ARMA VELADA


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Mata mais do que um tiro certeiro, facada ou incêndio. Corrói como ferrugem, desterra um ser por dentro, vai minando as suas esperanças e oprimindo cada célula de defesa. Um turbilhão de dúvidas acaba por encarcerar su'alma dentro do coração, jogando a chave fora, esse monstro destrutivo chamava-se Finéas.

Se existe um homem sarcástico, torpe, vil e sem o mais ínfimo lastro de escrúpulos este homem chama-se Finéas, execrável figura, o que fazia com Eugênia não era de Deus, o aquela pobre mulher sofria, se calava e se anulava para não ser mais torturada, por ele era no mínimo humilhante.

Finéas era um homem maduro, vivido, conhecera Eugênia na fazenda do pai, um abastado comerciante de gado como ele próprio, jogou o laço sedutor e acertou em cheio o coração de Eugênia, a presa inocente, jovem, pura e bela. Para o casamento foi um zás, mudar de cidade, País, tudo em menos de um ano, chegou a atordoar a mente da moça, que por uns dias chegou a ter dúvidas se tinha feito a coisa certa, durante aqueles meses, simplesmente se deixou levar sem muito pensar, estava apaixonada, se tivesse percebido os sinais da verdadeira personalidade de Finéas, talvez, não estivesse há meses naquele  aposento minúsculo, insalubre, com pele e ossos sobre o corpo imundo, sofrendo todos os tipos de torturas físicas e psicológicas. Sem motivo algum, Finéas lhe presenteou na noite de núpcias com uma surra inominável, logo após a estuprou, Eugênia nunca sentiu tanta dor em sua vida, mais chorava e gemia, mais apanhava, desmaiava e apanhava, desconhecia aquele ser hediondo com quem cega e infelizmente se casara. Para se poupar de maiores torturas e ouvir injúrias sem sentido,  Eugênia a tudo se submetia e calava a duras penas sua dor, Finéas era totalmente louco. 

Longe de toda a sua família, escondida num quarto lacrado no fundo de uma fazenda do marido, a pão e água, definhava a olhos cegos, não poderia ser a olhos vistos, pois ninguém sabia onde ela estava e tudo que estava sofrendo, passou a se calar, rastejar para pegar água e comida, pois as forças já estavam abandonando o que um dia fora seu lindo corpo, já não lançava suas preces aos céus, talvez o inferno fosse mais doce.

Eugênia foi surrada pela derradeira vez, apenas por não ter conseguido se levantar quando Finéas chegou, mas, de repente, uma forte luz azulada invadiu o cômodo, cegando Finéas para sempre e um perfume suave de lírios velou o sono eterno de Eugênia, enfim, a redenção.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 23/10/2018
Reeditado em 24/10/2018
Código do texto: T6484508
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