A FOME DA RECÉM PARIDA - 2 de 2 (dedicado a autora Iolanda Pinheiro)
continuando...
Mesmo sem ter quaisquer problemas de saúde, o Dr. Luiz Cláudio Santos resolveu manter Iolanda internada, por dois motivos simples:
- para que o pai dela pudesse se organizar, pois precisava agilizar velório e enterro de sua amada Cecília bem como, arrumar uma babá e ama de leite para a filha, Leandro ainda não conseguia nutrir amor por aquela criança. Acreditava que ela era a culpada pela morte dela e pelo sentimento de agonia que o consumia, amava sua esposa Cecília demais.
- para que pudesse estudar Iolanda uns poucos dias mais.
Pena que não houve tempo suficiente para tais questões.
Na saída de seu plantão no dia seguinte, o Dr. Luiz, cortou o antebraço num bisturi e precisou levar quatro pontos, coisa pouca afinal acidentes acontecem. Antes de registrar a sua saída, foi dar mais uma olhadinha em Iolanda, a bebê calada e linda que o intrigava. O odor de sangue era fraco, mas, fez a menina salivar, o olhar que queimou o médico atingiu apenas a ele, sem fumaça, inodoro e fatal. Em sua ronda habitual a enfermeira chefe Norma Aparecida o encontrou estendido no chão, sem os olhos nas órbitas e branco como leite, só que apuraram não ter havido fogo naquele hospital, como foi que a perícia indicava axfixia...até encontrarem seus olhos deitados no fundo de sua goela sem a língua. No baby-leito de Iolanda, no cantinho do lábio rosado repousava uma linhazinha de sangue ressequido. Mais uma vez a Polícia não conseguiu apurar o que aconteceu.
Leandro Severo pai de Iolanda, organizou sua vida e contratou Rosa Alves como babá, ela ficaria encarregada de trazer leite materno do banco de leite do hospital. A primeira semana transcorreu normalmente, só que Leandro só olhava a filha de longe e as perguntas que fazia à Rosa eram básicas e práticas, não havia amor envolvido, Iolanda chorava cada vez que ele saia, pobre menina pensava Rosa, sem ter este entendimento ainda, sentia o distanciamento do pai. O que a inocente Rosa não enxergava, era o tom do choro, parecia raiva e não falta.
Ao final de três meses Maria Augusta, a empregada/governanta de Leandro, perguntou se ele não iria criar um vínculo maior com menina, pois alguns empregados andavam comentando 'à boca pequena' que ele não gostava da filha, claro que ninguém tinha nada a ver com a vida dele, não deixava faltar nada à menina, mas, comentários vazam e ele era um homem público, um Senador, a propagação das falas poderia arranhar a sua credibilidade, ele apenas ouviu. Não se preocupava muito com isso, dali há poucos anos um internato na Inglaterra resolveria qualquer burburinho, só de olhar para Iolanda seu coração rasgava de saudade de Cecília.
Na tarde seguinte à esta conversa, Augusta se corta ao quebrar uma taça de cristal no bar, nada grave que um curativo bem justinho não resolvesse. Iolanda no colo de Rosa começou a chorar de modo convulsivo, suas narinas transpiravam e sua boca vertia baba, parecia possuída. Numa cena horripilante, Augusta tira a própria vida com um picador de gelo, com estocadas brutais, o pânico e tumulto na cobertura foi avassalador e Iolanda caiu em sono profundo nos braços de Rosa.
Sendo um homem influente Leandro rapidamente abafou o acontecido. Começava a achar que Iolanda era um mal em sua vida, algo muito ruim rondava a sua pequena existência. Cada vez ia menos ao quarto da menina, sentia um peso enorme na atmosfera dentro dele.
Pouco mais de uma semana da morte de Augusta, Rosa acorda a casa inteira com seus gritos, encontram a moça com os seios desnudos dilacerados e a mamadeira quebrada no chão, no berço uma Iolanda com a boquinha cheia de sangue, arrotava.
A cena de horror, fez com que Leandro tivesse a certeza de que aquela criança era o mal personificado e enquanto os outros funcionários chamavam uma ambulância para a pobre Rosa, num gesto desesperado e insano, Leandro atira Iolanda pela sacada da cobertura e o 'mal' vai caindo arrastando consigo uma gargalhada gutural na boquinha dos dentinhos de navalha...
Desesperado não se reconhecendo mais, Leandro também se atira pela sacada, apagando aquela 'nunca família' da história.
...será mesmo um final...
