" A GAIOLA"
Em uma abafada tarde de domingo pai e filha dedicam-se à inglória tarefa de promover a arrumação do antigo sótão da mítica residência dos Castro.
Uma profusão de caixas empilhadas, jornais e revistas arquivados a esmo, cestos abarrotados com roupas em franco desuso denunciam a reinante atmosfera de desolação e desmazelo dos primitivos ocupantes daquela casa, que à época da construção fora considerada como a mais bela da pequena cidade.
Julia, apreensiva anda de um lugar para outro e na tentativa de tornar o ambiente um pouco mais saudável, abre com visível dificuldade a única janela disponível... De repente, vislumbra uma gaiola...
Triste, interpela, Alfredo deu pai:
_ Ah, pai... Tanto tempo se passou, e certamente na casa de aves nossa ficha de clientes deve estar há muito no arquivo morto... O Verdinho morreu há tantos anos...
Julia passa então a observar atentamente a antiga gaiola, seus poleiros, comedouros, as grades carcomidas pela ferrugem... Fixando melhor seu olhar, vê surpresa o periquito australiano que fagueiro desfila sua plumagem verde pela gaiolinha...
A jovem passa então a empreender um esforço hercúleo com vistas a abrir a porta da gaiola ,emperrada que estava pela cruel e devastadora ação do tempo.
Decorridas algumas tentativas, Julia colhe então êxito em sua ação. Verdinho, assustado voa pelo sótão, e feliz encontra a janela aberta, rumando então liberto para as veredas do Céu...