Olho pela fresta
Ele está lá
A observar
O escurecer
Com seus olhos nefastos
Velho nojento
Cheio de escuridão
O que me intriga
São seus olhos de abutre
Tratei um fim
Àquele que precisa
Deixar este mundo
Através da sentença escrita por mim:
— A morte
Abro a porta
A noite será a testemunha
E a escuridão meu triunfo
O velho possui algo intrépido
Que me incomoda
Logo terei o mal trabalho
De sujar as minhas mãos
Um gato preto passa a rua
E um corvo me observa em uma velha árvore
A noite, a lua e o coração
São seres que palpitam
Cheguei na casa do velho
Por certo sua surdez
Foi o melhor disfarce
Para meu ranger da porta;
Encontro o
Rapidamente
A luz do lampião
Reflete nos seus olhos o horror de uma morte calada
Cada punhalada é disfarçada e abafo o grito com minhas mãos sagazes
O seu coração palpita forte
Pela última vez
Escondo-o embaixo do assoalho
O problema nunca é o crime
E sim o que fazer com o corpo
Volto para casa me refazer
A ele a morte
A mim viver
Ha-ha-ha
Volto e fico a observar
Movimentos
Desconfiar
Dias a passar
Seria um crime
Somente a mim, recordar?
A polícia
Aparece na casa do velho
Eu bom vizinho
Vou lá assuntar
Os policiais polidos
Nunca de mim, iriam desconfiar
Disse lhes que o velho foi viajar
Lugar distante sem voltar
Todavia escutei um bater quase fixo
Era um tic-tac? Não!
Um pulsar de um coração
Policiais conversavam entre si
Dando um rumo a investigação
Eu procurando de onde vinha
Aquele ruído
Sem querer deduzir o óbvio
O assoalho
O velho
O coração
Os polícias param acima
Do meu intrépido algoz
Por certo também
Ouviam o coração
Estava a suar
Sem entender o que fazer
Por qual razão tão, tenros jovens
Não dão um fim na investigação?!
Eles olham novamente para mim
Eu grito:
— Confesso foi eu
Tire o daqui!
Embaixo do assoalho
Levem-no!
Jovens estarrecidos
Não entendem o ocorrer
Puxam a tábua e o velho morto a aparecer
Eu grito:
— O quê?
O coração não está a bater?
Com as algemas os policiais vieram
Me prender.
🖤🖤🖤🖤
Minha releitura de Edgar Allan Poe