LÁBIOS SUTURADOS
" ...A porta se abre, se fecha, se abre, se fecha, nem sei se é dia ou noite, o vulto com capuz entra e ri, me chuta e se vai, depois de três dias, já nem sei o que é a realidade..."
Minha vida vazia, me fez numa noite fria, perambular pelos bares, quem sabe em busca de um ombro amigo, bebida e mais bebida, um colo vadio e prazer sem pudor ou agonia. Não era do tipo descartável, tinha lá meus atributos, nos bares aceitava tudo que me era oferecido, em troca de beijo, um sexo rápido nos banheiros, por pena ou letargia.
Num lugar mais ermo, entrei num inferninho, sujo, com caras soturnas enfiadas nos copos do balcão, já não enxergava mais ninguém naquele momento, os vultos se misturavam, alguém me deu um drink, sorvi sem nem saber o que era e não sei onde estou agora ou já há algum tempo, as coisas estão distorcidas. Sinto minhas mãos amarradas às costas, tento falar mas só emito grunhidos, estou um chão sujo, o ambiente tem um cheiro acre de mofo e bebida dormida, tudo escuro, meu estômago ronca, será que comi? não lembro...
Uma porta de abre e vejo um vulto alto de capuz que entra, gargalha, me chuta violentamente e sai, acho que desmaiei com a forte pancada. Não consigo abrir a boca, a dor me faz perceber que meus lábios estão suturados, sinto sede, náuseas tomam meu corpo ferozmente. Tento lenvantar, mas, a porta novamente se abre, o vulto entra rindo e me chuta, me chuta e a névoa volta, apago de novo...
Tento entender aquela situação, mas, nada me vem à mente vazia, só sinto dores, sede, frio, nojo e inexplicávelmente... fome.
Quanto tempo já se passou nem sei, já não sei mais o que é real, se vou acordar desse pesadelo, então, a porta se abre, a gargalhada do vulto vem, tento escancarar a boca suturada e o grito morre com a dor que isso provoca, uma saraivada de chutes e...
(Notícia do jornal da noite- Um corpo feminino foi encontrado nos escombros de uma construção abandonada, nos arredores de Moscou, sem identificação, sem roupas, com as mãos amarradas, com os lábios costurados e sangrentos, como se a pobre mulher tivesse se esforçado para abrí-los, estava muito machucada e trazia tatuada na testa a letra V, a reportagem não falava mais nada sobre o assunto).
Li a notícia com um prazer quase surreal, empurrei o capuz cinzento para trás, virei uma golada da vodka barata direto da garrafa e gargalhei...
Minha vida vazia, me fez numa noite fria, perambular pelos bares, quem sabe em busca de um ombro amigo, bebida e mais bebida, um colo vadio e prazer sem pudor ou agonia. Não era do tipo descartável, tinha lá meus atributos, nos bares aceitava tudo que me era oferecido, em troca de beijo, um sexo rápido nos banheiros, por pena ou letargia.
Num lugar mais ermo, entrei num inferninho, sujo, com caras soturnas enfiadas nos copos do balcão, já não enxergava mais ninguém naquele momento, os vultos se misturavam, alguém me deu um drink, sorvi sem nem saber o que era e não sei onde estou agora ou já há algum tempo, as coisas estão distorcidas. Sinto minhas mãos amarradas às costas, tento falar mas só emito grunhidos, estou um chão sujo, o ambiente tem um cheiro acre de mofo e bebida dormida, tudo escuro, meu estômago ronca, será que comi? não lembro...
Uma porta de abre e vejo um vulto alto de capuz que entra, gargalha, me chuta violentamente e sai, acho que desmaiei com a forte pancada. Não consigo abrir a boca, a dor me faz perceber que meus lábios estão suturados, sinto sede, náuseas tomam meu corpo ferozmente. Tento lenvantar, mas, a porta novamente se abre, o vulto entra rindo e me chuta, me chuta e a névoa volta, apago de novo...
Tento entender aquela situação, mas, nada me vem à mente vazia, só sinto dores, sede, frio, nojo e inexplicávelmente... fome.
Quanto tempo já se passou nem sei, já não sei mais o que é real, se vou acordar desse pesadelo, então, a porta se abre, a gargalhada do vulto vem, tento escancarar a boca suturada e o grito morre com a dor que isso provoca, uma saraivada de chutes e...
(Notícia do jornal da noite- Um corpo feminino foi encontrado nos escombros de uma construção abandonada, nos arredores de Moscou, sem identificação, sem roupas, com as mãos amarradas, com os lábios costurados e sangrentos, como se a pobre mulher tivesse se esforçado para abrí-los, estava muito machucada e trazia tatuada na testa a letra V, a reportagem não falava mais nada sobre o assunto).
Li a notícia com um prazer quase surreal, empurrei o capuz cinzento para trás, virei uma golada da vodka barata direto da garrafa e gargalhei...