INFARTO 

 

7 dicas para ter um coração saudável - Melhor Com Saúde

 

 

Cristian nasceu com uma peculiaridade terrível, que infelizmente só foi descoberta após a morte de sua mãe, babás e bichinhos de estimação. O sonho dos pais se concretizou com o nascimento daquele bebê tão fofinho, rosado e lindo, mas, por uma fatalidade, assim que sua mãe o tomou nos braços teve um infarto fulminante, para desespero do pai que com isso, à princípio o rejeitou. O bebê ficou com o coraçãozinho paralisado, tentavam reanimá-lo sem conseguir sucesso até que a junta médica percebeu, que ele respirava e se movimentava normalmente apesar de não ter batimentos cardíacos. O mundo da ciência se alvoroçou, muitos testes foram feitos, a pobre criança virou cobaia e durante dois anos sequer saíra do hospital. Olavo seu pai, refeito do trauma da morte de sua esposa, buscou a justiça, para reaver a guarda do filho e criá-lo longe de tudo, num lugar mais interiorano, onde não tivessem conhecimento da existência dele. O tratavam como um tipo de aberração.

 

Olavo contratou uma babá na própria região onde escolhera viver, mas, outra vez, mal a moça pegou Cristian no colo teve um infarto fulminante. Olavo ficou desesperado, tentou reanimar a moça, chamou vizinhos que a levaram para o hospital, mas ela estava morta, foi uma comoção na pequena cidade. Só Olavo sabia o que realmente acontecera com ela. Como poderia criar o seu filho se não podia tocar nele, mas, por algum fato sem explicação, ele cuidava sozinho do filho sem sofrer qualquer problema. Tentou mais uma vez, contratando um rapazote indicado pelo padre da cidadezinha, por ter criado seus irmãos menores, então, tinha experiência e algum dinheiro ajudaria a família do moço. Correu tudo bem por umas semanas, o filho e o rapazinho até se entendiam, Olavo ficou feliz, até comprou um cachorrinho para alegrar um pouco mais a casa. Poucos dias depois o animalzinho apareceu perto do berço de Cristian, mortinho. Foi um chororô danado, Cristian estava inconsolável, mas, o pai sabia o que tinha ocorrido e enterrou o animal no quintal atrás da casa. Compensou tanta tristeza com brinquedos para o menino e o tempo seguiu em frente, só que não por muitos meses.

 

Quando completou quatro anos de idade, o rapazote e Cristian estavam muito amigos, mas, por algum motivo nunca se abraçaram, até que numa bela tarde de Domingo, Cristian o chamou de amigo e abraçou o rapazinho que caiu morto no mesmo instante. Foi uma loucura, o mocinho era muito apegado ao padre que sentiu muito a morte dele, deixando até mesmo de fazer um dos seus enormes sermões, na missa seguinte ao sepultamento. Olavo teve que compensar a dor do filho com um gatinho, que também não durou muito tempo. Algumas pessoas na cidade acreditavam que aquela casa era amaldiçoada e Olavo não conseguiu mais ninguém para cuidar do menino. Sem muitos avisos ele resolveu deixar a cidade para trás e seguiu ainda mais para o interior do País. Como podia trabalhar pela internet, ele mesmo deu conta da criação do filho, mas, o período escolar se aproximava e ele não sabia o que fazer.

 

O menino crescia forte, mas, era calado e soturno, parecia não se apegar a nada e a ninguém, as poucas pessoas por quem ele pareceu se afeiçoar tiveram o mesmo trágico fim, infartos fulminantes. Olavo percebendo isso, pensava que o próprio filho não tinha amor por ele, caso contrário ele não estaria mais vivo e isso, o deixava desesperado com o futuro de Cristian.

 

O fim de mundo onde viviam, era quase sem moradias próximas, tudo o que precisava para a alimentação, material de limpeza e manutenção do pequeno sítio, Olavo buscava no centro da cidade e sempre ia sozinho, deixando Cristian trancado em casa. Numa dessas idas, ele encontrou um brinquedo muito interessante feito de madeira, bem criativo e que achou que o filho iria adorar, como de fato aconteceu. Depois deste dia, Cristian não fazia mais nada a não ser, brincar por horas com o novo brinquedo. Certa noite, correndo para os braços do pai, o chamou de melhor pai do mundo! E foi o final de Olavo...

 

Cristian ficou sozinho na casa, comendo o que encontrava até que nada mais restasse, o corpo do pai apodrecia no sofá e ele nem se importava, parecia se divertir com os vermes e larvas saindo pelos buracos do pai. Com fome e com a solidão corroendo seu peito, o menino de sete anos, foi comendo mato, as frutas que ainda existiam nas goiabeiras, mas, estavam verdes e ele em seguida vomitava, ao final de um mês de provações, Cristian, vai até o espelho do quarto do pai, se mira lentamente e diz para a sua imagem...amo você, se abraça com um riso estranho no rosto e cai fulminante por terra.

 

 

 

 

* Imagem de      melhorcomsaude.com.br

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 22/01/2022
Reeditado em 22/01/2022
Código do texto: T7434958
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