Conto 666 - O Perdão de Cristo
Conto 666 – O Perdão de Cristo
Em uma manhã sombria e tempestuosa, um homem insano se lança contra os transeuntes em uma rua movimentada, facadas e gargalhadas são desferidos com uma ferocidade indescritível. Gritos de horror e dor se misturam ao som das suas gargalhadas.
A polícia é chamada, mas a demora lhe deu uma vantagem, ele arrasta pelos cabelos uma mulher loira e voluptuosa, para dentro de uma igreja.
Arrancando a sua roupa ele a fode enforcando seu pescoço, olhando nos olhos da imagem de Cristo.
O silêncio toma conta das ruas enquanto o homem insano gargalhava, os gemidos de horror e tesão da mulher se transforvam em um espetáculo grotesco de carnificina.
Aqueles do lado de fora da catedral estavam tomados pelo horror
E como se fosse tocado por Cristo, enquanto estuprava aquele pobre cadáver, ele teve um lapso de sanidade.
A mulher morta em seus braços, o seu pau duro e cheio de sangue, seu corpo ferido e coberto de arranhões, e o olhar frio de Cristo no altar daquela igreja.
Ele se perguntava o que havia feito? Por que as vozes o forçaram a tamanha insanidade?
Os policiais do lado de fora, perceberam o silêncio, e planejavam invadir a igreja.
O homem insano, agora coberto por uma lucidez momentânea, caminha até a imagem de Cristo, uma imagem imponente e fraca, de um homem raquítico pregado em uma cruz.
O mártir dos homens, o filho de Deus, aquele que perdoou até mesmo o Diabo
Colocando suas mãos atrás do pescoço da imagem de Cristo, como se fosse beija-lo, tal como Judas o fez. De forma violenta e insana gritou:
– Oh pai, por que me abandonastes!?
E surrou sua cabeça, contra o rosto da imagem de Cristo, gritando, como um lunático, “ Por que oh pai? Por que?” Enquanto surrava a cabeça, até que o seu crânio estourasse por completo.
A igreja é invadida pelos policiais, e pelos transeuntes. Que encontraram ali, uma cena do mais puro horror.
Uma mulher estuprada e violentada, com as pernas abertas e cheias de ferida. E logo acima, no altar da igreja um homem com a cabeça estourada, morto, abraçando a imagem de Cristo.
Fazendo o sinal da cruz, uma gentil senhora sussurrou
- Cristo o perdoou (...)
Por Gerson De Rodrigues.
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