O Aborto
> O aborto
A atendente com um jaleco sujo e encardido falou o nome da Lara, as duas fizeram um sinal com a mão e a atendente falou:
— Podem entrar nesta sala de espera para fazer o seu pré-natal.
— Trouxe o absorvente? Lorena arregalava os olhos assustada.
— Por que absorvente? Lara abaixou a cabeça e disse que não, esquecera. Então incluiremos se for necessário ao seu pré-natal, falava a atendente que tinha um piercing estranho no nariz. E sentaram, nesta sala de espera eram três só a Lara que tinha acompanhante.
— Aguardem aqui. Por motivos de segurança você sairá por outra porta, por isso deve pagar o pré-natal antecipado. Lorena levantou e disse:
— Moça, muito estranho essa clínica nunca vi isto. Pagar antecipado e sair pelos fundos.
Lara segurava o braço da amiga e disse:
— Calma Lorena, e dava o valor da consulta em um envelope. Agora Lara falava baixinho com Lorena:
— É o melhor que pude pagar, Lorena observava o estado da amiga:
— Lara você esta tremula é só um pré-natal, acostume-se serão muitos daqui pra frente, e Lara respondia a amiga:
— Sei lá Lorena, estou nervosa (não era para menos daqui a pouco vou retirar o meu filhinho daqui de dentro.) E Lara começou a chorar, Lorena não entendia só disse:
— Calma amiga, e entrou uma para o pré-natal, não retornando, e entrou a outra, agora a próxima era a Lara que pegava firme e forte nas mãos da amiga tal qual uma criança que esta com medo de algo. Lorena olhava para os lados, aquela clínica era assustadora, aquela atendente mascando chiclete dando risadinhas e falando com uma enfermeira, Lorena começava a observar aquelas duas que cochichavam entre elas:
— Olhe só o desespero daquela ali é o primeiro pré-natal dela e a enfermeira confirmava o comentário dando risadinhas que Lorena não entendia a graça da situação. De repente um grito. Coisa bem estranha. Ecoou naquele consultório, o grito se sucedia de: — Aí... aí.... Ui.... Aí.... E Lara se levantou Lorena a acompanhou, a atendente e a enfermeira olhava as duas e com toda a naturalidade do mundo disse:
— Calma é o procedimento, as vezes rola uns gritinhos nada demais. Inocente esta tua amiga não? Não sabe o que ocorre num pré-natal. Lorena agora sentada. E a moça lá dentro continuava gemendo, Lorena ficou incomodada com o comentário irônico da atendente e respondeu:
— Não, não sei nunca fui a um pré-natal, Lara suava frio o nervosismo tinha tomado conta dela, ela não sabia que um aborto doeria, pensava que eles iriam dar alguma coisa depois ela abortaria. A enfermeira olha para as duas e diz:
— Calma é que o pré-natal dela (a moça que entrara no consultório antes da Lara) é mais complicado, gravidez avançada entende? Lorena já agia com desconfiança e segurava forte a mão da Lara. Ambas estavam muito assustadas. E Lara só colocava a mão no seu ventre pensando no que iria acontecer daqui a pouco. Os gritos cessaram um silêncio tomou conta do consultório, a atendente já não estava mais lá, nem a enfermeira, passado se um tempo, o doutor que pasmem era barbudo, com um copo descartável de café, tomando seu café calmamente, parecia um visual desleixado, chamou: — Próximo.
O aborto [Parte 2]
E Lorena quis entrar com a Lara: — Sinto muito não pode acompanhar ela. E surge como do nada a atendente. — Vamos te acompanhar a outra sala, a de saída, e levaram Lorena que olhava com os olhos brilhantes para a amiga:
— Se cuida, é só um pré-natal, te espero ali. E foi. O doutor fechou a porta, veio uma velha e deu um avental branco e disse a Lara:
— Vista!
Lara olhou e disse:
— Aonde?
— Pode ser naquele canto... Apontava a velha a um biombo no canto do consultório que não escondia nada. Lara deixou suas roupas em uma cadeira, só de avental e o seu tênis. Lara orava na sua mente o nervosismo era tremendo ao voltar do biombo, ela observou muita sujeira naquele consultório e respingos de sangue. O doutor falou:
— Ande logo quero ir almoçar tomando mais um gole do seu café. Lara deitou numa espécie de maca, e o doutor falou:
— Abra as pernas, a velha veio com uma bandeja com várias tesouras e provavelmente bisturis e outros instrumentos que pareciam enferrujados, a velha pergunta:
— Trouxe o absorvente?
— Não... Lara olhava assustada para aquele homem e aquela mulher.
...
Lorena
Quando aquele doutor chamou a Lara, não sei me deu um jeito estranho, a propósito, tudo aqui é estranho essas atendentes, este local. Parece que estamos escondidos, perguntei a moça atendente quanto tempo demora e ela disse:
— Depende do estágio da criança quando é novinho é rápido, quando o estágio esta avançado demora, é mais arriscado:
— Meu Senhor o que tem de arriscado em um pré-natal? pensei. Via aquela atendente, e eu naquela sala vazia esperando a Lara, logo perguntei:
— Posso ir ao banheiro?
— Pode, disse a atendente que não parava de mascar aquele chiclete:
— Não repare a bagunça, é logo a esquerda, estamos sem faxineira.
