ROSAS AZUIS EM ÊXTASE NO DESERTO
Do solo arenoso brotou um botão de rosa azul, sem tronco ou caule, nem mesmo as suas raízes apareciam sobre a terra seca, era apenas um botão de rosa azul naquela imensidão de areia, bem no meio do deserto do Saara. Há de convir que a cena era no mínimo insólita.
Alguns beduínos que por ali passavam, apearam de seus camelos e foram observar a inusitada flor, um deles cheirou e apalpou, era uma rosa azul, fresca e viçosa, como a curiosidade matou o gato, como diz um ditado popular, não satisfeito, escavou no entorno da rosa e não havia mesmo nenhuma raiz, era só um botão de rosa azul, que parecia ter sido colocada ali por alguém, rosas azuis não são fruto da natureza, estamos falando dos dias de hoje e eles eram beduínos do século XXI, bem informados, só habitantes do seu infinito deserto.
O escavador moreno azeitonado de olhos verdes vibrantes, resolveu levar a rosa azul consigo, iria ofertá-la à uma de suas esposas, seria um presente especial e o oásis em que estavam acampados, era bem próximo dali. A rosa com certeza, sobreviveria até lá.
Ao tirar a flor do solo arenoso sem nenhum esforço, quase caiu para trás, outra rosa também azul e fresca surgiu, no lugar daquela que havia tirado do solo. Ele e seus companheiros de viagem, se afastaram, largaram a rosa solta na areia e começaram a achar que aquilo era magia ruim e seria melhor deixar a rosa para lá, poderia ser amaldiçoada. O beduíno moreno azeitonado de olhos verdes vibrantes, era um pouco mais corajoso que os demais, então, foi tirando do solo cada rosa que aparecia, até formar um ramo bem cheio, amarrou com um pedaço de couro, montou no camelo e seguiu viagem, seus companheiros mantiveram uma certa distância dele, só por precaução, aquela história estava bem estranha.
Ao chegar ao oásis, a história se espalhou rapidamente, e todas as mulheres queriam apreciar de perto as tais rosas azuis do deserto. Os homens mais precavidos, não quiseram se aproximar, o beduíno moreno azeitonado de olhos verdes vibrantes, dividiu as rosas por suas três jovens esposas, rapidamente elas foram procurar ânforas para colocá-las em água e decorar suas tendas.
Nada de anormal aconteceu naquela noite no acampamento, já pela manhã, ao sair de sua tenda, o beduíno moreno de olhos vibrantes, foi até o poço, bebeu água e foi até a tenda de sua primeira esposa, e quase morreu de susto, ela estava se esfregando na cama enlouquecida, como estivesse fazendo amor com alguém, de pernas bem abertas, suando e com a pele morena clara avermelhada de rubor, gemendo como êxtase, ele se acalmando do susto, a sacudiu e sacudiu, ela parecia possuída, começou a gritar por ajuda e mulheres de tendas foram acudir e também, se espantaram com a cena que presenciavam, dentre as mulheres que chegaram não estavam as duas outras esposas do beduíno moreno azeitonado de olhos vibrantes, ele então, lembrou do episódio da rosa azul fresca do deserto, e correu para suas tendas e a cena era a mesma, chamou o homem sábio de sua tribo e pediu que ele recolhesse todas as rosas azuis e as queimasse, talvez assim o encanto sexual se quebrasse, o velho beduíno, correu para concretizar o pedido, colocou mais lenha na fogueira e jogou todas as rosas dentro, e nada acontecia, as flores não queimavam, permaneciam azuis e frescas em meio as chamas.
Nas tendas das três esposas, o caso ficava ainda mais grave, as jovens estavam mais insanas, em verdadeiros estertores de prazer, cada vez mais rubras e suadas, praticamente a onda de delírio sexual estava consumido suas vidas, o que acabou mesmo acontecendo, ao se completar mais ou menos, duas horas daquele surto febril, as três estavam mortas, com indeléveis sorrisos nos lábios frios e pálidos. O beduíno moreno azeitonado de olhos verdes agora aterrorizado, só gritava ensandecido, pois era sua culpa, somente sua, a desgraça que se sucedeu, não havia consolo para sua alma naquele momento.
