O Homem Que Perdeu o Pinto

Poderia ser mais uma daquelas histórias infantis, onde o garotinho, coitado, todo desatento, perde o pintinho de estimação. Mas não foi por aí. Um dia, dormindo, como de costume, após um daqueles porres. Acordou de manhã com uma puta vontade de mijar. Chegando no banheiro a surpresa.

— Caralhoooo!!!!! — Foi a força do hábito, pois o que menos poderia utilizar como adjetivo nesse momento de pânico, seria a palavra caralho. Desesperado, o sujeito alisava o local e não encontrava saída. Pensou que poderia, à noite, ter entrado ou engruvinhado de alguma maneira.

— Puta que pariu. Algum filho da puta fez isso comigo.

Tentamos a princípio buscar um responsável pela nossa tragédia. Se virou ao avesso e começou a olhar, para ver se não havia entrado no próprio rabo. Nem uma sobra. Pensou na possibilidade de ver um pedaço dele atolado no cu, como se fosse uma bosta presa no reto. Nada disso. Ficava cada vez mais intrigado. E aquela vontade de mijar do cacete. Cacete também não era bom usar. Sentou e mijou pelo cu, aliviando a pressão da bexiga. Alguns pedaços de merda vieram junto com o jato de mijo. Limpou a bunda com um papel higiênico. Voltou ao quarto para procurar vestígios. Nem um vestígio. Tudo na mais perfeita desordem, que era seu habitual. Tentava buscar na memória algum fato ocorrido. Tentando se recordar de algo marcante, já que aquilo era algo totalmente inusitado. Pensou em chorar e desistiu. Tomou um banho e passava a bucha naquela parte lisa e a se contorcia de nervoso. Saiu e vestiu logo uma roupa. Podia usar a cueca que espremia os bagos. Agora não tinha mais bagos.

Saiu pela rua. Parou no bar e pediu um café bem forte. Deixando as moedas em cima do balcão e se recordando do sonho que tivera de noite. Sonhou que estava com dois outros sujeitos, que pareciam ser policiais. Diziam para ele fazer algo. Ele disse que faria. Colocou um banco no quintal da casa que estavam — porque escutara um barulho estranho —, próximo ao muro da casa da vizinha e espiou por cima. De repente desce. Os outros dois caras perguntaram quem estava do outro lado. ele respondeu que era o pessoal da NSA. O que uma bosta de sonho como essa poderia significar? Começou a roer as unhas. Sentia vontade de coçar o saco, mas sabia que não tinha porra nenhuma ali embaixo. Pensou naquelas teorias freudianas de castração, lance de associar o pau com a boceta da mãe, essas coisas. Só ficava mais intrigado. Parou para tomar uma água, o sol estava forte demais. Uma mulher lambia um sorvete do outro lado da rua, como se fosse um pau. Puta que pariu, nunca mais saberia o que era aquilo. Ficou imaginando aquele bichos castrados. A pessoa diz que o bicho fica melhor quando castra, mais gordo. Não queria ser melhor e nem engordar. Lógica de mutilador, essa.

Subiu as escadarias de um prédio e logo tocou a campainha de um apartamento. Ali morava o amigo que havia estado com ele na noite passada. Mal o sujeito abriu a porta, com aquela cara de ressaca, ele meteu o pé, pegando o homem pelo colarinho e atirando contra um sofá mofado.

— Que porra é essa cara? Está ficando louco?

— Louco é o caralho. Onde está meu pau, seu filho de uma puta.

— Que lance de seu pau?

— Meu pênis.

— Não sou veado. Vai se foder, seu merda.

Recebeu dois socos, o primeiro no estômago e o outro na cara. Caindo sobre uma mesa de vidro e espatifando. Levantou cortado e pedindo clemência. Dizendo que não sabia de nada daquilo. Ficou em estado de choque quando o amigo abaixou as costas e mostrou aquela região lisa. Já tinha mijado juntos, sabia que ele tinha a ferramenta e aquilo o deixou maluco. Pensou que poderia acontecer com ele. Disse que ele deveria ter deitado com alguma vadia daquelas que a boceta parece uma planta carnívora e que devia ter engolido a piroca dele. Depois cogitou que ele mesmo bêbado poderia ter cortado fora o bilau. Mas ele sabia que não havia feito isso. E nada de cicatrizes ou coisas que indicasse um ferimento. Era estranho. Foi removido. Ou será que tinha sumido? Será que usou tão mal que foi abandonado pelo próprio caralho? Abriram uma última garrafa de whisky e começaram a entornar. Já que tinha começado com uma bebedeira, poderia terminar em outra. Ficou rindo e olhando em frente do espelho, dizendo que era quase uma xota. Mas não havia uma valeta ali. Estava lacrado. Será o pinto foi encolhendo até desaparecer? Outra hipótese. Acordaram do porre, com uma dor de cabeça daquelas e o pau continuava extinto. Quando o amigo cogitou um plano.

