O CRIME DO PASSEIO PÚBLICO  (terror/policial) Finalizado

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Um lindo e arborizado passeio público, noite alta, bancos de jardim vazios, exceto um. Ao longe pelo gradil que cerca o lugar, Fernando passa por ali a caminho de casa e estranhou ao perceber que como no local que sempre está trancado à noite, ainda tem uma mulher bem vestida, sentada de cabeça baixa em um dos bancos, chamando por ela, perguntando se ficou trancada...nenhum movimento ou som por parte dela, agora gritando, ele insiste, nenhuma resposta, preocupado vai procurar uma cabine de polícia. Numa rua bem próxima encontra uma, explica a situação e segue na viatura com dois policiais até o lugar. Os policiais, usam o foco forte de uma lanterna e gritam alto, sem resposta. Um dos policiais busca dentro do carro um binóculo e o que vê assusta, a mulher tem muito sangue num dos lados do rosto e mais ainda na blusa, ela parecia morta. Pedindo que Jordan aguardasse, fez as ligações necessárias, ambulância, perito e um chaveiro, para abrir o portão pois não conseguiram contato com o órgão responsável pelo lugar.

Quando tudo deu certo, se aproximaram da mulher com várias luzes, confirmando que ela estava mesmo morta. Segundo o perito, numa primeira análise, ela deveria ter sido assassinada há poucas horas e com um tiro do lado esquerdo da cabeça, uma pena disse em voz baixa, pois era uma mulher bem bonita, estava com uma bolsa de uma marca bem cara, roupas e sapatos elegantes, pobre moça.

Fernando foi até a delegacia prestar depoimento, o corpo no rabecão para a autópsia, o local do crime foi demarcado e um policial ficou acompanhando o perito. Horas depois a mulher já estava identificada, Maya Vinter Hell's, solteira, sem filhos, pais falecidos, filha única, milionária, empresária do ramo de perfumaria e cosméticos. Morava numa imensa mansão, numa área nobre muito distante do passeio público. Dois parentes próximos foram avisados. Quem fez os contatos foi o Sargento Alex, estranhou a frieza dos parentes, mas, talvez eles e a mulher no necrotério não tivessem muito contato, a investigação iria apurar se era só isso, afinal, a mulher tinha sido assassinada.

Fernando foi liberado, depois do depoimento e deixado seus contatos, mas, foi para casa curioso, o que aquela mulher milionária fazia naquele lugar, pensou.


Mais de uma semana depois, o testamenteiro, tabelião e inventariante recebe os parentes da defunta milionária, dez empregados pessoais da mesma, o Sr. Alex representante da seguradora e um homem soturno, que somente depois da leitura do testamento seria identificado aos demais. No cérebro do Dr. Jofre Ferraz, surgiu um pensamento...seria uma tarde de revelações...muito interessante...sentiu até uma pontinha de ansiedade.

Que o Circo inicie os trabalhos...muitos artistas em cena...

Primeiro - James Vinter, primo de primeiro grau por parte de mãe
Segundo - Denys Hell's, primo de segundo grau por parte de pai.
Terceiro - Luiz Cláudio Rural - motorista particular
Quarto - Sophie Trindade - secretária particular e única amiga verdadeira
Quinto - Ioland Belle- governanta
Sexto - Lilian Poema - cozinheira
Sétimo - Olavo  Trovas- mordomo
Oitavo - Eduardo Brut - responsável pela limpeza e manutenção da mansão junto com sua esposa  e uma empresa terceirizada para a limpeza pesada.
Nono - Rosa Alves Brut - esposa de Eduardo Brut
Dez - Jota Gonzalez - jardineiro
Onze - Cecile  Village - secretária na indústria farmacêutica
Doze - Kante Sonde  - segurança particular, sua sombra

Logo nas prmeiras linhas, muito choro e muitos sorrisos por parte dos empregados, um risco de sorriso nervoso se instalou nos lábios de Denys e Kante. 

Por desejo de Maya, a empresa passaria para a diretoria e maiores gerentes, com cotas de sociedade iguais para os demais funcionários, caso isso não fosse cumprido, a empresa seria fechada e apenas os funcionários, seriam regiamente indenizados, isso já era do conhecimento de todos há muitos anos, por este motivo, não havia ninguém da empresa, naquela reunião de leitura de seus póstumos desejos. Ali somente seu vultuoso patrimônio pessoal estava sendo dividido.

A estratégia adotada para a leitura por Jofre, fora criteriosamente indicada pela falecida...um belo acepipe para paladares surdinos...

Começançando a leitura...

- Para Lilian Poema, ficam a prataria e os dezessete castiçais de cristal e ouro, mais uma poupança com cem mil reais...a expressão de felicidade era latente no rosto da serviçal.

- Para Cecile Village, ficam os dois apartamentos funcionais próximos à fábrica/laboratório e um depósito em sua conta no exterior de cinquenta mil Euros, a reação foi de estupefação, ela parecia não acreditar, aliás nada esperava.

