Conto 04 - O homem desempregado
Conto 04 – O Homem desempregado
Nas profundezas sombrias de uma mente doente, um homem infeliz, chamado Rodrigues, afundou-se na escuridão.
Ele havia sido expulso da escola onde outrora lecionava, sua demissão uma ferida aberta que corroía sua alma com amargura.
O desemprego se tornou parte de sua identidade, e sua mente afundou-se nas trevas da insignificância.
Rodrigues se sentia um rato, um verme miserável, perdido em um mundo que desprezava sua existência.
Cada batida de seu coração ecoava com a futilidade de sua existência, enquanto a sociedade o pisoteava impiedosamente.
Ele ansiava desesperadamente por um emprego, uma forma de se sentir útil em meio ao vazio de sua vida sem propósito.
Os dias se tornaram uma rotina torturante, cada rejeição de um possível novo emprego era um lembrete cruel de sua insignificância, uma facada na carne já dilacerada de sua autoestima.
E foi assim, em um abismo de desespero, que Rodrigues se viu diante da depressão que consumia sua alma.
Ele vendeu sua essência ao próprio Diabo, em busca de um emprego que lhe concederia uma ilusão de significado. O contrato foi assinado e lacrado com a promessa nefasta de um futuro ilusório.
Por dez longos anos, Rodrigues trabalhou naquela escola. Sua mente, mergulhada em trevas, foi consumida pela sensação de insignificância.
A cada dia, sua alma se desvanecia lentamente, seu semblante se transformando em uma máscara de desespero insuportável.
E então, em um dia sem explicação, na frente de uma sala de aula lotada, Rodrigues alcançou uma pistola que estava guardada em sua mochila e ela foi a resposta final do seu tormento.
Um barulho ensurdecedor preencheu o ar, enquanto sua cabeça explodia em um espetáculo grotesco de autodestruição.
Sua morte brutal deixou para trás um bilhete que carregava uma frase em seu rodapé
“ – O Fato de que irei me tornar pó, paradoxalmente me tranquiliza”
- Gerson De Rodrigues in Contos & Goétia