SUBMUNDO DO ESPELHO DOURADO
(terror/psíquico/mistério)
Cada novo dia era um outro dia, bipolar...poderiam alguns dizer sobre sua personalidade, mas, era muito mais sério do que isso. Seu humor se alterava em segundos e suas reações e atitudes enlouqueciam as pessoas a sua volta. Fernanda Belle era um bólido, solto em espiral no olho de um furacão, um ser capaz de contar as mais lindas fábulas ou de arrancar a cabeça de um pássaro com um sorriso meigo estampado na face, uma perfeita anfitriã quando nos bons dias, uma assassina louca desvairada que escondia seus crimes de forma tão sutil, que alguém sempre era culpado em seu lugar. Nos exames não apresentava sinais de demência, mas, seu médico psiquiatra Dr. Luiz Santos, muitas vezes fora surpreendido pelos olhares belicosos dela, pura cobiça ou um devaneio por parte da mente dele, isso ele nunca pode comprovar, mas, que ficava mexido... Ah! Isso ele ficava, mas, precisava manter o bom senso na relação médico x paciente. Indicou-lhe um terapêuta de suas relações, o Dr. Leandro Severo, esperava que ele pudesse ajudar àquela mulher um tanto perdida e mal sabia ele, quantas ‘elas’ habitavam transtornadas dentro daquele ser.
Ela não tinha noção dessas atitudes, às vezes acordava sorridente, se espreguiçava lenta e docemente acarinhava Lex o seu gato persa, o único ser que a conhecia e também o único que em todas as mudanças de humor de Fernanda Belle, se safava ileso, como se fosse um elo de ligação entre seus mundos espelhados surreais.
Numa quarta-feira chuvosa ao tomar banho pela manhã, ela se observa lânguida no espelho dourado no banheiro e do nada seu olhar ganha um fogo intenso, começa a se maquiar ferozmente, tons fortes, preto profundo nos olhos, lábios vermelhos marcados, visual um tanto vulgar, busca roupas extremamente sensuais, saia curtíssima e botas vermelhas de cano até às coxas, uma mariposa do cais talvez aparentasse uma delicadeza maior do que ela, saiu trotanto nos saltos, pronta para abater ou ser abatida. O porteiro de seu prédio, nem pareceu reconhecer naquela mulher, a moça linda, tão tímida e recatada que morava naquele apartamento.
Já na rua, Fernanda Belle envereda por um beco de poucas casas e bares modestos, entra num deles aleatoriamente e pede um conhaque no balcão, toma de uma só vez e tonteia, mas, logo se recupera (Fernanda Belle não bebe habitualmente)...Segue reto na direção de um homem forte e alto, que aparentava ser um trabalhador braçal por causa das mãos calejadas, ela observara isso de longe. Junto dele agarra seu rosto e com um beijo longo, atrevido e invasivo põe as reservas do homem por terra, considerou-a louca...mas, gostou do ataque e na sua ingenuidade penial, deu corda àquela situação inusitada, depois de joguinhos sedutores arrastou-a para seu quarto num hotel barato e foi a última coisa que fez na vida, seus parcos lencóis amanheceram ensanguentados sob seu corpo frio e seviciado. Algumas ruas à frente botas e lenços com resto de maquiagem pesada, dormiam silentes dentro de uma caçamba de lixo. No prédio de Fernanda Belle, um porteiro atônito, abre passagem para uma moça tímida, descalça, que tentava a todo custo encompridar a saia diminuta, em vão...
Lex com um miado compreensivo, recebe sua chorosa dona na cama. Algumas horas depois Fernanda Belle se levanta, joga a saia curta no lixo e num banho longo se acalma, liga para o seu terapêuta para relatar que chegara em casa com uma roupa que não era dela de novo, não se lembrava de nada do que acontecera até aquele momento, ele sugeriu que ela fosse ao encontro dele e ela aceitou. Passando pelo espelho dourado no banheiro, ajeitou uns óculos antigos sem lentes, vestiu-se com roupas elegantes, sóbrias e de estilo antigo, alimentou Lex, renovou sua água e saiu, passando com um andar de idosa meio alquebrado pelo porteiro, foi a cata de um taxi.
O Dr. Leandro Severo tentou entender qual a personalidade que estava à sua frente, uma jovem numa atitude de velha, falando de dores, como se estivesse diante de um clínico e não um terapêuta, agiu de acordo com a situação. Em determinado momento tocou no assunto de uma roupa que não seria dela e a reação dela o pegou de surpresa...pediu um chá e ele a atendeu, mas, ela não tocou na xícara, só adoçou com um saquinho de açúcar que tirou da própria bolsa, mexeu o conteúdo e se afastou da chávena, se despediu passando pela recepção e foi embora. Quando ao final do expediente, a recepcionista do médico foi se despedir encontrou seu chefe caído no chão com uma xícara de chá na mão, soube depois que ele teve um mal súbito, pobre homem...
Fernanda Belle chega em casa esgotada, como se o peso de sua idade imaginária lhe minasse as forças. Como sempre Lex a recebe solidário, ela mergulha num sono profundo e acorda de madrugada com um gosto ruim na boca, vai até ao banheiro e ao começar a escovar os dentes observa sua imagem no espelho dourado e chamando por Lex, gatinha ao seu encontro como se um bebê fosse, aninha o animal nos braços, faz xixi na calça e torna a dormir já quase amanhecendo.
Ninguém no prédio sobre explicar, a queda da jovem tímida vestida de noiva que apareceu morta estatelada no jardim interno, seu gato com miados convulsivos e estridentes olhava pela janela...
* Imagem - Fonte - Google
(terror/psíquico/mistério)
“Quantas faces tem um espelho?
