DO GOLEIRO, DO CORPO E DA MORTE
Agarra um pênalti! É o herói do jogo! Aplausos e abraços e de repente um corpo e um olhar feminino o enlaçam. A menina. É o homem e é o desejo e é a hora...
Agarra o corpo sem demora. Beijos e abraços agora e de repente a briga e o ciúme e o sangue e as palavras.
Não agarra o tempo. E o filho que há de vir denunciará a noite de sensações e vontades. Elemento. Não agarra o tempo. E o filho que há de vir o engolirá com promessas e incertezas.
Agarra a ideia do nada e da morte e do silêncio... Agarram, também, amigos e outros e manés e boçais. Agarram o corpo e encobrem o sangue...
Cães ladram em desespero. E em desespero comem pedaços humanos: braços, mãos e dedos e pés. Comem sonhos e memória... Comem alucidamente.
Na cabeça ainda fresca a imagem do pênalti defendido. Agarra um pênalti e o campeonato.
Não agarra a própria vida...