PETISCO (terror/mistério)

A cada passo que dava Olavo sentia seus ossos se trincarem, na noite anterior depois de uma esbórnia memorável na casa de Leandro, pouco se lembrava do que tinha acontecido, estranhou apenas o amigo médico estar tão sóbrio, ele tão louco ainda e todo doído. As mulheres que levaram pra lá estavam umas sóbrias e duas desfalecidas, na verdade pareciam mortas, mas, estava tudo tão confuso em sua mente que achou que era somente ilusão de ótica.

Tomando o caminho de casa, não se sentia bem mesmo, um gosto acre na boca, um formigamento no baixo ventre e aquela sensação que seus ossos trincavam enquanto dava suas passadas. Foi bem difícil chegar até o portão de sua casa, ao alcançar o primeiro degrau da entrada, desabou percebendo que os seus membros não respondiam mais, estava consciente e com um gosto muito ruim na boca, babava acinzentado e o formigamento era insuportável.

A camisa estava meio aberta e percebeu um corte que como não conseguia se mexer, não podia saber até onde ia, mas, supunha que ia até a pélvis, ficou apavorado, o que teriam feito com ele naquela casa. Não conseguia falar, gritar, se mexer, a rua estava vazia, o desespero tomou conta dele e estava sozinho, absurdamente impotente e só.

Num indecente hotel de beira de estrada, lá para os lados de São Paulo, um trio todo vestido de branco, tomava vinho tinto barato, comendo petiscos sangrentos e repetindo.
- Que delícia Olavinho, que delícia Olavinho!
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 14/04/2020
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