Astrogildo Rubenstar - A Hora Final
A detetive Standard chegou ao escritório antes de todos, instalou as escutas e algumas camêras pela sala, o encontro com o Senador Karuã estava marcado para as 16 horas e ele não costumava se atrasar.
A campainha tocou e Eva foi atender a porta, era Marlon Ferreo com seus seguranças e qual não foi a felicidade da detetive quando o viu.
- Como prometido, aqui estou querida Eva.
- E eu nunca duvidei disso - Disse Eva para Marlon.
O detetive Astrogildo estava sentado em sua poltrona e Eva o viu assim que entrou no escritório e o cumprimentou, quando Marlon chegou, ele sentiu-se mais aliviado por saber que a detetive estava protegida, Marlon não podia vê-lo.
As 16 horas em ponto, a campainha da sala tocou e Eva estava um pouco apreensiva e abriu a porta, era o Senador Karuã e ao seu lado estava ninguém menos que Carlos Murici, quando Eva o viu, foi tomada por um grande ódio, mas conteve-se.
- Achei que viria sozinho, Senador, nosso assunto é particular.
- Murici sempre me acompanha quando tenho algum compromisso.
- Será que ele se importaria de esperar lá embaixo para podermos conversar a sós?
- De maneira alguma.
Carlos Murici era um homem de grande estilo, moreno dos olhos verdes, cabelos grisalhos, 1.85 de altura, usava óculos com uma armação italiana, assim como o seu terno e sapato, era um homem de semblante fechado, usava uma barba muito bem feita.
- Murici, faça a gentileza de me aguardar lá embaixo no carro para que eu possa conversar a sós com a Detetive Standard.
- O senhor tem certeza, Senador?
O Senador apenas olhou para ele e Murici retirou-se da sala. Porém, entrou no escritório ao lado que já tinha alguns aparelhos instalados, eram algumas escutas que ele havia plantado dentro do escritório de Astrogildo, entrou, trancou a porta, sentou-se de frente para os equipamentos e começou a ouvir a conversa da Detetive com o Senador.
- Senador, sei que o senhor é um homem de muitos compromissos e agradeço por ter aceitado meu convite para conversarmos.
- Bem, Detetive, vou lhe dizer tudo o que eu sei, acho que com isso, algumas mortes poderão ser evitadas.
Marlon, juntamente com seus dois seguranças, estavam dentro do armário e de lá podiam ouvir tudo. Astrogildo estava ao lado de Eva, observando e ouvindo tudo.
- Fico muito feliz que o Senhor queira colaborar Conosco.
- Bem, Detetive, quando assumi o mandato de Senador, fui apresentado a um grupo de pessoas muito influentes e poderosas que mandam no cenário político de Brasília, me senti honrado em fazer parte disso tudo, porém mais tarde, pude observar que tudo gira ao redor desse grupo, decisões políticas, distribuição de verbas, aprovação de Leis e Projetos e tantas outras coisas. A senhora já pode perceber o tipo de gente que compõem esse seleto grupo. Eu não sei, não faço a miníma ideia de quem possa estar tramando e assassinando esses políticos, mas uma coisa eu garanto para a Senhora, a ordem parte diretamente do Chefe desse grupo que eu também não conheço, só sei o seu primeiro nome que é como todos o chamam.
- E como seria esse nome, Senador?
- Senhor Sarkis.
- Interessante toda essa estória que o senhor esta me contando.
De dentro do outro escritório, Murici ouvia tudo, seu celular tocou, e do outro lado da linha, uma voz feminina disse:
- Mate todos - exclamou a voz do outro lado.
Astrogildo presentiu o perigo, advertiu Eva para ficar esperta e ela pediu licença ao Senador e foi a uma pequena saleta, no fundo do escritório, vestiu seu colete a prova de balas, carregou sua arma de uso particular, colocou na cintura e voltou para sala.
A campainha tocou, Eva olhou pelo olho mágico e era Murici. Ela disse para o Senador que seu Assessor estava na porta.
