DO GOLEIRO, DO CORPO E DA MORTE

Agarra um pênalti! É o herói do jogo! Aplausos e abraços e de repente um corpo e um olhar feminino o enlaçam. A menina. É o homem e é o desejo e é a hora...

Agarra o corpo sem demora. Beijos e abraços agora e de repente a briga e o ciúme e o sangue e as palavras.

Não agarra o tempo. E o filho que há de vir denunciará a noite de sensações e vontades. Elemento. Não agarra o tempo. E o filho que há de vir o engolirá com promessas e incertezas.

Agarra a ideia do nada e da morte e do silêncio... Agarram, também, amigos e outros e manés e boçais. Agarram o corpo e encobrem o sangue...

Cães ladram em desespero. E em desespero comem pedaços humanos: braços, mãos e dedos e pés. Comem sonhos e memória... Comem alucidamente.

Na cabeça ainda fresca a imagem do pênalti defendido. Agarra um pênalti e o campeonato.

Não agarra a própria vida...

CAMPISTA CABRAL
Enviado por CAMPISTA CABRAL em 14/07/2010
Reeditado em 14/07/2010
Código do texto: T2377686
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