O Pica das Galáxias

Em um futuro distante, ou não. Enfim. Existia um sujeito, brasileiro da gema, que vivia pelas claras da vida. Cresceu, apesar da modernidade futurística, aproveitando o usufruto de terras cultivadas a partir de técnicas robóticas avançadas. Adorava comer um morango, que não era a fruta original, mas sim uma pílula que tinha esse sabor que todos afirmavam ser do verdadeiro produto. Os alimentos eram feitos e consumidos assim, sem muita mão de obra. Soltava a coisa na goela e ela escorregava fácil com a saliva. Povo se exercitava em caminhadas lunares e coisas do tipo.

As viagens espaciais eram algo corriqueiro. O malandrão brasileiro foi em uma para um planeta que haviam conhecido fazia pouco tempo, mas desejou fazer uma escala não permitida, para não ter que desembolsar muito dinheiro. Porque seja no passado ou no futuro, o dinheiro, que já havia mudado de nome e formas, mas que ainda era dinheiro, garantia a sobrevivência de poucos e escravizava um bocado, como a gente esta acostumado a ver. O sujeito tinha um nome desses bem futurísticos, a ponto de muitos sofrerem dificuldade séria em pronunciar e a entonação é que fazia a coisa ficar ainda mais indigesta.

Nosso personagem foi em sua viagem. Andou pelo planetinha remoto e achou que era algo sem graça, insosso. A nave ia partir e conseguiu fazer uma gambiarra em uma outra nave pequena, que era para uma situação de emergência. Imaginou que no espaço, se fosse para se foder, não ia ser aquela merdinha que faria a diferença. O susto do piloto, ao verificar que sua nave de emergência havia se desprendido. Comunicou a Terra e pediu providências, pela suspeita de furto. Nessas horas o nosso herói, ou vilão, estava pra lá do pra lá. E não é que o cabra tinha razão. Logo a geringonça pipocou e foi bater em um planeta sinistro, que não havia nem sequer um registro nas pesquisas terrenas. Pelo menos, não que ele soubesse.

A nave de merda, quer dizer, a pequena nave, bateu com força no solo marciano. Marciano é modo de dizer, já que não era Marte aquele lugar. Ficou com receio de abrir a escotilha e morrer. Até que percebeu que o vidro tinha estilhaçado fazia tempo e isso o fazia presumir que o clima era parecido com o de sua terra natal. Desceu e deu olhada. Umas plantas bonitas de se ver. Caminhou pouco e chegou em uma espécie de cidade. Coisa chique. De outro mundo mesmo. O engraçado é que as pessoas não se espantavam com sua presença. Além disso, todos entendiam o que os outros falavam, apesar de cada um falar uma língua diferente. Parece que o cérebro tinha uma tecla SAP natural ali e logo ia modificando o dito e fazendo ser entendido.

O terráqueo foi tratado feito um rei. Era cada banquete. E não tinha esse papo de pílula. Comia cada pedaço de carne que chega salivava e deixava cair umas gotas sobre o guardanapo. Fora outras iguarias. Era cada fruto. Tinha uns preparados que dariam inveja a um escritor que havia conseguido uma edição virtual de seu livro, contando a história de uma tal Bahia, de outros tempos, com cada quitute de regar o bofe, como exclamava o tal Jorge Amado. Imaginou que viveria ali para sempre. Na Terra era mais um, ali também. Só que ali era mais com regalias, eis a diferença que faz a diferença. Tomou umas bebidas que deixavam o camarada bem alegre e foi trocando as pernas. Mas ao contrário das bebidas que conhecia, aqui no outro dia não tinha ressaca e nem enjoo, saí tudo na primeira mijada. O mijo saía por uns dutos, reciclava e voltava fresquinho para gente beber com gosto de água e tomar banho, cozinhar a comida e coisas do tipo. A Terra ainda caminhava lento neste tipo de progresso, já que uma empreiteiras descobriram um jeito de conseguir isso de outro planeta através de licitações fraudulentas e obras superfaturadas.

Para o espanto do visitante. Nessa terra não existia dinheiro. Todo mundo era dono de tudo e usufruía do que existia, compartilhando com os outros habitantes. Só não possuíam meios de ir para outros planetas, não eram bons em fazer naves. Viviam segundo a lenda que seriam o povo novo, pois eram compostos de gente sempre vinda fora. Muitas histórias de vida, de gente que veio parar ali por uma infinidade de motivos. Mas, acreditem ou não, o nosso navegante foi o primeiro terráqueo, causando interesse entre os dali. As necessidades do corpo logo aparecem, seja onde fora. Foi quando começou o desejo do sujeito em pegar umas marcianas. Os olhos acostumaram com o novo e aprendeu a achar jeitosas umas figurinhas de lá. Partiu para suas investidas.

