GALOPES DORIDOS - PARTE I 


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" e o som dos galopes na madrugada, ainda me  assombram, nem consigo mais olhar pela janela a campina esverdeada, o barulho cadenciado dos cascos, provoca lembranças muito doloridas ...'



Depois de anos da morte de minha prima Tessa, encontrei num diário dela a frase acima, fiquei curiosa e o que trancrevo a seguir, é o resumo de uma história de desilusão e muito sofrimento. Não podem sequer imaginar o quanto senti, por não ter podido participar de sua vida, éramos amigas na infância, o tempo e a distância, nos desconectou.  Até eu voltar para nossa pátria e receber o velho casarão como herança. Jamais pensei que ela me incluiria em seu testamento. Eu já idosa, depois da leitura do diário decidi vender rapidamente o imóvel, com certeza repleto de  memórias de horror.


'James veio chegando de mansinho, com seu porte elegante, seus olhos negros profundos e um sorriso impressionantemente cativante. Imaginem só, um deus de beleza em cima de um cavalo poderoso no vigor e compleição física, impossível não se encantar. Eu Tessa, vivendo há anos no casarão vitoriano, herança de meus falecidos pais, com um casal, que considero como família, quase suspirei no primeiro dia em que aquela dupla apareceu. Sou uma pessoa de posses, mas, simples, singela, adoro um pé na grama, plantar e colher flores e temperos com as mãos. Os vestidos mais formais, são bem comuns, tão inesperados aos olhos dos banqueiros e comerciantes com quem tenho que lidar nas idas à cidade, sempre esperam dada a minha posição financeira, que eu seja um modelo de elegância, mas, adoro conforto, praticidade, sou uma moça do campo, que teve a oportunidade de ser bem criada, ter nascido em berço de ouro e ser estudada. Só que perdi meus pais quando era pouco mais que uma adolescente, aprendi a administração da imensa propriedade com o auxílio de Estevão e Abigail, fiéis assistentes de meus pais, que me ensinaram a lida e eu fui boa aluna, tudo seguiu seu rumo como meus pais se orgulhariam, se aqui estivessem. Só doía a solidão, então, quando aquele sonho montado apareceu, as emoções pulularam dentro do peito. Conhecera outros rapazes, mas, nunca me interessara de verdade por nenhum deles, até aquele momento.

Quando James apareceu, fazendo perguntas sobre uma propriedade próxima que estava à venda, interrogações comuns, sobre a fertildade da terra, o clima do lugar, proximidade de água para irrigação, pessoas disponíveis para contratação, tudo normal. O que não pareceu normal para Abigail, foi o meu comportamento, derrubei o chá gelado sobre o visitante, enrubesci e empalideci várias vezes, meu descontrole estava visível. Graças aos céus, Abigail tomou conta da situação com sua sensatez e presteza habitual. Me transformei numa menina tímida e insegura sob aquele olhar negro e penetrante. James se foi, com cordialidade e sorrisos, galopando seu cavalo fantástico, que descobri depois, ter recebido o nome de Sombrio, o que com certeza , não combinava com o belíssimo animal.

Pouco depois, Estevão e Abigail me questionaram se havia me interessado pelo rapaz, meus lábios calados, deixaram a resposta, para meu olhar de apaixonado devaneio. Saí andando pela campina, com um sorriso bobo,  balançando a barra do vestido soltinho,  branco de barra bordada de flores amarelas e finas folhagens. Abigail segredou para Estevão, isso eu soube depois, que renascia uma menina e realmente, era como eu estava me sentindo...Ah! James...o que você fez comigo...e os dias seguiram seus nasceres e pores do Sol...


Continua..
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 28/11/2017
Reeditado em 29/11/2017
Código do texto: T6184147
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