e brilhantes, apenas observa, impassível, dá um comando com a mão direita, e todos se calam e mantêm os olhos abaixados, ela faz surgir, como por encanto, quatorze tigelas de barro cozido, contendo apenas sangue em sete delas e pedras pequenas pontiagudas nas outras sete, com uma voz sibilante, baixa e rouca, ela ordena que eles aproveitem o banquete e some. Os esquálidos seres sombrios, se lançam furiosamente uns sobre os outros, rasgando a pele com as pedras e cobrindo-a com o sangue, os que ficam mais feridos pelas pedras, vão se modificando rapidamente em piratas corpulentos em trajes próprios dos mares, vigorosos e sãos, os menos afortunados, minguam e se dissolvem na areia, desaparecendo sem vestígios de suas anteriores presenças. Restaram apenas sete, homens compactos e com lenços de cor vívida vermelho grená, agora envoltas em seus pulsos esquerdos.
A nova corja engalanada, segue mata à dentro, em furiosas passadas, seus trajes agora possuem botas de couro reluzentes e suas cabeças são ornadas de longos cabelos louro acinzentados. Depois de uns quinze minutos de densa caminhada exploratória, chegam ao que parecia ser o meio da pequena ilha, onde uma clareira se mostra, avistam uma cabana de palha amarelo alaranjada, onde em sua porta reencontram a linda aparição de olhos cinzentos e brilhantes, ela se deita nua e bela no meio da clareira, com as pernas abertas e aos pares, as criaturas revigoradas por sangue e pedras, a possuem brutal e repetidamente, sem que ela mude de expressão ou emita qualquer suspiro, parecendo não sentir absolutamente nada.
Após sôfregas e voluptuosas incursões corporais, o embate insólito durou quase três horas, os piratas revigorados, retornam aos seus barcos e partem de volta ao mar, deixando para trás, uma pequena ilha de pássaros temerosos multicoloridos, uma insólita Deusa brutalmente invadida, uma clareira vazia e inúmeros mistérios. Depois desse relato, me levantei da cadeira onde estava digitando esse texto de sete parágrafos e me deparei, com um lenço de vívido tom vermelho grená, sob a almofada onde eu estava sentada...
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 27 de junho de 2015.