- Para Eduardo Brut e Rosa Alves Brut, deixo a casa na praia de Arraial do Cabo no Rio de Janeiro e uma poupança em conta conjunta de cem mil reais, a palavra 'conjunta' não pareceu ser bem digerida por Eduardo, mas, o sorriso largo de Rosa se abriu além da conta.

- Para Olavo Trovas, fica o apartamento em Londres, uma passagem só de ida para aquela cidade, passaporte internacional, cursos totalmente pagos de línguas e de patissérie na melhor escola da França, mais cinquenta mil Euros, além da recomendação de tradutores em ambas cidades, para os primeiros tempos. O pranto do mordomo beirava ao compulsivo.

- Para Ioland Belle, duas passagens de primeira classe para si e 'alguém' especial em sua vida, os passaportes internacionais, a loja de perfumes recentemente inaugurada na França, mais cento e cinquenta mil Euros, lá chegando, um advogado lhe daria mais detalhes. Sua reação foi de dever cumprido, inspirou fundo e agradeceu.

- Para Jota Gonzalez, ficam os dois carros blindados, o Bentley e o Camaro, mais cinquenta mil reais. O semblante fechado, denotava que não ficara satisfeito com o legado.

- Para Luiz Cláudio Rural, o sítio em Minas Gerais, bem como a criação de cabras, os doze cavalos e demais animais, veículos e maquinário, mais uma poupança de cem mil reais.

- Para Sophie Trindade, além da mansão onde Maya  residia, um depósito no valor de cinquenta mil reais e o conteúdo do cofre instalado no quarto de Maya na mansão, que era apenas do interesse de Sophie.

- Para o testamenteiro, inventariante e tabelião Dr, Jofre Ferraz, pelos muitos anos de serviços prestados à família, deixou a casinha de Búzios, a loja mais antiga também localizada lá e cem mil Euros já depositados em sua  conta corrente.

. Para Kante Sonde, deixou os agradecimentos pelos serviços prestados, além de três pares de algemas de ouro maciço, que após sairem dos seus pulsos e dos pulsos de seus primos James Vinter e Denys Hell's, por tramarem a sua morte, seriam parte integrante do pagamento do Detetive Alberto Valence (a soturna presença na sala de leitura do testamento e sendo também, seu MEIO IRMÃO, herdeiro de sua apólice de seguro, no valor de dez milhões de reais). Os primos jamais estariam em seu testamento, já haviam sugado demais de seu adorado pai, o subornaram por terem descoberto um deslize do passado, com medo de que Maya descobrisse o meio irmão, dilapidava o patrimônio para encher os bolsos de Denys, James e Kante, mas, Maya descobriu, secou a fonte e guardou o trunfo vingativo para esta hora, a cara dos três, deliciou o Dr. Jofre, pena que Maya não estivesse ali para presenciar o espetáculo.


Ela só não sabia quando e como seria, terminou acelerando o desfecho indo para o Passeio Público sozinha, só aguardando o que aconteceria, o gravadorzinho ligado dentro da bolsa cara, desvendava tudo, Maya já estava cansada de sua solidão, depois da morte precoce do pai, nada mais fazia sentido, fortuna não lhe trazia felicidade, sentiria falta apenas da saborosa Sophie...Ah! Sophie Sophie, que prazer lhe proporcionava com sua enorme variedade de 'brinquedinhos', que delícia...Deixara no cofre todas as suas jóias e uns 'brinquedinhos' que mandara copiar em ouro, só para ela, que saudade sentiria. Maya com suas observações textuais, fez ruborizar o tabelião Jofre.

Eduardo não tinha intenção de continuar casado com Rosa, mas, a herança o ligava a esposa de forma cruel...ou não...seu affair homosexual com Jota, não era tão sério assim, o peso da herança acabava com qualquer fogo no rabo e sua Rosa, ainda era bem gostosinha.

Jota não ficou satisfeito com o legado, pois com a morte de Maya, não poderia traçar aquela bundinha dura de Eduardo sem deixar rastros...quem sabe não comprava uma casa em Arraial do Cabo...

Kante fora apenas uma figura corrompida por Denys e James, sua ambição desmedida o cegou e perdeu o melhor emprego que poderia ter na vida, amargaria um remorso absurdo na cadeia. 

O alerta foi dado por Kante, James seguiu Maya e Denys atirou com a arma com silenciador. Demoraram uma semana na cadeia apenas, foram assassinados a  tijoladas no banho de Sol, por dois amigos antigos de Sophie do tempo de 'escola da vida', dois cafetões na verdade. Ter assumido a culpa pela surra que eles deram numa 'mariposa', os deixara lhe devendo favores, um ela acabara de cobrar. Ao ver nos jornais, os corpos ensanguentados de Denys e James estirados no chão, Sophie deu uma festa enoooorme, aproveitou para inaugurar um vibrador de ouro em honra de Maya.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 11/05/2019
Reeditado em 17/05/2019
Código do texto: T6644569
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