Do lado de fora as mulheres confabulavam, já fazendo os preparativos para a cerimônia para despachar os corpos das três jovens esposas do beduíno. Os homens tentavam em vão, cortar as malditas rosas azuis com suas espadas e nada acontecia, elas não se partiam, não queimavam, e nenhum deles queria tocar nelas, ninguém sabia o que fazer, depois de muita discussão, resolveram, desmontar acampamento depois da cerimônia das jovens, e partir em viagem, para outro oásis, que as rosas ficassem onde estavam, nunca mais queriam pisar naquele lugar funesto outra vez.
O velho sábio da tribo, depois de consultar suas raízes e guias, disse solenemente, que as rosas azuis deveriam voltar para o lugar onde haviam sido encontradas, e sua palavra era lei naquela tribo. Não seria preciso desmontar acampamento e mudar todo um povo, por causa daquele episódio macabro. Ficou decidido que com o camelo abastecido de água de sobra para ida e volta, o beduíno moreno azeitonado de olhos verdes vibrantes é quem deveria devolvê-las ao seu lugar de origem, deixá-las por lá e retornar ao acampamento. E assim determinado estava e assim foi feito.
Passaram-se quatro horas, tempo suficiente para que o beduíno moreno de olhos verdes vibrantes, fosse e voltasse ao acampamento, mas, isso não aconteceu, esperaram até ao final do dia e nada dele chegar, deixaram para na manhã seguinte, montar um grupo e retornar ao lugar de origem das rosas azuis, foram dormir, na manhã seguinte, caso ele não tivesse retornado eles partiriam em sua procura.
Logo cedo, o grupo se equipou e se abasteceu de água para ida e volta e partiu em busca do beduíno moreno azeitonado de olhos verdes vibrantes. Duas horas depois, chegaram ao ponto onde haviam avistado a tal rosa azul fresca, e no mesmo passo que os camelos chegaram partiram, sem que eles apeassem.
Num pedaço de deserto estavam fincadas as rosas azuis formando um círculo, lado a lado, e no centro do círculo, uma rosa de cor preta, gemia em êxtase, em alto e bom som, e ao seu lado estava a espada de cabo negro que pertencia ao beduíno moreno azeitonado de olhos vibrantes, mais ao longe avistaram seu camelo, morto e azulado. O mistério das rosas azuis, nunca foi desvendado, pois ninguém daquela tribo, e de outras que foram sendo avisadas por suas andanças pelo deserto, ousou mais, passar por aquele lugar assombrado.
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 08 de julho de 2015.
Do solo arenoso brotou um botão de rosa azul, sem tronco ou caule, nem mesmo as suas raízes apareciam sobre a terra seca, era apenas um botão de rosa azul naquela imensidão de areia, bem no meio do deserto do Saara. Há de convir que a cena era no mínimo insólita.
Alguns beduínos que por ali passavam, apearam de seus camelos e foram observar a inusitada flor, um deles cheirou e apalpou, era uma rosa azul, fresca e viçosa, como a curiosidade matou o gato, como diz um ditado popular, não satisfeito, escavou no entorno da rosa e não havia mesmo nenhuma raiz, era só um botão de rosa azul, que parecia ter sido colocada ali por alguém, rosas azuis não são fruto da natureza, estamos falando dos dias de hoje e eles eram beduínos do século XXI, bem informados, só habitantes do seu infinito deserto.
O escavador moreno azeitonado de olhos verdes vibrantes, resolveu levar a rosa azul consigo, iria ofertá-la à uma de suas esposas, seria um presente especial e o oásis em que estavam acampados, era bem próximo dali. A rosa com certeza, sobreviveria até lá.
Ao tirar a flor do solo arenoso sem nenhum esforço, quase caiu para trás, outra rosa também azul e fresca surgiu, no lugar daquela que havia tirado do solo. Ele e seus companheiros de viagem, se afastaram, largaram a rosa solta na areia e começaram a achar que aquilo era magia ruim e seria melhor deixar a rosa para lá, poderia ser amaldiçoada. O beduíno moreno azeitonado de olhos verdes vibrantes, era um pouco mais corajoso que os demais, então, foi tirando do solo cada rosa que aparecia, até formar um ramo bem cheio, amarrou com um pedaço de couro, montou no camelo e seguiu viagem, seus companheiros mantiveram uma certa distância dele, só por precaução, aquela história estava bem estranha.
Ao chegar ao oásis, a história se espalhou rapidamente, e todas as mulheres queriam apreciar de perto as tais rosas azuis do deserto. Os homens mais precavidos, não quiseram se aproximar, o beduíno moreno azeitonado de olhos verdes vibrantes, dividiu as rosas por suas três jovens esposas, rapidamente elas foram procurar ânforas para colocá-las em água e decorar suas tendas.
