O FANTASMA & O GIRO ALUCINADO

Baile animado, muitas cores se misturando, suor na pele brotando e evaporando, música, festa, fantasias e um fantasma mascarado descalço, lançando confetes e serpentinas negras no meio do salão. Figura bizarra aquela, ficava ali parado no centro da baile, sem visar ninguém especial, presença soturna num clima de alegria. Ninguém dava conta dele, são tantas as fantasias no Carnaval, existiam as brincadeiras e as pessoas que curtiam de outra forma ou quem preferia o recolhimento nos dias da folia de Momo, cada um na sua e a paz seguia.

De repente o fantasma soturno, começou a girar sobre seu próprio corpo, enlouquecidamente, muitos se afastaram, com medo de se machucarem com o rodopiar sem direção, dos braços que espalhavam negros confetes e serpentinas. Da mesma forma que começou com o alucinado rodopio, estancou soltando um estrondoso grito
- VEM!!! VEM!!!
Chamando a quem, ninguém sabia, mas, do nada, chamas começaram a subir pelas frestas das tábuas corridas do chão, queimando a gente alegre, sem distinção de cor, credo, raça ou condição social. Gemidos, gritos guturais , morte, um odor de carne queimada, fim de festa, fogo seguindo para a escuridão. E do traje incendiando do fantasma surge um ser disforme sem nariz, com olhos vermelhos gargalhando rejubilosamente. De repente, da mesma forma como iniciou o girar desvairado, explodiu, espalhando em meio às cinzas, um odor pútrido no salão enfumaçado. E nem era quarta-feira ainda...
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 23/02/2017
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