A FOME DA RECÉM PARIDA - 1 de 2 (dedicado a autora Iolanda Pinheiro)

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Horas infindáveis de gritos e gemidos de dor, enfim Iolanda nasceu, ensanguentada e calada. Sua mãe Cecília desencarnou quase que de imediato, a causa mortis entraria para os anais da medicina, pois a pobre parecia 'comida' por dentro...lhe faltavam pedaços de órgãos, talvez por este motivo tenha tido um parto de tanto sofrimento...aquele caso precisaria mesmo ser estudado...muito estranho...

Ao ser limpa, antes de ser entregue para uma ama de leite no hospital, Iolanda tremeu no colo da enfermeira. A mesma se ferira levemente nos procedimentos do parto e duas ínfimas gotículas de sangue, lhe decoravam o antebraço, a boca da recém parida aguava. Num movimento inesperadamente rápido, a enfermeira Verdana sente uma fisgada e sua pequena ferida aumenta, num gesto lépido entrega à outra colega a bebê, indo lavar o ferimento. Comenta com  seus colegas o acontecido e verificando a boquinha de Iolanda percebem que entre a gengiva e o lábio superior já existem dois dentes incisivos, finos e retos...como pequeninas navalhas brancas, aquilo virou o principal assunto no hospital. A ama de leite, ficou com medo de dar de mamar àquela menina, pois poderia ter o bico dos seios dilacerados, então, seu leite foi colhido e administrado à bebê Iolanda com uma mamadeira. A ama de leite, Sandra pensou ter visto um olhar de fúria nos olhos dela...estava imaginativa demais, precisava assistir menos filmes de terror, daqui há pouco estaria confundindo ficção com realidade.

Na manhã seguinte, Sandra foi encontrada na UTI neonatal sufocada com uma mamadeira cheia, enterrada em sua garganta vazia de língua, sem sangue aparente, a Polícia foi chamada, mas, não havia câmeras na UTI neonatal, tampouco no corredor daquela ala. Na análise das outras, ninguém estranho acessara aquela área.


continua...




*Imagem - Fonte - Google
*depositphotos.com
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 01/02/2020
Reeditado em 04/02/2020
Código do texto: T6855639
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