Irmã Agatha e o caso da freira possuída.
Irmã Cleonice do Caminho do Calvário é uma daquelas criaturas que vieram ao mundo para nos ensinar sobre o Amor, doação ao próximo e como podemos melhorar o lugar onde vivemos. Quando Irmã Cleonice chegou ao convento, eu já tinha feito meus votos perpétuos e assim que coloquei os olhos nela, percebi que Deus tinha algo para realizar na vida dela. Ela era alta, branca, olhos azuis, e tinha uma voz tão doce que parecia uma melodia quando falava, ela era Noviça e estava prestes a professar os votos temporários.
Algum tempo depois da chegada da Irmã Cleonice ao Convento, alguns eventos estranhos começaram a acontecer, comecei a ouvir sussuros pelos corredores do Convento e eu te garanto que não era o Espírito Santo. Certa noite, quando estava em minha cela fazendo minhas orações para me recolher, vi um vulto passando pela minha porta e decidi ver o que era e qual não foi minha surpresa quando vi que era Irmã Cleonice que passava para a cozinha, decidi segui-la em silêncio para saber porque ela estava vagando pelos corredores aquela hora da noite.
Quando chegou perto do jardim que dá para a entrada da cozinha, Irmã Cleonice simplesmente desapareceu, fiquei encabulada com aquilo e decidi ir até sua cela para averiguar e quando cheguei lá, pude constatar de que ela dormia profundamente como um ser celestial, voltei para minha cela e percebi que o diabo estava aprontando.
No dia seguinte, Irmã Gertrudes das Dores de Maria passou correndo por mim em prantos e foi para a Capela, fui até ela e perguntei o que estava acontecendo.
- Irmã Cleonice acabou de me ofender lá na cozinha.
- O que ela disse, Irmã Gertrudes?
- Ela estava limpando o chão e eu, sem querer, deixei a vasilha de farinha cair e ela disse que esfregaria minha cara até limpar todo o complexo do Convento. Logo a Irmã Cleonice que é tão meiga.
- Não se preocupre, Irmã Gertrudes que vou descobrir o que esta acontecendo.
Nesse meio tempo, parece que a paz que reinava no Convento tinha sido arrancada pela raiz, vira e mexe tinha uma briga, uma confusão com alguma irmã que ofendeu a outra e quando eu ia ver, lá estava a Irmã Cleonice enfiada no meio do ba fa fa.
Decidi consultar a Madre Superiora e pedir permissão para entrar em ação e investigar o que estava acontecendo, recebi a permissão e comecei minhas investigações.
Primeiro fui atrás de saber sobre o Convento que Irmã Cleonice habitava antes de vir para cá e descobri que havia sido fechado depois da morte misteriosa da Madre Superiora, fora que duas Irmãs estavam desaparecidas e ninguém sabia noticías delas.
Certa noite, encurralei Irmã Cleonice no corredor, olhei bem dentro dos seus olhos e disse:
- Acha mesmo que vai entrar na minha casa, mexer com a minha família e eu não farei nada? Sei muito bem quem você é e vou te arrancar dai de dentro nem que seja na porrada.
- O que está acontecendo, Irmã Agatha? Por que esta falando desse jeito Comigo?
- Não venha com drama para o meu lado, já descobri o seu plano e seus dias de terror aqui no Convento acabam hoje.
Dei um mata leão na Irmã Cleonice e ela desmaiou, peguei seu corpo e levei para os fundos do Convento, onde tinha uma Capela abandonada que não usavámos mais, me certifiquei de que estaria sozinha para realizar o exorcismo.
- Irmã Agatha, sua maldita, filha de uma cadela.
- Cala a sua boca,demônio fétido, como ousas invadir minha casa e aterrorizar minhas irmãs? Qual o seu plano?
- Vou acabar com esse lugar e em seguida, acabarei com você, essa daqui, vou abandonar em um prostíbulo qualquer.
Comecei o rito de exorcismo, com algumas orações em latim, mais eu sabia que aquele demônio que estava dentro do corpo da Irmã Cleonice era forte demais e não era qualquer oração que o arrancaria dali.
- Diga seu nome, sua besta fétida.
- Você não é muito esperta, descubra você.
- Já te disse que aqui quem manda sou Eu e em nome de Deus eu te ordeno que me diga agora, qual o seu nome.
Joguei um balde de água benta em cima da Irmã Cleonice e o demônio contorceu-se, caindo pelo chão e blasfemando.
- Fale seu excomungado, eu te ordeno em nome de Deus, fale seu nome agora.
O tempo ficou nublado, começou a chover forte e as portas da antiga capela pareciam que iam ser arrancadas a qualquer momento pelo forte vento que assolava o Convento, a Madre Superiora já sabia de tudo e havia levado as outras Irmãs para um passeio pela cidade de Hereford,
Joguei mais um balde de água benta em cima do excomungado e ordenei que falasse seu nome.
- Legião porque somos muitos.
- Eu te ordeno, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo que deixe esse corpo e volte para o inferno, legião.
Os demônios que habitavam o corpo da pobre Irmã Cleonice a sacudiam de um lado para o outro e mesmo amarrada, ela teve muitos ferimentos, alguns graves.
- Eu te exorcizo Legião, por intercessão da Santa Mãe de Deus, Jesus Cristo e São Miguel Arcanjo, ordeno que saia agora desse corpo e volte para o inferno.
Irmã Cleonice deu um grande grito de pavor e de desespero e seu corpo foi arremessado em cima do velho altar.
Corri para socorre-la e averiguar se estava viva, quando cheguei atrás do altar, peguei o corpo da Irmã Cleonice nos braços, ela abriu seus olhos e pude ver, naquele imenso azul, que a pureza e o Amor estavam de volta naquela alma.
- Irmã Agatha da Santa Cruz de São Bento, como é bom te ver, obrigado por ter me salvado das garras do inferno, você é um ser celestial.
Dizendo isso, Irmã Cleonice suspirou e nasceu para a vida eterna.
Quando as outras irmãs retornaram ao Convento, disse a elas que Irmã Cleonice havia falecido e elas ficaram muito abatidas, me dirigi ao Gabinete da Madre Superiora e relatei tudo o que tinha acontecido.
Nessa mesma noite, quando eu estava passando pelo corredor para ir para minha cela, ouvi um sussuro - ISSO AINDA NÃO ACABOU, SUA INFELIZ.
Irmã Agatha da Santa Cruz de São Bento.