- Uma, responderás
... ledo engano...dependerá da hora do dia, do dia da semana, do teu estado de espírito ou quando a Lua virar...”
- Uma, responderás
... ledo engano...dependerá da hora do dia, do dia da semana, do teu estado de espírito ou quando a Lua virar...”
Cada novo dia era um outro dia, bipolar...poderiam alguns dizer sobre sua personalidade, mas, era muito mais sério do que isso. Seu humor se alterava em segundos e suas reações e atitudes enlouqueciam as pessoas a sua volta. Fernanda Belle era um bólido, solto em espiral no olho de um furacão, um ser capaz de contar as mais lindas fábulas ou de arrancar a cabeça de um pássaro com um sorriso meigo estampado na face, uma perfeita anfitriã quando nos bons dias, uma assassina louca desvairada que escondia seus crimes de forma tão sutil, que alguém sempre era culpado em seu lugar. Nos exames não apresentava sinais de demência, mas, seu médico psiquiatra Dr. Luiz Santos, muitas vezes fora surpreendido pelos olhares belicosos dela, pura cobiça ou um devaneio por parte da mente dele, isso ele nunca pode comprovar, mas, que ficava mexido... Ah! Isso ele ficava, mas, precisava manter o bom senso na relação médico x paciente. Indicou-lhe um terapêuta de suas relações, o Dr. Leandro Severo, esperava que ele pudesse ajudar àquela mulher um tanto perdida e mal sabia ele, quantas ‘elas’ habitavam transtornadas dentro daquele ser.
Ela não tinha noção dessas atitudes, às vezes acordava sorridente, se espreguiçava lenta e docemente acarinhava Lex o seu gato persa, o único ser que a conhecia e também o único que em todas as mudanças de humor de Fernanda Belle, se safava ileso, como se fosse um elo de ligação entre seus mundos espelhados surreais.
Numa quarta-feira chuvosa ao tomar banho pela manhã, ela se observa lânguida no espelho dourado no banheiro e do nada seu olhar ganha um fogo intenso, começa a se maquiar ferozmente, tons fortes, preto profundo nos olhos, lábios vermelhos marcados, visual um tanto vulgar, busca roupas extremamente sensuais, saia curtíssima e botas vermelhas de cano até às coxas, uma mariposa do cais talvez aparentasse uma delicadeza maior do que ela, saiu trotanto nos saltos, pronta para abater ou ser abatida. O porteiro de seu prédio, nem pareceu reconhecer naquela mulher, a moça linda, tão tímida e recatada que morava naquele apartamento.
Já na rua, Fernanda Belle envereda por um beco de poucas casas e bares modestos, entra num deles aleatoriamente e pede um conhaque no balcão, toma de uma só vez e tonteia, mas, logo se recupera (Fernanda Belle não bebe habitualmente)...Segue reto na direção de um homem forte e alto, que aparentava ser um trabalhador braçal por causa das mãos calejadas, ela observara isso de longe. Junto dele agarra seu rosto e com um beijo longo, atrevido e invasivo põe as reservas do homem por terra, considerou-a louca...mas, gostou do ataque e na sua ingenuidade penial, deu corda àquela situação inusitada, depois de joguinhos sedutores arrastou-a para seu quarto num hotel barato e foi a última coisa que fez na vida, seus parcos lencóis amanheceram ensanguentados sob seu corpo frio e seviciado. Algumas ruas à frente botas e lenços com resto de maquiagem pesada, dormiam silentes dentro de uma caçamba de lixo. No prédio de Fernanda Belle, um porteiro atônito, abre passagem para uma moça tímida, descalça, que tentava a todo custo encompridar a saia diminuta, em vão...
Lex com um miado compreensivo, recebe sua chorosa dona na cama. Algumas horas depois Fernanda Belle se levanta, joga a saia curta no lixo e num banho longo se acalma, liga para o seu terapêuta para relatar que chegara em casa com uma roupa que não era dela de novo, não se lembrava de nada do que acontecera até aquele momento, ele sugeriu que ela fosse ao encontro dele e ela aceitou. Passando pelo espelho dourado no banheiro, ajeitou uns óculos antigos sem lentes, vestiu-se com roupas elegantes, sóbrias e de estilo antigo, alimentou Lex, renovou sua água e saiu, passando com um andar de idosa meio alquebrado pelo porteiro, foi a cata de um taxi.
O Dr. Leandro Severo tentou entender qual a personalidade que estava à sua frente, uma jovem numa atitude de velha, falando de dores, como se estivesse diante de um clínico e não um terapêuta, agiu de acordo com a situação. Em determinado momento tocou no assunto de uma roupa que não seria dela e a reação dela o pegou de surpresa...pediu um chá e ele a atendeu, mas, ela não tocou na xícara, só adoçou com um saquinho de açúcar que tirou da própria bolsa, mexeu o conteúdo e se afastou da chávena, se despediu passando pela recepção e foi embora. Quando ao final do expediente, a recepcionista do médico foi se despedir encontrou seu chefe caído no chão com uma xícara de chá na mão, soube depois que ele teve um mal súbito, pobre homem...
Fernanda Belle chega em casa esgotada, como se o peso de sua idade imaginária lhe minasse as forças. Como sempre Lex a recebe solidário, ela mergulha num sono profundo e acorda de madrugada com um gosto ruim na boca, vai até ao banheiro e ao começar a escovar os dentes observa sua imagem no espelho dourado e chamando por Lex, gatinha ao seu encontro como se um bebê fosse, aninha o animal nos braços, faz xixi na calça e torna a dormir já quase amanhecendo.
Ninguém no prédio sobre explicar, a queda da jovem tímida vestida de noiva que apareceu morta estatelada no jardim interno, seu gato com miados convulsivos e estridentes olhava pela janela...
* Imagem - Fonte - Google