BONECA DE PANO (terror/mistério)

 

'Ele era cruel, mas, aquela insensibilidade à dor o perturbava e o tornava meticuloso e bárbaro'
 

 
Cristian que de Cristo nada tinha, era o mais sórdido e cruel dos viventes sobre a terra. Os sacrifícios que já impusera às suas vítimas eram horrendos, bestiais, O sofrimento que lhes causava o preenchiam de prazer mórbido e sua voracidade pelo mal, era o que ele chamava de ‘felicidade’.  

Conhecer Verdana Luna num cortiço perdido entre as vielas da cidade, fora realmente para ele um achado. Linda, com aparência servil e com alguns anos de estrada, pareceu-lhe a vítima perfeita para suas próximas atrocidades.

Cortejou-a de forma grosseira e ela nem se importou, foi com ele para o quarto e se deixou sodomizar sem fazer alarde e os seus olhos não tinham quaisquer emoções, parecia feita de metal maleável, fria e calada, apenas se deixava maltratar sem esboçar qualquer reação. Cristian tentava se superar nas maldades, na dor que lhe impunha, mas, ela parecia não sentir nada.

Mal sabia ele, que Verdana Luna já nascera incapaz de sentir dor e com a vida sem sentido que tinha, sem família, largada pelas ruas, sem história, ter algum valor para alguém fosse como fosse, lhe bastava, ter um teto e comida e deixar o tempo correr até um dia se integrar com o solo parecia ser o motivo de existir.

Cristian resolveu levá-la até uma garagem abandonada, onde tinha o seu covil, lugar podre, com odor de sangue ressecado, ratos e bolor pelos alimentos caídos pelo chão, sem qualquer limpeza ou trato, nada disso parecia ter importância para Verdana Luna, nada lhe chocava. Ele tatuou-a em várias partes do corpo com pregos quentes, fio de navalha, ela nada sentia e seu olhar parecia de peixe morto, baço, opaco, ele se enfurecia e tentava de todas maneiras ouvir de sua boca um grito, um pedido de socorro, mas, nada disso acontecia e ele surtava, arrancava os cabelos, sacudia o corpo dela com violência, ela parecia uma boneca de pano, machucada e sem expressão.

Louco por não conseguir sentir o prazer que a maldade normalmente lhe trazia, resolveu costurar seus dedos à máquina posicionando-a com o braço esticado sobre a mesa e ela mesmo sangrando, não mexia um fio de cabelo, nem um poro seu transpirava.

Despiu-a e tomado de fúria desferiu várias chicotadas sobre o corpo alvo e já muito marcado da moça, mas, ela nada dizia apenas se mantinha ereta e fria. Cristian já estava esgotado, transpirava como um porco, estava  
sujo de sangue, os cabelos claros alvoroçados e sem outra alternativa matou Verdana Luna a facadas, se suicidando em seguida quando viu o corpo maltratado dela, ser absorvido pelo piso de terra e em seu lugar uma pálida luz azulada passar, se arremeter para o alto, clareando por instantes o teto da garagem e desaparecer...



 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 19/06/2020
Reeditado em 16/11/2023
Código do texto: T6981989
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