Metamorfose - Do Crime ao Heroísmo - Capitulo VIII

8 O Primeiro trimestre no presídio

A manhã do dia de apresentação no presídio estava tranqüila. Tudo ocorria normal e rotineiramente bem. Banho, café da manhã e uma novidade, acompanhar as notícias pelo jornal online. Uma novidade que se não fosse a prisão, ficaria de vez na vida de Maicom.

O telefone tocou, era o advogado José.

– Pronto para se apresentar no presídio? - O advogado esperou a resposta

– Sim pode vim. - Maicom não esboçava sorriso nem boca serrada, estava passivo

– Eu já estou no portão de sua casa.

– Então eu já vou.

Maicom deixou o que fazia, se despediu da esposa e do filho, pedindo para eles não o acompanhar, em seguida foi ao encontro do advogado. Quando o viu fez um gesto de positivo, andou mais um pouco e entrou no carro.

– Está com todos seus documentos? RG, CPF, Título de Eleitor - a pergunta do advogado era direta

– Sim estou.

– Certo, vamos.

O advogado José ligou o carro partindo para onde Maicom ficaria preso. Ele e Maicom encontravam-se sérios. Se olharam mantendo o silêncio, voltando para cara de seriedade.

Vendo um supermercado no caminho, o advogado parou, pediu para que Maicom ficasse esperando, saiu do carro entrando no estabelecimento.

Voltou minutos depois com creme dental, shampoo, sabonete e uma toalha de banho. Entregou a Maicom para continuarem a viagem. Não era seu primeiro cliente, por isso já antecipou o primeiro pedido, aquele que faria quando ligasse.

Maicom pegou agradecendo. Parece que de momento era isso mesmo que ele queria. Mas em seu pensamento faltou algo para beliscar, uma bolacha, uns biscoitos. Não pediu, mas pediria num futuro próximo.

No portão do presídio, os dois desceram do carro e ficaram em pé.

– Sou o advogado José, vim apresentar um cliente. – Falava na portaria, o advogado

– Tudo bem. - Disse o responsável que usava um uniforme diferente dos dos agentes

Terminada a apresentação, o responsável pela portaria abriu o portão. Maicom e o advogado entraram. Seguiram até um local onde Maicom deixou documentos, relógio e celular. Assim que acabou, recebeu um uniforme de presidiário.

– Vá até aquela porta e se vista. - O responsável falava com firmeza, para ele todos que ali entravam merecia tratamento para criminoso

Andando até a porta, Maicom pensava na sua família, na mãe. Sentiria muita saudade do tempo que passava com eles. Mas tinha que ficar conformado, o flagrante fazia com que cumprisse pena, era indiscutível.

Após vestido, Maicom foi acompanhado por um agente penitenciário até a cela. Nesta teve uma surpresa. Gato e Galego se encontravam nela. Ele sorriu. Ficou feliz em vê-los. Por coincidência todos pegaram seis anos de prisão, assim sairiam quase que juntos.

– Que alegria em vê-los. – Depois do agente abri a cela Maicom segurou-a por um instante

– Nós também estamos feliz em vê-lo mano. - Gato batia no ombro de Maicom

– Quando chegaram?

– Chegamos ontem, por isso a surpresa também é nossa. - Gato fazia uma cara de surpreso

O agente foi embora e os três sentaram cada um em sua cama. Maicom olhava para os dois. Queria por todo o papo em dia, no entanto algo o fazia recuar, será que eles aceitariam trabalhar como detetives particulares? Era um questionamento que ficava em seus pensamentos.

– Eu virei detetive particular, o que acham? - A declaração de Maicom tinha uma direção, a mente dos dois colegas de cela

– Acho ótimo! – Coçando o nariz Gato apoiava

– Beleza! – Galego olhava para Gato

– Será que vocês trabalhariam comigo, em uma sociedade? - Maicom perguntou e em seu interior tinha certeza que Gato e Galego aceitariam

– O que precisamos fazer? – As expressões faciais de Galego era de pouco entendimento

– Só fazer um curso profissionalizante e pronto, depois vocês viram sócios no escritório.

Galego olhou para Gato.

– Não queríamos que nossa família ficasse sabendo, queríamos fazer uma surpresa. - Galego ajeitava o uniforme de presidiário

– Tudo bem. - Maicom abria a mão para que eles pudessem apertar

O primeiro a apertar a mão de Maicom foi Gato, em seguida Galego. Estava começando ali talvez a carreira dos três melhores detetives da cidade. Dedicação nos casos, pelas expressões nos rostos deles, não faltaria.

– Vocês precisam falar com o diretor para ele liberar fazerem o curso. – Batendo palmas Maicom indicava para os colegas

– Vamos falar com ele, não vamos mano Galego? - Perguntou Gato

– Sim vamos, brother Gato.

Passaram-se algumas horas e os três foram tomar banho para o almoço. Maicom deu um pouco do shampoo para os dois colegas de cela, os quais agradeceram e colocaram em um copo descartável que adotaram para beber água.

Depois do banho, os colegas de cela e Maicom foram para o refeitório do presídio, onde procuraram uma mesa e se sentaram. Era um presídio para uns oitenta detentos, não era muito grande, mas ajudava a acabar com a lotação nas delegacias e nas casas de custódias da região, de onde vinham os três: Maicom, Gato e Galego.

Cinco ou seis minutos depois, os copeiros começaram a servir o almoço. Com todos os pratos dos oitenta colocados, um agente penitenciário ordenou que comessem. Em sincronia todos colocavam a colher no prato e na boca. Um verdadeiro balé, pena que sem público. Mas todos os detentos pareciam respeitar as normas. E isso era bom para todos.

Vendo que os três haviam terminado, o agente responsável para que os presidiários não ficassem em domínio de nada cortante, pediu que entregassem os pratos e os talheres de plástico aos copeiros. Os três obedeceram entregando como pedido pelo agente.

Com tudo certo, foram para a academia, iam malhar um pouco, questão de uma hora. Era a média por preso, mesmo que nem cinquenta por cento gostassem de malhar.

No fim da malhação, Gato e Galego se dirigiram ao agente do setor, pediram para falar com o diretor, sobre fazer o curso de detetive. O agente agendou para a mesma tarde a conversa.

José Nilton R da S Palma
Enviado por José Nilton R da S Palma em 06/12/2021
Código do texto: T7400970
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