A LÂMINA (terror/mistério)

Com Ciência - SBPC/Labjor
 
Três gravatas ainda nas gargantas dilaceradas, apenas uma ainda gotejava rubro sangue, decerto a degola era recente.



A fazenda de Solano era a maior daquele povoado, poucos sitiantes ao redor, ela era imponente a vista das outras, mas, seu ar soturnamente cinzento atiçava a criatividade da imaginação de alguns, à boca pequena a julgavam assombrada. A bem da verdade, alguns mistérios a cercavam, um crime do século anterior, quando duas ossadas foram encontradas em suas paredes, durante uma reforma. Durante a primeira guerra a fazenda foi invadida por soldados inimigos, que sodomizaram as mulheres da casa, duas se suicidaram de vergonha e desde lá, na casa principal nunca mais alguém teve acesso. Viviam lá apenas o velho Solano, sua esposa Dolce e seu filho já idoso também, Dilson um poeta.


A rotina na fazenda era tranquila, hoje em dia as posses não eram muitas, mas, o rendimento sustentava a família, os gastos com os animais, plantação e os poucos empregados que ainda mantinham, não tinham luxos tampouco dívidas.

O cheiro nauseabundo que se inseriu nas narinas de Fábio, o capataz , assim que ele acordou para o trabalho, fez com que ele supusesse que havia algum bicho morto, mas, ao passar em sua procura percebeu que o odor vinha da casa grande e se apavorou com o que encontrou, o Sr. Solano, o filho Dilson e Dr. Eustáquio advogado da família jaziam mortos com as gargantas dilaceradas, a pobre D. Dulce estava morta ao lado, mas, sem ferimentos. Por certo devia ter infartado com acontecido.

Fábio saiu gritando pelos outros empregados, para saber se tinham escutado alguma coisa à noite, mas, foi em vão. Fábio correu até a Guarda e os policiais voltaram com ele para apurar os fatos, muitas investigações foram feitas, mas, sem sucesso. A casa foi fechada e um juiz deixou Fábio responsável pelo lugar, até que se encontrasse algum herdeiro, o que acabou não acontecendo. Depois de três meses, sem poder lançar mão do espólio, Fábio alertou ao curador que seria impossível manter a fazenda funcionando. Com autorização judicial, todos os animais foram vendidos e depois de todas as coisas terem sido acertadas, funcionários indenizados e dispensados, a fazenda foi lacrada até que alguém viesse a reivindicar a propriedade. Mais do que nunca, a fama de assombrada da fazenda se perpetuava.



Passaram-se anos, a fazenda estava deteriorada, o terreno era mato puro e troncos retorcidos e secos, uma pena ver aquela imponente construção naquele estado. Um moço curioso e sem casa invadiu a propriedade em busca de abrigo estava vazia mesmo, dormir uma noite numa cama velha sob um teto seria bom, coitado do rapaz, mal adormeceu acordou aos sobressaltos com uma lâmina solta no ar, próxima ao pescoço...


*Imagem - Fonte - Google
*comciencia.br
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 05/05/2020
Reeditado em 05/05/2020
Código do texto: T6938078
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.