— E se eu comer seu cu?

— Que porra é essa de comer cu?

— Pode ser que esse pau esteja enrustido. Meto a vara no seu rabo e quem sabe faz ele espichar pra fora de novo.

— Até concordo que pode dar certo. Mas eu envio e vai ser um objeto. Não quero seu pau nojento no meu rabo. Além disso, não curto essa parada e exame de próstata só mais pra frente.

Pegaram uma escova e no banheiro, começou a enfiar o cabo, tentando ver se encontrava algo. Sangrou um pouco e sentiu dor. O amigo disse que era pouco, precisava de algo mais agressivo. Arrumaram o cabo de um rodo e começaram a operação expele pênis. Estava já com o cu fodido e sangrando. Nada de o pau sair. Desistiu e sentou de lado, pois estava fodido. O amigo ainda disse que seu pau era mais limpo que aquele cabo de rodo. Mas não deu bola. Saiu pela rua, fazendo o caminho de volta para sua casa. no caminho encontrou uma mulher louca que havia saído com ele, a levou para casa e lá conversaram. Expôs sua situação. A mulher pegou uma grana e comprou bebidas, estava afim de encher a cara. Propôs usar um vibrador e ele disse já ter tentando uma técnica parecida. A mulher de fogo até quis uma foda, mas o coitado nem conseguiu se excitar. Pelo menos, nada que indicasse, já que o resultado de antes era uma ereção. Sem a rola, como saber disso? Dizem que lubrificação. Mas molhado era só o cu, e por conta de ter sido arrombado. A senhorita foi embora e o sujeito caiu em depressão.

Começou a pensar que aquilo poderia ter sido algum castigo de um desses deuses que as pessoas acreditam. Mas ele não acreditava. Será que não acreditando inibe o castigo? Cogitou o suicídio. Mas queria antes saber o que aconteceu, pare depois tomar uma medida mais drástica. O pior é que nada lhe dava nem sequer um indício. Começou a vasculhar internet, livros, parou de beber por algum tempo para se concentrar em suas pesquisas. Procurou especialista. O máximo que conseguiu foi uma exposição pública. Todos queriam ver o homem que perde o pinto. Crianças apontavam e era hostilizado pela rua. Tentou procurar algum caso semelhante e nada obteve. Pegou uma caneta e fez um desenho de um pau, igual que a molecada desenha em cadeira de escola. Mas não era a mesma coisa. Falaram em fazer um implante. Foi patrocinado por um programa desses que ajudam os outros para se autopromoverem. A cirurgia foi um sucesso. Os médicos descobriram que estava tudo em ordem, só faltando mesmo aquele adereço externo. Utilizaram uma prótese e deram um jeito na situação.

Tudo corria bem e já aproveitava a vida. Vez o outra ainda aguentava alguma zoeira, mas nada que tirasse sua alegria. Voltou a sair. Trabalhar, bem, continuava fazendo pouco isso. Outra bebedeira e desmaiou feio, chegou a bater a cabeça no vaso sanitário. Acordou com aquela dor de cabeça mortal e quando foi mijar, já que estava com a bexiga estourando, viu que algo estava muito errado. A surpresa foi de lascara. O seu caralho, não se sabe o quanto a prótese influenciou nisso, estava tão grande que parecia a tromba de um elefante. Ele coçava o próprio cu com aquele troço. Teve que enrolar e carregar nos braços como se fosse um filho. Provavelmente, o pênis antigo tinha se unido a prótese e sofreram uma espécie de mutação. O fato, é que agora usava o pinto até para pegar a cerveja na geladeira. O amigo achava nojento mas ao mesmo tempo dizia ser prático. Dessa vez resolveu esperar e não se alarmar, para ver o bicho que ia dar.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 05/01/2014
Código do texto: T4637821
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