Realmente aquele banheiro estava nojento, mas não fui para usar o banheiro, fechei a porta ajoelhei e comecei a orar. Precisava, era mais forte do que eu. Estava me sentindo angustiada.
"Senhor, protege a Lara, que o seu pré-natal seja tranquilo, protege aquela criancinha Pai, dá um desenvolvimento bom para o nenezinho da minha amiga. — Oh Senhor dê capacitação ao médico. Amém".
Já tinha uma mulher batendo na porta, puxei a descarga e lavei as mãos (para demonstrar que realmente estava usando o banheiro) e voltei ficar sentada. Fiquei calada. Se ouvisse algum grito eu arrombaria aquela porta e tiraria a minha amiga de lá.
> Lara e Lorena em fuga
— O que estou fazendo aqui?
— Nesta Sala de consultório com este avental encardido?
— Pronta a assassinar meu filho! Ele tem vida e está aqui dentro de mim.
— Não, não foi isto que aprendi, — Meu Deus o que estou prestes a fazer é errado!
E a velha veio, e desta vez com uma seringa, apertando-a deste modo saindo um pequeno líquido pela agulha. Eu? Já estava prestes a sair correndo...
Mas não posso.
— Como vou encarar a todos grávida?
— Mãe solteira?
— A filha do pastor, o exemplo para os jovens...
E o médico que nem sei se realmente é médico disse assim: — Espere um pouco e começou a atender o celular, foi um alívio, uma gota de suor correu frio meu rosto, passei a mão mais uma vez no meu ventre e não sei se é coisa da minha cabeça, senti um pulsar inexplicável. Comecei a orar em espírito.
A velha? Deu risada: — Nem se apegue menina, já esta aqui faça o que tem de ser feito.
Levantei.
E ela vinha na minha direção com a agulha, e eu disse a ela:
— N—ã—ã—ã—ã—o!
E a velha dizia, você já pagou nós não devolvemos o dinheiro, pense bem, você é tão jovem e bonita com uma barriga?
Pense menina é rapidinho vamos tentar fazer rápido pois é quase a hora do almoço do doutor, abra as pernas que vamos retirar isto de você. E eu repeti:
— N—ã—ã—ã—ã—o! podem ficar com o dinheiro não vou fazer...
Neste instante o médico aparece desesperado com o celular na mão dizendo:
— Sujou, a casa caiu, a casa caiu o vigia (moleque que ficava na esquina vigiando a vizinhança) acabou de informar que a polícia está subindo, sujou, sujou...
A velha branca deu um grito, fuja, fuja, a polícia está subindo você vai presa se eles te pegarem fuja fuja!
Nem pensei de avental mesmo sai correndo dali de dentro imagina, eu grávida e presa é pra enfartar meu pai de desgosto, e sai correndo de lá, e vi a Lorena, ela disse:
— Graças a Deus menina, estava orando por você, vamos sair daqui, se for necessário junto todas as minhas economias que eu pago uma clínica melhor para você!
— Lorena aqui é uma clínica de aborto, a polícia está subindo aqui, se nós não sumirmos daqui agora, nós vamos presa.
— Presa? A Lara e a Lorena estavam desesperadas, e era uma correria sem medida, pessoas pra lá e pra cá, as meninas desesperadas saiam correndo a moça do piercing é aquela que mascava o chiclete, puxou a mão da Lara e disse:
— Vocês duas as certinhas querem ir presas?
Lorena desta vez que respondeu: — Não, aí meu Deus que escândalo que vergonha ir presa nem sabia disto.
— Vem comigo, Vem comigo dizia a moça do piercing.
Ela abriu a janela e tinha uma escada do tipo marinheiro que descia aos fundos da clínica, as três moças agora estavam descendo e a Lara nem se dava conta que estava com o avental de consulta, e desciam os cinco metros que a escada enferrujada levava.
— Rápido, rápido guria, eu não quero ir presa, rápido, e a moça do piercing pisava na cabeça da Lara pra descer o mais rápido possível, e Lara arranhando a mão descia, Lorena já estava lá em baixo, e ajudava a Lara terminar de descer a escada de incêndio, toda velha que em todo o percurso tremia parecia que iria cair.
As três lá embaixo, Lara olhou para Lorena e olhou para a moça do piercing que finalmente cuspia aquele chiclete velho. E perguntou:
— E agora?
— Agora guria corra, corra o mais rápido possível que a polícia está vindo aí.
Olhei pra cima é realmente a polícia tinha encontrado a escada, e dizia:
— Ei garotas, paradas, paradas!
A moça do piercing saiu correndo nós duas saímos correndo saindo daquele sujo beco, sorte que vesti meu tênis pensava a Lara, que corria e toda constrangida tentava tampar seu bumbum que estava exposto por conta do avental de consulta.
— Senhor Jesus, o que você iria fazer Lara? E eu estava servindo de cumprisse, falava a Lorena que conseguiam sair do beco, a moça do piercing, foi para as esquerdas e a Lara e a Lorena, pensaram e foram para as direitas era uma rua escura, e alguém pegou no braço da Lara, e puxou ela e a Lorena a voz misteriosa disse:
— Por aqui, por aqui! E fechou a porta, a polícia foi para as esquerdas e pegaram a moça do piercing.
*
Este texto esta em formato Conto, fazendo parte do meu livro.