O MAL FERVE (terror pesado)
Paralelas que se cruzavam no horizonte rural, num trilha arborizada, cheia de animais de pasto e pássaros à montaria em seus costados, figuras pacíficas seguindo sua rotina imutável. Cenário de calmaria e limpa atmosfera, cercada de verde e céu ao alcance das mãos, clima ameno de brisas aprazíveis, morada dos deuses para muitos urbanos, exceto para Olavo, que foi parar por aquelas bandas fugido de seus crimes anormais, se é que existe uma normalidade entre os crimes bárbaros e brutais. Ele degolara pai e mãe por trocados, a mulher por ciúme doentio foi estuprada com arames e o que fez aos os filhos gêmeos, foi o que o levou para mais perto o inferno. Arrancou seus membros a dentadas e jogou seus pedaços na casa da amante, que também matou por asfixia, fugindo em seguida pelos caminhos até chegar até aquela cidadezinha perdida no Centro-Oeste. Não foi um ataque de fúria, um impulso violento por alguma contrariedade que lhe visitasse a mórbida cabeça, tudo foi apenas sua mente cruel e sórdida se encontrando com inocentes oportunos.
Nem nos primeiros anos fora uma criança normal, gatos apareciam dilacerados, ratinhos torcidos e coleguinhas de escola sempre machucados e que demonstravam medo ante a sua presença, mas, sempre se calavam, o mal rondava aquele apartamento na cidade de Tocantins, o subterrâneo dos inversos, a tampa quente da fornalha incandescia.
Com roupas simples armou o melhor teatro, um personagem simples, procurando trabalho por cama e comida, meio desmemoriado, desconhecendo ter uma família. O povo simples do lugar logo o acolheu e emprego logo conseguiu no roçado, trabalho duro, mas, com direito a um casebre mobiliado parcamente, cama, armário, mesinha e duas cadeiras, fogão à lenha, rede, mosquiteiro e uns trocados de paga, agradecido cumpria suas funções, sem muitas falas ou relacionamentos, sujeito sério, ateu, que nem perto da capelinha do lugar passava, sentia náuseas se por acaso se aproximasse muito de lá, o povo achava esquisito, mas, pobre homem, quem sabe o que já passara nesta vida pensavam. Pobres moços eram eles, não poderiam imaginar que aquele cordeiro de Deus era um Demônio em forma de gente.
A chama dentro dele só se resguardava, fervia tanto por dentro...por nada...que seu jeito de bom moço, meio arcado só fazia a pessoa descambar para uma dúvida, ao se deparar com aqueles olhos castanhos cheios de rubras veias, como quando se tem um ataque de tosse ou se está prestes a sufocar, ser estranho aquele, caladão, vivendo em seu mundo a parte.
Seu personagem se desvendou um dia à beira do Regato das Virgens, que tinha este nome, pois as moças do lugar costumavam se banhar ao entardecer dos Domingos depois da missa, os olhos de cobiça dos moços em nada se assemelhavam ao olhar de rapina de Olavo, não as via moças e sim, presas fáceis para seus desvarios cruéis. Elas nunca chegavam ao regato todas juntas, duas chegavam primeiro e depois outras três separadamente, iam fazendo o mesmo trajeto e lá curtiam as águas frescas, boas para recuperar as forças depois da lida, chamavam-se Belinha, Nanda Flor, Norminha, Luiza e Cecília.
Só que no Domingo seguinte Cecília e Belinha não apareceram ao encontro no regato, as outras muito estranharam, mas, imaginaram que alguma coisa as tivessem retido. Ao voltarem mais tarde pela trilha que se dividia e cada qual seguia o seu caminho, estranharam ver as sandálias rosadas de Belinha junto a um arbusto, Nanda Flor mais curiosa se abaixa e grita desesperada, pois os pezinhos alvos de Belinha estavam estraçalhados logo atrás do arbusto, juntamente com que restava de seu corpo, que parecia ter sido atacado à dentadas e junto dele ,o corpinho delicado de Cecília cortado ao meio. Choro, comoção, vômitos, desmaios, de um tudo aconteceu com elas naquele instante de pavor...o quê fazer, a incredulidade e o medo tolhia suas atitudes, até que Luiza a mais impulsiva das cinco arranca em corrida desabalada em busca de ajuda e encontra Olavo a mais ou menos um quilômetro de distância, lhe conta aos borbotões o acontecido e ele surdino, vai com ela ver o que aconteceu.
Deixando os corpos de Belinha e Cecília no mesmo lugar, segue com as moças para a capela, o Padre Fábio saberia o que fazer para acalmá-las. Olavo estremeceu ao avistar a capela e deixou que as moças seguissem sozinhas até lá, suava como um porco e seus olhos lacrimejavam gotas quentes, a febre de abate o consumia novamente. Correu até a casa mais próxima que era a do pai de Belinha informou o que acontecera e ganhou o mundo novamente, mas, durante a sua caminhada, em seu bolso tilintava o cordão de ouro com a foto da mãe que um dia pousara no colo de Belinha, aconchegado a um tufo de cabelo de Cecília...
