Despedidas

Noite de encontros inesperados. Pelas ruas, a agitação do público diante de um espetáculo musical. A atração, exaltada pelos expectadores, tocava canções fortes, com fortes rifes de guitarra. O vocal gutural, dava um tom ainda mais devastador ao show. Aglomerando-se junto ao palco, uma massa vestida de trajes negros, com suas cabeças balançando e cabelos esvoaçantes. Dois amigos se reencontram, um se despedindo, de viagem já marcada, com passagem comprada apenas de ida. Conversam sobre eventos que freqüentaram juntos, risadas a respeito de episódios vivenciados, promessas de um reencontro futuro.

Saindo das proximidades do palco, sentaram-se em uma mesa, onde outros se encontravam. Relembraram as reuniões para execuções de empolgantes jogos. Abandonaram a mesa e foram ao bar. No caminho, o amigo comentava ao que iria partir, do seu interesse pela irmã de outro conhecido deles, pedindo conselhos e desejando opinião sobre suas reais possibilidades. Decidiram ir até a casa desse mesmo conhecido comentado. A música, cada vez mais distante, e o fluxo de trajes negros ficando reduzindo, até as pessoas pelas ruas eram raramente encontradas, como se tivesse escolhido um trajeto mais deserto.

Chegando a casa do amigo, se depararam, além dele, com um quarto, que fazia tempo não se encontrarem também. Sentaram-se. foram distribuídos copos com cerveja, um brinde e mais considerações acerca da partida do outro. Nesse instante se aproxima a irmã do anfitrião, coberta com um fino vestido branco, o tecido com o vento colocava ao corpo, revelando suas curvas, fazendo marcar a calcinha, que demonstrava ser de um tamanho pequeno, e da cor do restante do traje. Na parte superior do vestido, seios redondos e firmes, com os mamilos marcando o tecido, insinuantes e pequenos. A boca rosada, os cabelos castanhos claros lisos que iam até a cintura. Cumprimentou os amigos, indo se entreter com o filho.

Na roda de amigos, foi possível perceber pelo que partia, o olhar do outro pela moça de vestido branco. Não conteve o próprio olhar, quando a mulher abaixara para brincar com o filho, fazendo com que a calcinha marcasse ainda mais, e o decote quase revelasse os atrevidos seios que insistiam em se manterem eretos. Um som o fez desviar a atenção. Ao aproximar-se de uma parte afastada da área em que confraternizavam, se deparou com uma jaula, dentro um enorme tigre de listras amarelas e brancas, que rugia ferozmente, indo de encontro a grade, parecendo que a qualquer momento se desvencilharia do cárcere. Parabenizou o amigo pelo magnífico animal, voltando a mesa, enquanto entre sorrisos, comentavam acerca do afastamento de todos, das lembranças que haviam ficado como prova do vivenciado.

Em seguida, a mãe do anfitrião se aproxima. A face bem envelhecida, os cabelos grisalhos, dentes amarelos, um cigarro sempre presente em seus lábios. Lembrança que fazia parte do imaginário de todos, desde a infância. Os traços eram os mesmos da filha, só que as rugas davam um ar mais cansado. Sempre sorridente, enchia os copos, também bebericava e soltava alegres risadas, se retirando em seguida. Por um momento passara na cabeça de um dos convidados, sobre as formas daquela mulher de idade avançada, se teria sido tão jeitosa quanto à filha. Os seios volumosos, as ancas mais ressaltadas, talvez fosse bem mais sedutora, quando jovem. O rapaz pensou, que com aquele estado de bebida, sentiria prazer em aconchegar nos braços aquela senhora. Pensando a respeito de como seria sentir aqueles seios já flácidos, bem como suas expressões de desejo ao ser penetrada, com a vontade que lhe fazia estremecer na cadeira.

Voltaram a lamentar a partida do amigo. Alguns pensavam a respeito do quão falso era aquela confraternização, já que nem se falavam direito há tempos. Um deles se sentiu feliz, pela aproximação com a irmã do outro. O que estava se despedindo, aproveitava o momento com a mente longe, entregue ao desconhecido que logo iria vislumbrar, imaginando que provavelmente aquele seria o último encontro deles, nem mais se falariam para o resto da vida. Fazendo com que sorvesse a cerveja do corpo cheio, em uma só tragada e propusesse um brinde, que todos atenderam de imediato. Enquanto a jovem, sorria ao ver o filho dando pulinhos de alegria com os gestos que fazia, a mãe prestava atenção na TV com uma programação que a entediava, ao mesmo tempo servindo de distração ao dar suas profundas baforadas, e o tigre que voltava a rugir ferozmente nos fundos da residência.