GENTILEZA

Gentilmente Leandro recolhe as cinzas de Lu Maria. Quando generosamente embebeu seu corpo com gasolina, desde os fios dourados dos seus cabelos, passando por seus seios firmes e jovens, descendo por suas coxas bem torneadas até o esmalte rosado de seus delicados pés, sentiu-se radiante. Era uma pena que Lu Maria não corroborasse com seu prazer, com as mãos algemadas presas às paredes por correntes fincadas no concreto, Lu Maria gritava, esperneava, se debatia alucinadamente, só que a trinta metros subterrâneos no bunker de Leandro ninguém ouviria nada, o prazer do júbilo seria só dele.

Assim que tocou de leve o corpo de Lu Maria, foi como se tivesse riscado um fósforo e ele teve uma forte ereção com o agonizar da moça. Que delícia ver o crepitar das chamas, sentir o odor de suas carnes queimando, observar os ossos brancos aparecendo e escurecendo, ouvir o último suspiro dela, foi no mínimo reconfortador, Leandro gozou duplamente.


***
Desde a mais tenra idade Leandro tinha febres inexplicáveis, seu berço incandescia e seus pais acreditavam que ele era filho das trevas, tentaram por alguns anos aceitar a sua situação, mas, suas mentes simplórias não conseguiam se adaptar a total reclusão, então, quando o filho completou cinco anos, o levaram para um passeio na grande cidade e o abandonaram por lá. Levando o que podiam em duas malas, embarcaram num navio cargueiro rumo à outro país e nunca mais souberam dele. Mas, a grande cidade sofreu junto com o menino, incêndios inusitados, pessoas cremadas no meio do asfalto, Leandro passou fome, sede, frio jamais. Sua raiva e decepção se focaram em torturar jovens mulheres, isso o nutria e supria suas forças. Se apropriava de todo dinheiro que desejasse, construiu bunkers e casamatas por vários estados onde dava vazão aos seus incandescentes  projetos...bárbaros...

Sua mente regojizava a cada recolhimento das cinzas das suas vítimas, tinha uma urna nominada para cada uma delas, uma forma mórbida de agradecer a cada uma pelo prazer imenso que lhe proporcionaram, pura generosidade. Com muito cuidado polia a superfície de suas derradeiras moradas. Algumas eram de prata outras de ouro, tinham as cravejadas de brilhantes outras de marfim e jade, mas, a de Lu Maria seria de diamante rosa, pois o gozo que lhe fizera experimentar foi incrível.

Como era bom enricar com o dinheiro dos arrogantes pais das 'suas mocinhas', tão fáceis de manipular...era só elogiar suas grandes habilidades nos negócios, nas manobras financeiras, lubrificar seus egos e bajular suas crias, logo logo estavam em suas mãos e o bote se dava. 

Sua escolha de vida era muito lucrativa e prazerosa. Forjar o desaparecimento de empresários em cidades diferentes, com um espaço de tempo razoável não chamava a atenção. Sua gentileza, generosas contribuições e doações para causas sociais pontuais, lhe garantiam pessoas importantes para lhe afiançar a honra e o caráter, álibis muito úteis para suas tardes incandescentes.

Agora precisava providenciar a confeção da urna de Lu Maria...Ah! Lu Maria quanto prazer...
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 13/11/2020
Reeditado em 13/11/2020
Código do texto: T7110922
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