PONTO CEGO (mistério/terror)
"...acidentes acontecem, por imperícia, falta de bom senso, desrespeito às leis e às pessoas, imprudência e falta de amor à própria vida e a do outro, que diríamos, então, quando há um ponto cego...'
Quando Belle e Santos mudaram para aquela planície verde esperança, podiam vislumbrar um horizonte imenso, lindo como um mar ondulante que se estendia até onde a vista podia alcançar, como eram felizes naquele lugar. Era de pura simplicidade a vida deles, plantavam o preciavam para existir, um canal de internet para não se alienarem do mundo, um laguinho para a criação de peixes, umas galinhas no quintal, em prateleiras sopa e carne enlatada pra variar o cardápio, sal, açúcar, café e farinha estocados, Sol, Lua, firmamento, amor e poesia, de nada mais precisavam, era a paz com sempre sonharam.
Os anos passavam, com suas estações climáticas preservadas, rotina da natureza que sempre os encantava, andavam sentindo falta de cães, pois sempre estiveram cercados de alguns e logo resolveram isso, ambos à cidade mais próxima e voltando felizes com pick-up cheia de ração, insumos diversos, alguns medicamentos e outros gêneros que precisavam, mas, a carga mais valiosa que transportavam eram dezesseis patinhas douradas, jovens e curiosas, ainda sem nome. Se a casa de Belle e Santos tivesse um nome, teria uma placa de madeira com a palavra 'RANCHO FELICIDADE', pois o ambiente exalava esse perfume.
Em pouco tempo oito patinhas douradas fêmeas receberam os nomes de Lipse (de apocalipse) e Loba, nomes que representavam suas personalidades. As oito patinhas macho, receberam seus nomes um pouco mais tarde, pois Santos e Belle não conseguiam definir o gênio daqueles dois, até que escolheram, Pastor e Doutor, eram animais observadores e cuidavam uns dos outros e de seus donos com muito zelo. Diferente de Lipse que era pura ventania e Loba que era "A" Poderosa, gostava de liberdade, dar corridas até sumir da vista e voltar esfomeada sem se importar se usurpava parte da ração de seus irmão, tinha um gênio forte, mas, zelava pelos donos muito cuidado. Juntos eram uma grande família. Belle e Santos só não gostavam muito, quando ela sumia de vista, ficando no ponto cego do horizonte, só mesmo por preocupação com aquela filha levada de quatro patas e porte imponente, todos eram sem raça, mas, mistos de pastor belga e labrador, lhes dando um porte forte e altivo. Eram caçadores natos, preás, ratos do mato e coelhos desavisados não escapavam de suas investidas. Por vezes deixavam um coelho aos pés de Belle, que fazia um guisado com legumes delicioso, que em agradecimento pela cortesia, dividia igualmente com todos os entes da família e a vida seguia abençoada, até o horizonte verde acinzentar em parte, a pick-up dar um defeito e perderem a comunicação com o resto do mundo, tudo isso no mesmo dia, Belle e Santos estavam intrigados...
Santos usou todos os seus conhecimentos de mecânica, mas, nada encontrava defeituoso no carro, só que ele simplesmente parou, sem internet, telefone ou família estavam ilhados no seu Paraíso particular, sem saber o que estava acontecendo no mundo, quem sabe alguma catástrofe possa ter afetado o ar ou o clima, pois seu horizonte verde acinzentava devagar. Numa tarde das afamadas correrias de Lipse, Belle observou que ao entrar na parte cinzenta de seu horizonte, Lipse também nublava o dourado dos pelos, comentou com Santos que rindo disse que deveria ter sido só uma impressão dela, só que curiosa, Belle ficou de olhos bem abertos ao retorno de Lise. Assim que ela apareceu na linha cinzenta, Belle percebeu que ela voltava ao tom dourado dos pelos, mas, achou que o horizonte estava acompanhando as passadas da cadela, como se a planície estivesse ficando menor. Belle pensou
- Devo estar mesmo preciando de óculos
Santos depois do jantar, acariciando o pelo de Belle, notou que parte do pelo de suas costas estava cinzento, trocou essa informação com Belle. Juntando as observações, foram para fora e viram que as árvores pareciam mais próximas e a área cinzenta em volta do rancho estava visivelmente menor, como saber o que estava acontecendo, ilhados naquela lonjura? De manhã teriam que empreender uma jornada de muitos quilômetros, precisavam de respostas às tantas perguntas.
'...só que esse tempo lhes foi furtado, de forma sufocante...'
O horizonte se acizentando rapidamente, em toda volta, foi se fechando, fazendo com que os cães latissem enlouquecidos, Belle e Santos viram estupefatos o mundo se apertando em volta do rancho, engolindo plantação, carro, galinhas, laguinho, seus cães e eles próprios sendo espremidos de forma dolorosa, os olhos esbugalhando até pularem das órbitas, os ventres explodiam, o ganir dos cães eram insuportáveis, o ar dos pulmões sumiu e nos seus extertores finais Santos soltou seu último grito...BELLE!!!
E tudo desapareceu num imenso ponto cego do Cosmo...
