A ORQUÍDEA NEGRA

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Londres, anos vinte, becos soturnos, pubs, vielas densas no fog e segredos  sangrentos.



A doce Lucy era amante de plantas, flores e a sua espécie preferida era a orquídea, na estufa em sua casa tinha muitas delas, mas, por um motivo especial um único vaso com a rara orquídea negra recebia toda a sua atenção. Ela era a testemunha de um sombrio segredo seu.




Lucy vinha de uma família miserável, que roubava para comer, invadiam casas vazias fora de temporada, apenas para ter onde dormir, saqueavam o que fosse possível vender nas casas de penhores, onde não se faziam perguntas desde que o preço negociado tivesse sórdida vantagem para os donos delas. Até que um dia deu algo errado houve duas mortes e os pais de Lucy foram presos e a pena foi morte pela fôrca. Sendo menor, Lucy foi levada para um orfanato. Treze anos se passaram, ela se tornou uma moça linda e bem educada, nunca soube na verdade o motivo de ter aprendido a escrever,  ler livros clássicos, falava inglês e francês como uma professora, servir chá de forma perfeita, bordar, costurar, usar talheres, copos e louças de forma elegante, se comportar com educação e finesse em diversas situações. Recebia roupas, mimos, joias, bonecas de porcelana e diferente das outras moças no orfanato recebia muito carinho. Sua realidade diferia enormemente da rotina daquele lugar, era como se ela fosse a princesa e as outras simples serviçais, teve a resposta ao completar dezoito anos.


Christian Canteburry se apaixonou por aquela bela menina, tão rebede e assustada, logo no primeiro dia de sua chegada ao orfanato, ele tinha trinta e dois anos e era dono do imóvel e de mais seis outros na tradicional cidade de Londres. Em suas visitas tudo parecia um mar de rosas, mas, quando saía a administradora do lugar enriquecia e as meninas tinham uma vida miserável por lá, as coisas ficaram mais justas com a demissão dela, ainda não era o ideal, mas, as mocinhas eram bem tratadas. Só que em segredo regiamente pago, como por assim dizer, Christian Canteburry adotou a criação e educação refinada de Lucy. Seu desejo era desposá-la quando completasse dezoito anos, quando estaria pronta para ser uma esposa e administradora de um lar, só a doce Lucy não tinha o menor conhecimento de seu traçado destino.


Verdana a administradora dos últimos dez anos, foi incumbida de explicar tudo para a moça e cuidar da sua mudança para um convento até que os trâmites para o seu casamento fossem finalizados, imaginem o choque que esta notícia causou na moça? 

A primeira reação foi de surpresa, o mundo fora daquelas paredes não lhe trazia boas lembranças, mas, casar com um desconhecido rico, com quase trinta anos mais do que ela era assustador. Entendeu enfim, o porquê de sua educação diferenciada, isso ela precisava agradecer, pois a preparou para o mundo, só que casar com seu protetor era muita coisa para avaliar em poucas horas, pois logo iria para o convento. Foram as freiras que fizeram com que ela enxergasse e comparasse suas opções...sozinha, sem dinheiro, sem ter a quem recorrer, bonita como era e a vida bem cuidada que  tivera ainda refinaram seus traços, fora da proteção do orfanato,  acabaria se tornando como tantas outras, uma cortesã na melhor das hipóteses ou uma prostituta, casar era uma oportunidade de ouro, então, lhe restava seguir seu destino. Mesmo sem esboçar comentário sobre isso, por dentro estava assustada. Pressentindo este temor, Christian passou a escrever cartas para ela todos os dias, onde carinhosamente a tranquilizava, não tentaria fazê-la esposa no sentindo mais abrangente da palavra, deixaria que se acostumasse com ele, se tornariam amigos e com o tempo com certeza poderiam formar então, uma família. Primeiro ele lhe mostraria a Europa, passeariam bastante, ela organizaria seu futuro lar, o amor viria com a convivência.


Christian era um bom homem, seus pais morreram num naufrágio e ele herdara e multiplicara sua herança, tudo que desejava era Lucy e crianças correndo pela casa. Para adoçar Lucy, mandara construir uma estufa com muitas orquídeas, pois tinha conhecimento de sua preferência por aquela espécie de flor. Tudo transcorreu confome os planos de Christian até pararem de viajar e se mudarem definitivamente para o que seria o lar deles. Lucy casou menina e depois dos meses viajando, voltou uma mulher ainda menina e seu marido, um ser feliz. Só que a vida fora dos muros do orfanato era colorida, cheia de coisas novas, Lucy gostou da aventura, virar esposa e mãe tão cedo ainda não uma coisa bem resolvida em sua cabeça, seu marido era maravilhoso, mas, em alguns momentos lhe causava tédio, o desejo de aventura fazia com que suas asas quisessem alçar outros voos...

A sua ânsia de novos e mais empolgantes ares, só suavizava quando ela se entretinha nos cuidados com as suas orquídeas. Numa tarde morna de Agosto, enquanto cuidava de suas adoráveis mudinhas, Christian chega com um presente incrível, uma raríssima orquídea negra. Lucy ficou encantada, mas, a atenção se voltou totalmente para o mimo recebido, nem se deu ao trabalho de agradecer. O marido estranhou o tratamento frio e cobrou dela a resposta, se pelo menos ela havia gostado do presente, a reação de sua doce Lucy, foi espantosa. Ela virou-se furiosa perguntando se ela tinha a obrigação de agradecer tudo que ele lhe dava, se não estava satisfeito com ela, se não percebia o quão sem graça era a figura dele, tão solícito, tão passivo, meloso e por aí vai...Christian recebia cada palavra como uma bofetada, não conhecia aquela mulher que proferia aquelas palavras ríspidas com tanto rancor e acidez. Se aproxima e segura o braço de Lucy, que estava com uma tesoura de poda na mão e reage sem pensar, cravando a mesma no pescoço do marido com  toda a força que possuía...foi o fim daquele ser tão generoso. Lucy apenas o observa sangrar e voltando os olhos para sua linda orquídea negra, depois daria um jeito naquela lambança sangrenta...

Quando se tratava da alta sociedade, em certos pubs se encontrava toda a corja de bandidos, a 'limpeza' da estufa e um plantio sob sete palmos de terra no jardim dos fundos, finalizou o serviço bem pago.

Como previram as freiras do convento, o destino não escolhido de Lucy, inesperadamente aconteceu, sua vida se tornou festiva e os negócios do desaparecido marido logo começaram a custear a mais nova 'mansão de acolhimento' no subúrbio de Londres, onde o prazer era surreal caso se pagasse uma pequena fortuna para desfrutá-lo, lá dentro ninguém tinha nomes, o segredo era imperioso. Em momentos régios, até a cortesã dona do lugar, atendia aos clientes mais seletos e habituais, ninguém sabia o seu verdadeiro nome, mas, suas coquetes a chamavam de Orquídea Negra.

 


* Imagem - Fonte - Google
* produto.mercadolivre.com.br
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 26/09/2020
Reeditado em 26/09/2020
Código do texto: T7072893
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