O ENFORCADO (miniconto)
Passos vacilantes, empurrados pelos degraus do cadafalso acima, angustiante jornada, os mais longos minutos de uma vida. O crime por certo cometi, não havia outra opção, era eu ou o meu insano patrão, com o cano da arma apontado para o centro da minha cabeça, fui mais rápido dei-lhe o bote e reverti a situação. Ao vê-lo caído ensanguentado aos meus pés, morto com o ventre destroçado pelo tiro, tive certeza do meu destino. Não houve tempo para fuga, quatro fortes peões da fazenda me açoitaram e me puseram a ferros como se eu fosse um escravo, em dois tempos estava encarcerado, julgado e a sentença era o enforcamento em praça pública. Agora com os olhos vendados, já com o laço passado pela garganta, confessando meus pecados ao pároco da cidade, entrego minh'alma ao Demo, pois não consigo sentir arrependimento algum, o Sr. Laércio era um patrão vil, explorador e perverso, muita gente nutria o mais puro ódio por ele, se não fosse o acaso do acontecido, decerto outro o faria de plano articulado, coisa ruim aquela criatura. Agora só me resta o fim, o chão se abriu, as pernas se debatem sem controle, o nó se aperta cada vez mais, o ar me rareia dentro do peito, atrás da venda sinto os olhos se esbugalharem, uma dormência gelada vai tomando conta de todo o meu corpo, da garganta flui um último resquício de ar e.........
Passos vacilantes, empurrados pelos degraus do cadafalso acima, angustiante jornada, os mais longos minutos de uma vida. O crime por certo cometi, não havia outra opção, era eu ou o meu insano patrão, com o cano da arma apontado para o centro da minha cabeça, fui mais rápido dei-lhe o bote e reverti a situação. Ao vê-lo caído ensanguentado aos meus pés, morto com o ventre destroçado pelo tiro, tive certeza do meu destino. Não houve tempo para fuga, quatro fortes peões da fazenda me açoitaram e me puseram a ferros como se eu fosse um escravo, em dois tempos estava encarcerado, julgado e a sentença era o enforcamento em praça pública. Agora com os olhos vendados, já com o laço passado pela garganta, confessando meus pecados ao pároco da cidade, entrego minh'alma ao Demo, pois não consigo sentir arrependimento algum, o Sr. Laércio era um patrão vil, explorador e perverso, muita gente nutria o mais puro ódio por ele, se não fosse o acaso do acontecido, decerto outro o faria de plano articulado, coisa ruim aquela criatura. Agora só me resta o fim, o chão se abriu, as pernas se debatem sem controle, o nó se aperta cada vez mais, o ar me rareia dentro do peito, atrás da venda sinto os olhos se esbugalharem, uma dormência gelada vai tomando conta de todo o meu corpo, da garganta flui um último resquício de ar e.........