"...acidentes acontecem, por imperícia, falta de bom senso, desrespeito às leis e às pessoas, imprudência e falta de amor à própria vida e a do outro, que diríamos, então, quando há um ponto cego...'
Quando Belle e Santos mudaram para aquela planície verde esperança, podiam vislumbrar um horizonte imenso, lindo como um mar ondulante que se estendia até onde a vista podia alcançar, como eram felizes naquele lugar. Era de pura simplicidade a vida deles, plantavam o preciavam para existir, um canal de internet para não se alienarem do mundo, um laguinho para a criação de peixes, umas galinhas no quintal, em prateleiras sopa e carne enlatada pra variar o cardápio, sal, açúcar, café e farinha estocados, Sol, Lua, firmamento, amor e poesia, de nada mais precisavam, era a paz com sempre sonharam.
Os anos passavam, com suas estações climáticas preservadas, rotina da natureza que sempre os encantava, andavam sentindo falta de cães, pois sempre estiveram cercados de alguns e logo resolveram isso, ambos à cidade mais próxima e voltando felizes com pick-up cheia de ração, insumos diversos, alguns medicamentos e outros gêneros que precisavam, mas, a carga mais valiosa que transportavam eram dezesseis patinhas douradas, jovens e curiosas, ainda sem nome. Se a casa de Belle e Santos tivesse um nome, teria uma placa de madeira com a palavra 'RANCHO FELICIDADE', pois o ambiente exalava esse perfume.
Em pouco tempo oito patinhas douradas fêmeas receberam os nomes de Lipse (de apocalipse) e Loba, nomes que representavam suas personalidades. As oito patinhas macho, receberam seus nomes um pouco mais tarde, pois Santos e Belle não conseguiam definir o gênio daqueles dois, até que escolheram, Pastor e Doutor, eram animais observadores e cuidavam uns dos outros e de seus donos com muito zelo. Diferente de Lipse que era pura ventania e Loba que era "A" Poderosa, gostava de liberdade, dar corridas até sumir da vista e voltar esfomeada sem se importar se usurpava parte da ração de seus irmão, tinha um gênio forte, mas, zelava pelos donos muito cuidado. Juntos eram uma grande família. Belle e Santos só não gostavam muito, quando ela sumia de vista, ficando no ponto cego do horizonte, só mesmo por preocupação com aquela filha levada de quatro patas e porte imponente, todos eram sem raça, mas, mistos de pastor belga e labrador, lhes dando um porte forte e altivo. Eram caçadores natos, preás, ratos do mato e coelhos desavisados não escapavam de suas investidas. Por vezes deixavam um coelho aos pés de Belle, que fazia um guisado com legumes delicioso, que em agradecimento pela cortesia, dividia igualmente com todos os entes da família e a vida seguia abençoada, até o horizonte verde acinzentar em parte, a pick-up dar um defeito e perderem a comunicação com o resto do mundo, tudo isso no mesmo dia, Belle e Santos estavam intrigados...
Santos usou todos os seus conhecimentos de mecânica, mas, nada encontrava defeituoso no carro, só que ele simplesmente parou, sem internet, telefone ou família estavam ilhados no seu Paraíso particular, sem saber o que estava acontecendo no mundo, quem sabe alguma catástrofe possa ter afetado o ar ou o clima, pois seu horizonte verde acinzentava devagar. Numa tarde das afamadas correrias de Lipse, Belle observou que ao entrar na parte cinzenta de seu horizonte, Lipse também nublava o dourado dos pelos, comentou com Santos que rindo disse que deveria ter sido só uma impressão dela, só que curiosa, Belle ficou de olhos bem abertos ao retorno de Lise. Assim que ela apareceu na linha cinzenta, Belle percebeu que ela voltava ao tom dourado dos pelos, mas, achou que o horizonte estava acompanhando as passadas da cadela, como se a planície estivesse ficando menor. Belle pensou
- Devo estar mesmo preciando de óculos
Santos depois do jantar, acariciando o pelo de Belle, notou que parte do pelo de suas costas estava cinzento, trocou essa informação com Belle. Juntando as observações, foram para fora e viram que as árvores pareciam mais próximas e a área cinzenta em volta do rancho estava visivelmente menor, como saber o que estava acontecendo, ilhados naquela lonjura? De manhã teriam que empreender uma jornada de muitos quilômetros, precisavam de respostas às tantas perguntas.
'...só que esse tempo lhes foi furtado, de forma sufocante...'
O horizonte se acizentando rapidamente, em toda volta, foi se fechando, fazendo com que os cães latissem enlouquecidos, Belle e Santos viram estupefatos o mundo se apertando em volta do rancho, engolindo plantação, carro, galinhas, laguinho, seus cães e eles próprios sendo espremidos de forma dolorosa, os olhos esbugalhando até pularem das órbitas, os ventres explodiam, o ganir dos cães eram insuportáveis, o ar dos pulmões sumiu e nos seus extertores finais Santos soltou seu último grito...BELLE!!!
E tudo desapareceu num imenso ponto cego do Cosmo...