- Não o deixe entrar, Detetive - Disse o Senador sussurando.
- Porque não, Senador?
- Tenho suspeitas de que o assassino possa ser Murici, algum tempo atrás, eu recebi um dinheiro para repassar para o Estado e tinha que pagar 10% desse dinheiro para o tal grupo, porém me recusei a fazer isso e Murici me disse para ter cuidado, pois eu não sabia com quem estava lhe dando e que minha vida correria riscos se eu não fizesse o depósito da quantia que foi pedida, depois disso, o Deputado Federal João Maria foi encontrado morto em seu apartamento, fiquei com medo e assustado.
Eva saiu de frente da porta e nesse exato momento, Murici do outro lado, sacou sua pistola e metralhou a porta, Eva sacou sua arma, disse para o Senador se abaixar, Marlon e seus seguranças sairam de dentro do armário e correram , cada um para um canto da sala e esperaram Murici entrar.
Murici entrou atirando para todos os lados, estava revestido com um colete a prova de balas, um dos seguranças de Marlon levou um tiro e caiu morto ao chão, do outro lado, Marlon descarregou sua arma para o lado de Murici que foi ferido no braço e na perna, caiu ao chão, recarregou a arma e atirou para o lado de Eva, que se jogou no chão, mas não foi atingida.
O Senador Karuã que estava escondido atrás do sofá, tirou uma arma do bolso do seu blazer, mirou em Murici e atirou, Murici foi atingido e deixou sua arma cair, aproveitando o ensejo, Eva correu para cima de Murici, pegou sua arma de choque e disparou contra ele que desmaiou.
Astrogildo, desesperado por não poder fazer nada, assistia a tudo aquilo como se fosse um filme de ação no cinema. Depois que a situação de perigo passou, Eva chamou a polícia e os paramédicos que não demoraram para chegar.
O Senador Karuã, Marlon, um dos seus seguranças, a Detetive Eva, reuniram-se no saguão do prédio, enquanto a policia retirava o corpo do outro segurança e levava sob custódia Carlos Murici.
No hospital, Eva foi interrogar Murici que não teve dúvidas e abriu o jogo.
- Detetive Standard é o seguinte, eu abro o bico, mas em troca quero uma proteção.
- Fale Murici que na sua situação você não pode exigir nada, mas vou ver o que posso fazer com relação a isso.
- A líder desse grupo é a Senadora Maria dos Remédios do Partido Juntos Somos Mais, a anos eu trabalho para ela, a ordem de executar os políticos que não queriam fazer parte dos esquemas de corrupção, partia diretamente do QG onde o grupo tinha um grande esquema para controlar tudo, a Senadora, as vezes ia lá, mas no geral, usava um telefone celular, trocando de número sempre, para dar as ordens. Eu tenho como provar tudo o que estou falando, tenho documentos em meu apartamento.
- Muito bem, vou pedir um mandato de busca e apreensão em seu apartamento.
Eva saiu do quarto onde Murici estava internado e foi para o escritório de Astrogildo que ficou muito feliz em vê-la.
- Eva que felicidade em vê-la.
- Eu tambem fico feliz em vê-lo e agora que já resolvemos esse caso, como fica sua situação?
- Bem, eu ainda não sei, vou esperar para ver o que vai acontecer.
Eva deixou a polícia e foi trabalhar por conta própria, Astrogildo a auxiliava no que podia, Marlon Ferreo continuou com sua vida de Diplomata, o Senador Karuã teve seu mandato cassado por ter sido comprovado a sua participação em esquemas ilicítos, Carlos Murici, na mesma noite em que abriu o bico para a Detetive, foi assassinado, a Senadora Maria dos Remédios teve o seu mandato cassado e com isso ela perdeu a imunidade parlamentar e foi acusada em todos os assassinatos, encontra-se presa.
Mesmo perdendo sua vida e não conseguindo provar que quem o assassinou foi Carlos Murici, Astrogildo Rubenstar estava feliz, pois estava trabalhando ao lado de Eva e agora ele curtia a eternidade fazendo o que gostava.