SERIAL KILLER - Parte II
Estavam ali, caça e caçador, frente a frente...
Ficaram encarando-se com a mesma expressão raivosa, com o mesmo olhar de ódio, respirando igualmente ofegantes...
De uma hora para outra porém as respirações foram diminuindo seu ritmo... os olhares ficando aliviados... as duras expressões se abrandando...
Olhavam-se agora como animais curiosos... medindo-se dos pés à cabeça... tentando entender algo que não conseguiam expressar...
Então se lembrou... daquilo que se lembrava toda noite quando chegava em casa...
Ainda um pouco confuso se virou, ignorando a imagem do assassino. Deixou sua arma e seu distintivo em cima da mesa. Abriu o armário. Abaixou-se e tirou um fundo falso perfeito de madeira na parte de baixo... tirou de dentro uma pesada maleta.
Abriu-a em cima de sua cama. Dentro dela tinham fotos, recortes de jornal, anotações em pedaços de papéis, uma grande faca afiada e um avental sujo de sangue. Deu uma rápida olhada na foto da bela jovem loira e em algumas das anotações... ele já sabia o que deveria fazer. Colocou tudo de volta dentro da maleta. O avental, a faca e os papéis...
Voltou a se postar em frente ao espelho. E agora as posições tinham se invertido. Quem agora estava do outro lado do espelho era o detetive. Sua personalidade burra e frustrada. O homem que todas as noites voltava a ser aprisionado no interior do espelho. Mais uma vez o Serial Killer estava do lado de fora. Respirando uma selvagem fúria assassina. Pronto para o bárbaro crime que iria cometer aquela noite.
- Seu verme insignificante! – disseram os dois em conjunto...
Fitavam-se com um olhar assustado e contente ao mesmo tempo... com uma expressão juntamente desesperada e macabra...
O Serial então deu uma última olhada ao homem do outro lado do espelho que no dia seguinte não se recordaria de nada do que o acontecesse essa noite. Que não lembraria de seus sinistros pesadelos na hora em que acordasse. Do estúpido homem que, mais uma vez, sairia feroz em busca de um assassino que ele nunca poderia pegar...
Deixando para trás a imagem do detetive prosseguiu a passos firmes porta afora, sedento por mais uma noite de sangue...