SEM ÁGUA BENTA (terror/vingativo)

Gargantas endurecidas
Jorros de sangue no chão
Mulher embrutecida
Com facão na mão

Muitos motivos haviam
Para tamanha brutalidade
Vingança por coisas que aconteciam
Terminada agora de verdade

Foram tantas madrugadas
Noites insones chorosas
Sob xingamentos e pancadas
Os homens da casa eram pedras preciosas

Duros, ignorantes e letais
Abusivos pai e irmão
Suas vontades eram 'reais'
Para eles ela era um cão

Nunca irmã e filha
Sem desejos apenas aceitação
Se acostumou a ser uma ilha
Carne cercada de submissão

O pai queria outro menino
A mãe Verdana, parira uma garota
Com a rejeição ele foi cretino
Ela morreu cedo, de gota

A morte fez o pai Olavo endurecer
Para  ela o pai e o irmão seus alvos viraram
Quando Leandro cresce ela deseja morrer
A ela somente maltrataram

O tempo passava e ela sofria
Estava magra e só ruminava rancor
Doída num dia em que chovia
Resolveu num ânimo, com furor

Passou até as sobras comer
Não lhe escapava sequer um naco de pão
O objetivo era se fortalecer
O ódio lhe arruinava a noção

Cada dia mais fortalecida
Um grande facão passou a afiar
Apanhava calada, mas, doce homicida
Agora precisava se organizar

A ocasião se fez numa bebedeira
Lua cheia e boca sedenta
Facão na mão, fúria, cegueira
Redenção sem água benta
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 21/02/2020
Reeditado em 26/02/2020
Código do texto: T6871536
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