Nada de anormal aconteceu naquela noite no acampamento, já pela manhã, ao sair de sua tenda, o beduíno moreno de olhos vibrantes, foi até o poço, bebeu água e foi até a tenda de sua primeira esposa, e quase morreu de susto, ela estava se esfregando na cama enlouquecida, como estivesse fazendo amor com alguém, de pernas bem abertas, suando e com a pele morena clara avermelhada de rubor, gemendo como êxtase, ele se acalmando do susto, a sacudiu e sacudiu, ela parecia possuída, começou a gritar por ajuda e mulheres de tendas foram acudir e também, se espantaram com a cena que presenciavam, dentre as mulheres que chegaram não estavam as duas outras esposas do beduíno moreno azeitonado de olhos vibrantes, ele então, lembrou do episódio da rosa azul fresca do deserto, e correu para suas tendas e a cena era a mesma, chamou o homem sábio de sua tribo e pediu que ele recolhesse todas as rosas azuis e as queimasse, talvez assim o encanto sexual se quebrasse, o velho beduíno, correu para concretizar o pedido, colocou mais lenha na fogueira e jogou todas as rosas dentro, e nada acontecia, as flores não queimavam, permaneciam azuis e frescas em meio as chamas.
Nas tendas das três esposas, o caso ficava ainda mais grave, as jovens estavam mais insanas, em verdadeiros estertores de prazer, cada vez mais rubras e suadas, praticamente a onda de delírio sexual estava consumido suas vidas, o que acabou mesmo acontecendo, ao se completar mais ou menos, duas horas daquele surto febril, as três estavam mortas, com indeléveis sorrisos nos lábios frios e pálidos. O beduíno moreno azeitonado de olhos verdes agora aterrorizado, só gritava ensandecido, pois era sua culpa, somente sua, a desgraça que se sucedeu, não havia consolo para sua alma naquele momento.
Do lado de fora as mulheres confabulavam, já fazendo os preparativos para a cerimônia para despachar os corpos das três jovens esposas do beduíno. Os homens tentavam em vão, cortar as malditas rosas azuis com suas espadas e nada acontecia, elas não se partiam, não queimavam, e nenhum deles queria tocar nelas, ninguém sabia o que fazer, depois de muita discussão, resolveram, desmontar acampamento depois da cerimônia das jovens, e partir em viagem, para outro oásis, que as rosas ficassem onde estavam, nunca mais queriam pisar naquele lugar funesto outra vez.
O velho sábio da tribo, depois de consultar suas raízes e guias, disse solenemente, que as rosas azuis deveriam voltar para o lugar onde haviam sido encontradas, e sua palavra era lei naquela tribo. Não seria preciso desmontar acampamento e mudar todo um povo, por causa daquele episódio macabro. Ficou decidido que com o camelo abastecido de água de sobra para ida e volta, o beduíno moreno azeitonado de olhos verdes vibrantes é quem deveria devolvê-las ao seu lugar de origem, deixá-las por lá e retornar ao acampamento. E assim determinado estava e assim foi feito.
Passaram-se quatro horas, tempo suficiente para que o beduíno moreno de olhos verdes vibrantes, fosse e voltasse ao acampamento, mas, isso não aconteceu, esperaram até ao final do dia e nada dele chegar, deixaram para na manhã seguinte, montar um grupo e retornar ao lugar de origem das rosas azuis, foram dormir, na manhã seguinte, caso ele não tivesse retornado eles partiriam em sua procura.
Logo cedo, o grupo se equipou e se abasteceu de água para ida e volta e partiu em busca do beduíno moreno azeitonado de olhos verdes vibrantes. Duas horas depois, chegaram ao ponto onde haviam avistado a tal rosa azul fresca, e no mesmo passo que os camelos chegaram partiram, sem que eles apeassem.
Num pedaço de deserto estavam fincadas as rosas azuis formando um círculo, lado a lado, e no centro do círculo, uma rosa de cor preta, gemia em êxtase, em alto e bom som, e ao seu lado estava a espada de cabo negro que pertencia ao beduíno moreno azeitonado de olhos vibrantes, mais ao longe avistaram seu camelo, morto e azulado. O mistério das rosas azuis, nunca foi desvendado, pois ninguém daquela tribo, e de outras que foram sendo avisadas por suas andanças pelo deserto, ousou mais, passar por aquele lugar assombrado.
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 08 de julho de 2015.