*Imagem - Fonte _google
*depositphotos.com
continuando...
Mesmo sem ter quaisquer problemas de saúde, o Dr. Luiz Cláudio Santos resolveu manter Iolanda internada, por dois motivos simples:
- para que o pai dela pudesse se organizar, pois precisava agilizar velório e enterro de sua amada Cecília bem como, arrumar uma babá e ama de leite para a filha, Leandro ainda não conseguia nutrir amor por aquela criança. Acreditava que ela era a culpada pela morte dela e pelo sentimento de agonia que o consumia, amava sua esposa Cecília demais.
- para que pudesse estudar Iolanda uns poucos dias mais.
Pena que não houve tempo suficiente para tais questões.
Na saída de seu plantão no dia seguinte, o Dr. Luiz, cortou o antebraço num bisturi e precisou levar quatro pontos, coisa pouca afinal acidentes acontecem. Antes de registrar a sua saída, foi dar mais uma olhadinha em Iolanda, a bebê calada e linda que o intrigava. O odor de sangue era fraco, mas, fez a menina salivar, o olhar que queimou o médico atingiu apenas a ele, sem fumaça, inodoro e fatal. Em sua ronda habitual a enfermeira chefe Norma Aparecida o encontrou estendido no chão, sem os olhos nas órbitas e branco como leite, só que apuraram não ter havido fogo naquele hospital, como foi que a perícia indicava axfixia...até encontrarem seus olhos deitados no fundo de sua goela sem a língua. No baby-leito de Iolanda, no cantinho do lábio rosado repousava uma linhazinha de sangue ressequido. Mais uma vez a Polícia não conseguiu apurar o que aconteceu.
Leandro Severo pai de Iolanda, organizou sua vida e contratou Rosa Alves como babá, ela ficaria encarregada de trazer leite materno do banco de leite do hospital. A primeira semana transcorreu normalmente, só que Leandro só olhava a filha de longe e as perguntas que fazia à Rosa eram básicas e práticas, não havia amor envolvido, Iolanda chorava cada vez que ele saia, pobre menina pensava Rosa, sem ter este entendimento ainda, sentia o distanciamento do pai. O que a inocente Rosa não enxergava, era o tom do choro, parecia raiva e não falta.
Ao final de três meses Maria Augusta, a empregada/governanta de Leandro, perguntou se ele não iria criar um vínculo maior com menina, pois alguns empregados andavam comentando 'à boca pequena' que ele não gostava da filha, claro que ninguém tinha nada a ver com a vida dele, não deixava faltar nada à menina, mas, comentários vazam e ele era um homem público, um Senador, a propagação das falas poderia arranhar a sua credibilidade, ele apenas ouviu. Não se preocupava muito com isso, dali há poucos anos um internato na Inglaterra resolveria qualquer burburinho, só de olhar para Iolanda seu coração rasgava de saudade de Cecília.
Na tarde seguinte à esta conversa, Augusta se corta ao quebrar uma taça de cristal no bar, nada grave que um curativo bem justinho não resolvesse. Iolanda no colo de Rosa começou a chorar de modo convulsivo, suas narinas transpiravam e sua boca vertia baba, parecia possuída. Numa cena horripilante, Augusta tira a própria vida com um picador de gelo, com estocadas brutais, o pânico e tumulto na cobertura foi avassalador e Iolanda caiu em sono profundo nos braços de Rosa.
Sendo um homem influente Leandro rapidamente abafou o acontecido. Começava a achar que Iolanda era um mal em sua vida, algo muito ruim rondava a sua pequena existência. Cada vez ia menos ao quarto da menina, sentia um peso enorme na atmosfera dentro dele.
Pouco mais de uma semana da morte de Augusta, Rosa acorda a casa inteira com seus gritos, encontram a moça com os seios desnudos dilacerados e a mamadeira quebrada no chão, no berço uma Iolanda com a boquinha cheia de sangue, arrotava.
A cena de horror, fez com que Leandro tivesse a certeza de que aquela criança era o mal personificado e enquanto os outros funcionários chamavam uma ambulância para a pobre Rosa, num gesto desesperado e insano, Leandro atira Iolanda pela sacada da cobertura e o 'mal' vai caindo arrastando consigo uma gargalhada gutural na boquinha dos dentinhos de navalha...
Desesperado não se reconhecendo mais, Leandro também se atira pela sacada, apagando aquela 'nunca família' da história.
...será mesmo um final...
*Imagem - Fonte _google
*depositphotos.com