Ajuda de Bar
O peso da idade em suas costas. Ron só sabia que nada sabia. A idade já impregnada em suas entranhas, refletindo-se por todo o seu corpo. Seria inevitável negar. Era casado e tinha um filho, mas foi uma jovem de pele macia e perfume doce que lhe despertou novamente o que não sentia há muito: o desejo carnal. Era um exemplo de pai e marido, entretanto não via mais a esposa como aquela garota que encontrou no show de rock alguns anos atrás e que o filho dificilmente seguiria seus passos. Querendo sentir-se vivo novamente, decidiu, numa noite difícil e turbulenta, ir curtir um pouco de música boa no bar mais imundo da cidade. Ao longe avistou a garota de cabelo em chamas no canto do bar, em calça colada e blusa detonada. Por algum motivo ela chamou sua atenção, porém no momento em que seus olhos encontraram o dela uma coisa estranha aconteceu. Ele sentiu os olhos dela sugar-lhe a alma e afogou-se no azul profundo. Sentou-se, tonto. Sentiu um toque quente e suave com um leve aperto no ombro e a voz mais linda que já havia escutado.
- Está bem?
Sabia que era ela. Repôs a postura, virou-se para olhá-la e falou:
- Sim.
Parecia que um roteiro havia sido escrito para esses dois. Conversaram a noite inteira sobre assuntos que os completavam.
- Que indelicadeza a minha! Estamos aqui a horas e nem me apresentei formalmente...
- Nem precisa - interpôs ela - Nada de nomes. Eles são difíceis de esquecer.
- Pensei que falaria que são difíceis de lembrar.
- Não para este cérebro aqui. Posso ver que você é casado e está desanimado. É a rotina. Mas seu filho precisa de você e eu não destruo lares.
- Espera aí, minha vida anda nos outdoors?! Já me conhece e por isso dispensa nomes?
- Nunca te vi e muito menos te conheço. Mas sei da tua vida e de qualquer outra que no momento certo encontrar os meus olhos. E você precisa de algo para animá-lo novamente. Já encontrou o que queria, agora vamos sair daqui.
Não relutou. Ela estava certa e isso o deixou estupefato. Ele podia confiar e iria com ela para onde ele o levasse.
- Preciso que feche os olhos agora e ponha em mente seu maior desejo.
Ele obedeceu. Quando abriu os olhos, estava em um quarto vermelho e branco, com uma fragrância doce solta pelo ar. A cama era macia. A garota do cabelo de fogo apareceu no quarto, de lingerie preta.
- Sinta esse cheiro. Ele será o de sua mulher. Faça amor comigo, e será com ela o mesmo prazer e ardor que sentir.
Então, ele a obedeceu.
Ela era uma máquina planejada: seu cheiro, seu corpo, seu cabelo, seu gosto. Tudo parecia feito para o sexo.
Ela parecia tão frágil, que resolveu começar devagar. Acariciou-lhe o rosto e depositou beijos ao longo do pescoço até os seios. Demorou-se ali, passando depois para as costas, dando-lhe mais beijos e fazendo uma leve massagem. Desabotoou o sutiã e ficou a massagear aqueles seios enquanto beijava as costas. Desceu a mão pela virilha e após perceber todo o prazer que a garota sentia, pode então ser mais agressivo. Jogou-lhe na cama, puxou-lhe os cabelos e passou pela porta que o levaria a um mundo melhor. Distante, entre os gemidos, conseguia escutar "Light My Fire".
"Ela pensou em tudo que gosto. Até nos Doors!"
Eles ficaram lá até ele cansar, pois ela parecia incansável, insaciável.
- Durma, querido.
Ao acordar, estava em casa, mas não sabia como havia chegado lá. Sua mulher estava aninhada em seus braços, nua e com um cheiro doce. Ele mexeu-se e ela acordou.
- O que foi, querido?
- Que horas cheguei?
- Você saiu e não demorou muito a chegar. E quando chegou só pensava em uma coisa e dizia que me ama muito.
- E eu te amo!
Teria sido só um sonho? O cheiro da garota dos cabelos de fogo estava impregnado na pele de sua mulher, mas ele tinha certeza que ela era real.
"Ela apareceu para me ajudar e não para enlouquecer-me".
Virou-se para a mulher e disse:
- Você é a pessoa mais linda que conheço.
E a beijou, com a mente em outro lugar.