MINI COLETÂNEA DE MICROCONTOS (terror poético)
I - SONETO NA ESCURIDÃO
A calada da noite começa em quatro versos rimados, o primeiro com terceiro, o segundo com o quarto e, a perseguição poética inicia com explosões sensuais, carnais, viscerais, gemidos mortais, que se repetem na mesma cadência, até que o fim se dê em dois tercetos, nuvens de lágrimas, sangue rubro descendo a escadaria de quatorze linhas, suspiros finais e a inesperada gargalhada mortal Ha Ha Haaaa!!!
II - HAIKAIS DE DORES NATURAIS
As badaladas do relógio mágico, na mansão assombrada na Rua dos Hábitos, soavam cinco, sete, cinco...cinco, sete, cinco...era estranho, não combinava com a vegetação viva e de exuberante verde no entorno da construção, que já era praticamente um escombro. Seguiam-se as batidas cinco, sete, cinco...cinco, sete, cinco... árvore morta ... cinco... cadáveres no porão...sete...vermes em festa...cinco...
III - BARALHO PARA INFANTO
Ruivinho e moreninha, foram capturados por dois meliantes no parquinho da praça, as babás no meio das fofocas e acesso às redes sociais, não perceberam. O auge dos seus cinco e seis aninhos, os fazia curiosos e, os bandidos eram simpáticos e jovens, ambos branquinhos e de cabeças raspadas, só os sorrisos eram meio estranhos. Colocaram as crianças numa mesa, junto com eles e, usando um baralho, brincavam de apostas, se criassem um verso e, uma das crianças dissesse uma rima, que combinasse com que eles declamaram, maravilha...ela ganhava uma bala de maconha, se errasse tinha que cheirar um pó, que parecia com o aroma de chiclete, mas, era cocaína aromatizada. A brincadeira terminou com o ruivinho e a moreninha, espumando em convulsões no chão, até eles gritarem Vencemos!