A SAGA DE BENEDITO BEN JACOB DA SILVA

CAPITULO I

A PERNA DO PASTOR E AS DONZELAS DA PRAIA DO MEARIM

sspovoa

A história que se contará, além de singular,é estranhamento curiosa pelo seu cunho religioso, conseqüentemente coisa do sem nome, sem nenhuma dúvida , visto quer, para que tal se desse, o sem nome manifestou-se com grande poder no cidadão pastor e sionistas Benedito Ben Jacob da silva. Conheci o cidadão, completamente louco; barba negra e hirsuta,olhos esbugalhados e nas mãos uma bíblia em hebraico, grossa e ensebada.

Faltava-lhe a perna direita.Era mancueba decepada acima do joelho e, o toco, a feia cicatriz mostrava que o membro fora retirado do seu lugar sem nenhuma técnica cirúrgica, mas com grande traumatismo.

O sem nome exercera grande poder sobre o pastor Benedito Bem Jacob, conforme se verá doravante.

No ano de 1983, o pastor trabalhava em missão no Rio Mearim desde as suas nascentes, na região de Barra do Corda, até a Baia de São Marcos em São Luiz, no Estado do Maranhão.

Homem puro e certamente mais crente ainda, praticava não só o celibato como a mais pura e verdadeira castidade, levando a risca os ensinamentos que a sua grossa e anosa bíblia lhe ensinava acerca dos pecados do mundo.

E foi por causa de um desses ensinamentos que o sem nome manifestou- se com grande poder e arte.

Contou mais tarde pára as autoridades o contramestre do barco missionário,que, certo dia,em bela praia do Mearim,perto do povoado de Sapucaia,onde o povo da cidade fazia as suas folganças, o pastor Benedito Bem Jacob da Silva desde longe avistou um bando de moças donzelas em sumarias calcinhas e as necessárias combinações de pano morim alvejado, fazendo brincadeiras na água.

Vendo ali o pecado que perde o mundo, determinou que o barco atracasse para que ele levasse a palavra para aquelas perdidas. Dito e feito, quando descia do barco, sem querer tropeçou e uma das suas alpercatas caiu-se lhe dos pés e, por infelicidade sua, o dito pé sem sandália foi bater exatamente em cima dos guardados de uma bela donzela do Mearim.

A moça, ao que se conta,não se importou e o pastor teria gostado da coisa e permanecia naquela posição mais tempo do que o necessário e previstos nestes casos.

“ Foi então que se lembrou de abrir a vetusta biblia e leu em voz alta aquele capítulo das iniqüidades e outros mais, especialmente aquele que fala

“Se um dos teus membros te escandalizar, arranca-o para fora de ti, pois é melhor para ti que se perca um só dos teus membros do que todo o seu corpo seja lançado ao inferno”.

O Pastor Benedito Bem Jacob da Silva retornou ao barco com muita pressa.Pouco depois todos ouviram,apavorados, um berro imenso e, logo em seguida,viram uma perna ser lançada fora do barco,caindo na areia,perto da dita donzela que teve os seus guardados pisados.

Passada a correria de praxe, o barco levantou ferros e seguiu viagem, enquanto a perna era levada por dois rapazes e devidamente enterrada numa moita próxima, até que a policia chegasse.Passado o acontecido,ninguém foi mais fazer folganças naquela praia do Mearim que passou a ser chamada de “praia perna de pastor” e outras coisas a mais.

ficou-se sabendo, mais tarde, que alguns casais e mesmo algum pescador que se arriscava a passar naquele lugar, de dia ou de noite, viam uma perna sangrenta pulando e correndo na areia até a fímbria da água, num vai e vem incessante,para desaparecer logo depois.

Outros comentavam que,à aproximação de qualquer embarcação, a perna aparecia e ficava pulando como se tentasse entrar no barco.

Passados alguns meses, de volta ao Mearim,o navio missionário passou pela praia e o contramestre jura ter visto a perna pulando pela escotilha inferior da proa de estibordo e que ela nunca mais foi vista naquelas bandas.

Entrementes, Benedito Bem Jacob da Silva, após receber alta do hospital,foi internado num asilo, também chamado manicômio, de onde fugiu.

Lá, empregados e internos contavam que dia e noite,sempre agarrado na bíblia imensa, o pastor vivia escondido pelos cantos,gritando que a sua perna o perseguia e queria voltar para o lugar dela, coisa que não aceitava de forma nenhuma.

Com boa saúde física, Benedito Bem Jacob da Silva voltou para a sua região do Mearim e vivia perambulando pelos matos e cerrados, algumas vezes pelas cidades, sempre escondendo alguma coisa, que afirmava ser a sua perna.

Espíritas e outros videntes afirmavam terem visto, mais de uma vez, uma perna sangrenta correndo atrás do pastor que, segundo se tem notícias, até hoje vive naquelas bandas.

Indiscutivelmente trata-se de coisa do sem nome,. exatamente porque uma perna sem sem cabeça e sem corpo não pode ser transformada em fantasma de defunto.

Acontece, segundo os que entendem da matéria, que o sem nome configura-se na perna do pastor e vive a persegui-lo, para resgatar o resto do seu corpo, o que acontecerá necessariamente quando ele morrer através de suicídio, completando, assi8m, a obra iniciada.;

Caso venha a morrer de morte natural ou acidente, é certo que a sua perna continuará a sua procura até o fim dos tempos.

(continua com o cap.II)

SSPóvoa
Enviado por SSPóvoa em 05/09/2009
Reeditado em 01/12/2012
Código do texto: T1794516
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.