O ANJO QUE CHORA NA ESTRADA DE ANÁPOLIS

Nessa questão de almas penadas ou não, ou de coisas do outro mundo, pensando de quem as vê, a maioria enxergam coisas horrendas,quase sempre negras, cabeludas e esquálidas, ou de multivariadas formas, de lobisomem à mula sem cabeça e outros monstros que tais.

Alguns, entretanto, vêem coisas não tão feias e que bem poderão ser da mesma nação de coisas do sem nome ou não, o que não se discutirá nem agora nem em outro tempo qualquer.

Feito este preâmbulo, lembro-me bem de um poema do notável poeta Jesus de Aquino Jayme, nos anos 68, cujo título era o ANJO QUE CHORAVA NA ESTRADA DE ANÁPOLIS.

Jesus de Aquino Jayme, poeta e pensador acima de tudo vira, com os olhos lá dele, que a terra há de comer, um anjo chorando na estrada de Anápolis e transformou aquela visão em versos de singular beleza. Acontece que não só o poeta soube do anjo;outros viram, também, coisa na estrada de Anápolis, e será por isso que se contará aqui a história de tal anjo triste.

Para melhor conhecimento, Anápolis é a segunda maior e mais importante cidade do Estado de Goiás, a há 52km da capital e onde se concentra o maior parque industrial do Estado.

Não se poderá afirmar,m entretanto, que seja um anjo ou qualquer outra aparição dessa nação do sem nome porque, segundo os entendidos, os beatos e outros especialistas em coisas tais,citando-se como exemplo insofismável o mancebo Jávier Godinho, jornalista e escriba famoso, é condição absoluta para ser anjo é ter asas, que podem ser de apenas um par ou quatro asas, como as libélulas, quando se trata de anjo, povo de altíssima categoria.Assim, como base nesse veredicto , não era anjo que chorava na estrada de Anápolis pois não foi assinalada qualquer sinal de asas no referido.

Washington Pereira de Oliveira é advogado, vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Nerópolis(GO).É um cidadão de muita sabença e figura de destaque local.

Foi Washington que, numa substanciosa carta contou singular história que se narrará a seguir.

Por não ser entendido nessa matéria e outras daquilo que a gente não sabe e nem tem certeza, o missivista diz ter visto um anjo ou possivelmente uma mulher chorando na estrada de Anápolis, em noite de graciosa lua, por três vezes consecutivas.

Após as explicações dadas no inicio, Washington saberá que o que viu não era um anjo, porque não tinha asas, nem poderia afirmar que seja mulher só por causa das vestes e dos cabelos longos, isto porque aparições desse quilate sempre se apresentam vestidas como beatos e os cabelos longos são comuns nesses casos.

Mas vamos à narrativa do advogado Washington.

“ Tudo aconteceu num fim de tarde,do mês de setembro de 1970, numa de minhas constantes viagens à Anápolis.Ia dirigindo e pensando em política, quando percebi que a lua estava aparecendo, enorme e bonita, à minha frente. Não tinha rodado muito e ,sem pressa, avistei a uma distancia de uns cem metros, uma mulher vestida de branco na margem esquerda da estrada.

Pensei ser alguém esperando uma carona para Goiânia(GO) e, interessado, prestei atenção no vulto, tendo notado que era bela.Quando cruzei com o vulto notei que fizera um lento gesto com a mão esquerda como se estivesse acenando para mim, mas não dei muita importância,porque não sou desses de ficar parando por qualquer toma lá dá cá nas estradas.Entretanto confesso que diminui a marcha, olhei para trás ,e,para surpresa minha, não vi nada; apenas o acostamento e o capim rasteiro.Notei ,também, que estava a poucos metros do quilometro 23.Confesso que naquela hora senti um leve arrepio em todo o corpo.

“ No outro dia, quase a mesma hora e no mesmo lugar, tornei a avistar o belo vulto, só que desta vez estava sentado num tronco de árvore que não percebera da primeira vez. Senti que me olhava com intensidade e tive a certeza de tratar-se de uma mulher. Mais uma vez pensei que seria alguém querendo uma carona. Da mesma forma, após cruzar com o vulto, arrisquei olhar para trás e, novamente, desaparecera subitamente. Desta vez senti um medo terrível e acelerei o carro; tinha certeza de que alguma coisa não estava de acordo”.

Nesse ponto, Washington lembra que é um homem religioso, temente às coisas do céu e, por isso mesmo, lembrou logo dos santos e arcanjos de sua devoção, e só voltou para casa naquela noite porque era do seu costume e obrigação.

LÁGRIMAS DA SOLIDÃO

No terceiro dia , segundo Washington Pereira de Oliveira, ele fez novamente uma viagem e conta:

“ Confesso que já estava angustiado e temeroso de chegar ao KM-23 da BR 060(continua como BR-123 Belém-Brasília) e, apesar do medo, tomei tino de parar para ver o que seria ou quem estaria, todas as noites, naquele lugar, tão só ,tão bela e tão misteriosa.

Tudo Aconteceu como nas noites anteriores, mas, desta vez a mulher sentada no chão; a cabeça repousando a face esquerda sobre o braço esquerdo, apoiado no tronco.

Ela chorava.Até hoje não consigo explicar o fato de ter estado dentro de um carro em movimento, tendo apenas a lua iluminando aquele trecho, e ter ouvido e percebido claramente que aquela pessoa estava chorando. Aí não tive medo, pois aquelas lágrimas de choro sentido me induziram à certeza de que era, realmente, alguém precisando de ajuda, coisas que não nego a ninguém, porque isso não é do meu feitio.

Parei o carro bem em frente à placa que sinalizava o KM 23 e abri a porta. Senti que o vulto me olhava com aqueles olhos tristes, sem se levantar e sem tirar a cabeça repousada sobre o braço.Pude ver sua boca entreaberta co0mo se fosse falar, mas aí tive a grande surpresa: a figura foi se desvanecendo lentamente até sumir.O meu pavor foi imenso.Senti frio e arrepios por todo o corpo.Entrei no carro, fiz meia volta e voltei para casa, onde fiquei mais de três dias bestificado, até que algumas pessoas, entendidas nesse assunto, asseguraram que poderia ter sido alguma alma ou espírito sem descanso, buscando alguma coisa.

Muito tempo depois não tive mais ânimo de viajar naquela hora e naquela estrada; continuei indo a Anápolis via Nerópolis, mas sempre acompanhado.Pasando pelo KM-23 e conversando com companheiros que sempre estão por ali, fiquei sabendo que muitas outras pessoas haviam visto aquela estranha criatura na estrada.

Essas coisas do sem nome merecem respeito e, na opinião de quem entende do assunto, o vereador Washington teve muita sorte em não chegar perto da coisa, pois nunca se sabe quais as intenções que eles teem.

Assim como poderia ser realmente uma coisa pedindo ajuda,bem, poderia ser algo terrível, esperando licença para embarcar no carro; geralmente esse tipo de assombração espera ser chamado ou ter licença para atravessar estradas , córrego e pontes.Ainda que não sofra agressão física, o que não acontece nunca, a pessoa pode, no mínimo, ficar louca ou besta para o resto da vida.

Em alguns casos, o resultado pode ser um acidente fatal.

O vulto, por certo, seria alguma mal amada buscando vingança e novas paixões.

Nunca se saberá ao certo.

SSPóvoa
Enviado por SSPóvoa em 18/09/2009
Reeditado em 01/12/2012
Código do texto: T1818525
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