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*brfreepik.com
‘Rústicos eram seus trajes e pensamentos, mas, sua alma tinha um negror nada bucólico, seu ar era melancólico, mas, seus olhos pulsavam com linhas rajadas de sangue’
Paralelas que se cruzavam no horizonte rural, num trilha arborizada, cheia de animais de pasto e pássaros à montaria em seus costados, figuras pacíficas seguindo sua rotina imutável. Cenário de calmaria e limpa atmosfera, cercada de verde e céu ao alcance das mãos, clima ameno de brisas aprazíveis, morada dos deuses para muitos urbanos, exceto para Olavo, que foi parar por aquelas bandas fugido de seus crimes anormais, se é que existe uma normalidade entre os crimes bárbaros e brutais. Ele degolara pai e mãe por trocados, a mulher por ciúme doentio foi estuprada com arames e o que fez aos os filhos gêmeos, foi o que o levou para mais perto o inferno. Arrancou seus membros a dentadas e jogou seus pedaços na casa da amante, que também matou por asfixia, fugindo em seguida pelos caminhos até chegar até aquela cidadezinha perdida no Centro-Oeste. Não foi um ataque de fúria, um impulso violento por alguma contrariedade que lhe visitasse a mórbida cabeça, tudo foi apenas sua mente cruel e sórdida se encontrando com inocentes oportunos.
Nem nos primeiros anos fora uma criança normal, gatos apareciam dilacerados, ratinhos torcidos e coleguinhas de escola sempre machucados e que demonstravam medo ante a sua presença, mas, sempre se calavam, o mal rondava aquele apartamento na cidade de Tocantins, o subterrâneo dos inversos, a tampa quente da fornalha incandescia.
Com roupas simples armou o melhor teatro, um personagem simples, procurando trabalho por cama e comida, meio desmemoriado, desconhecendo ter uma família. O povo simples do lugar logo o acolheu e emprego logo conseguiu no roçado, trabalho duro, mas, com direito a um casebre mobiliado parcamente, cama, armário, mesinha e duas cadeiras, fogão à lenha, rede, mosquiteiro e uns trocados de paga, agradecido cumpria suas funções, sem muitas falas ou relacionamentos, sujeito sério, ateu, que nem perto da capelinha do lugar passava, sentia náuseas se por acaso se aproximasse muito de lá, o povo achava esquisito, mas, pobre homem, quem sabe o que já passara nesta vida pensavam. Pobres moços eram eles, não poderiam imaginar que aquele cordeiro de Deus era um Demônio em forma de gente.
A chama dentro dele só se resguardava, fervia tanto por dentro...por nada...que seu jeito de bom moço, meio arcado só fazia a pessoa descambar para uma dúvida, ao se deparar com aqueles olhos castanhos cheios de rubras veias, como quando se tem um ataque de tosse ou se está prestes a sufocar, ser estranho aquele, caladão, vivendo em seu mundo a parte.
Seu personagem se desvendou um dia à beira do Regato das Virgens, que tinha este nome, pois as moças do lugar costumavam se banhar ao entardecer dos Domingos depois da missa, os olhos de cobiça dos moços em nada se assemelhavam ao olhar de rapina de Olavo, não as via moças e sim, presas fáceis para seus desvarios cruéis. Elas nunca chegavam ao regato todas juntas, duas chegavam primeiro e depois outras três separadamente, iam fazendo o mesmo trajeto e lá curtiam as águas frescas, boas para recuperar as forças depois da lida, chamavam-se Belinha, Nanda Flor, Norminha, Luiza e Cecília.
Só que no Domingo seguinte Cecília e Belinha não apareceram ao encontro no regato, as outras muito estranharam, mas, imaginaram que alguma coisa as tivessem retido. Ao voltarem mais tarde pela trilha que se dividia e cada qual seguia o seu caminho, estranharam ver as sandálias rosadas de Belinha junto a um arbusto, Nanda Flor mais curiosa se abaixa e grita desesperada, pois os pezinhos alvos de Belinha estavam estraçalhados logo atrás do arbusto, juntamente com que restava de seu corpo, que parecia ter sido atacado à dentadas e junto dele ,o corpinho delicado de Cecília cortado ao meio. Choro, comoção, vômitos, desmaios, de um tudo aconteceu com elas naquele instante de pavor...o quê fazer, a incredulidade e o medo tolhia suas atitudes, até que Luiza a mais impulsiva das cinco arranca em corrida desabalada em busca de ajuda e encontra Olavo a mais ou menos um quilômetro de distância, lhe conta aos borbotões o acontecido e ele surdino, vai com ela ver o que aconteceu.
Deixando os corpos de Belinha e Cecília no mesmo lugar, segue com as moças para a capela, o Padre Fábio saberia o que fazer para acalmá-las. Olavo estremeceu ao avistar a capela e deixou que as moças seguissem sozinhas até lá, suava como um porco e seus olhos lacrimejavam gotas quentes, a febre de abate o consumia novamente. Correu até a casa mais próxima que era a do pai de Belinha informou o que acontecera e ganhou o mundo novamente, mas, durante a sua caminhada, em seu bolso tilintava o cordão de ouro com a foto da mãe que um dia pousara no colo de Belinha, aconchegado a um tufo de cabelo de Cecília...
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