Frequentou um baile que movimentava o lugar. Conheceu uma que achou bem apanhada. Mas na hora do vamos ver, a criatura tinha seis peitos. Não que odiasse peitos, mas seis foi uma surpresa e tanto, o fato dela ser azul até era aceitável, mas quantidade de mamas o fez pensar que era um monte de olhos tomando conta dele na hora H. Foi atrás de um outra, e o susto foi tanto que pulou alto, caindo sobre um espécie de criado mudo ao lado da cama. Esses nomes de objetos eram resquícios do conhecimento de sua origem, já que ali nada fazia sentido. O que importa é que voltando ao susto, a mulher tinha uma vagina com dentes. Imagina. Dentes afiados. O cabra encolheu o pinto e na hora imaginou aquelas aranhas que engolem o macho da espécie. Não era afeito a ter um destino aracnídeo. Encontrou uma que não tinha cavidade, o que dificultaria por seu membro para funcionar. Encontrou uma que só tinha bunda, mas ficava no lugar da cara.

Cansado e desestimulado, imaginou que viveria com as recordações de sua terrinha. Morreria sem saber como é copular com uma alienígena. Começou a escrever, relatando suas experiências em uma espécie de diário. Olhando um dia para o céu, contemplando as dez luas que faziam a noite ser espetacular. Apareceu uma alien, daquelas sem tirar nem por, embora a intenção dele fosse por e tirar, sucessivamente. Trocaram uma ideia e os olhos percorreram o corpo esverdeado, não encontrando nada de anormal. Foram para o quarto e tiveram a relação com tudo que tinham direito. Casaram-se. Nada de muita pompa, por ali o que valia era a presença dos amigos e depois taca-lhe pau, ou seja, havia comentado para a moça sobre a tradição chamada lua de mel, que não poderia faltar em uma união que se pretendia eternizada. Já que não tinha religioso nem nada do tipo, gastou sua saliva e fez um discursinho de quase dois minutos, o que para ele foi equivalente a horas

Tudo ficou nos conformes. Seu emprego garantido, já que ali a obrigação era comunitária. Não ia faltar comida. Logo chegou um novo habitante, que era uma criança, que depois descobriram que jamais se tornaria adulto e tinha a forma de um polvo. Resolveram que teriam um filho, aquela coisa de juntar as espécies e se propagar ad eternum. Nessa que o terráqueo entrou pelo cano. Estavam na cama, prontos para o bem bom, quando a mulher disse que queria saber como é essa coisa de penetração. Por mais que o sujeito explicasse, não foi suficiente. Num passe de mágica, a alienígena transformou o corpo do marido, fazendo o pinto entrar tão fundo que virou uma vagina. E sua vagina virou uma piroca, e que piroca, para marciano algum botar defeito. O medo nos olhos do ex-navegante diante do fato consumado. Quando entrou a coisa nele, rasgou de uma forma que pensou que sairia pela sua garganta. Ficou amuado, sentindo-se estuprado. Toda noite era aquela surra de rola.

A moral da história é que o terráqueo, além de levar ferro, porque a mulher alienígena gosto do lance, começou a sentir enjoos e quando viu, estava grávido. A barriga cresceu, produzia leite em seus peitos murchos. O bebê quando nasceu, foi batizado com aqueles nomes bem de alienígenas. A mãe-pai orgulhosa e o pai-mãe, sofria com a recuperação. A criança matinha-se presa no cordão umbilical, ficando assim até os dez anos, já que essa espécie era bem dependente nos primeiros anos de vida. Contava para o menino como era a vida na terra e relembrava fatos de sua trajetória. No final das contas acabou se conformando, embora tinha suspeitas que a mulher andara usando a estrovenga em outros habitantes. Pensou que a vida é essa faca de dois gumes e que a lâmina não estava mais contigo, até desejou uma vez ter a vagina dentada. Logo a ideia louca passou e voltou a sua vida, já que adorava o filhote. Morreu com noventa anos e a mulher ainda na flor da idade, já que era de uma raça que vivia duzentos anos fácil. O que fez com que ainda em vida conhecesse um outro terráqueo. Tudo indica que era argentino e o jeito do cabra não agradou o povo. A mulher disse para deixarem com ela que logo daria conta do novato. Um dos habitantes que tinha apenas um olho enorme, observava que ela esfregava estrovenga e sentiu um calafrio que fez com que nunca mais encarasse a outra nos olhos.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 03/02/2015
Código do texto: T5123896
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