Homenagem Póstuma
Cadê todo mundo? Onde foram parar o Lula, a Dilma Rousseaf, o Fidel e o acidente aéreo com a equipe da Chapecoense, que nunca mais falaram neles? Sabe leitor amigo, é que estou procurando a recompensa por valorizar as verdades dos loucos; bem como, o galardão por tentar desbaratar a hipocrisia e mentiras dos normais.
E eu, como me porto diante da multidão de estranhos que caminha ao meu lado? Assim como cada um que compõe a multidão, estranhando-a. Solto devoradores rosnados. Se não fogem, ataco-os. Quanto mais possível for, busco o respirar que asfixie os demais. Queria eu ser o único a respirar a poluição do planeta. Egoísta, quero tudo que bom para mim.
Sigo apressado em direção ao tudo, em direção ao nada. Dizem ser minha família, irmãos, semelhantes. Vorazmente e implacavelmente, tenho que matá-los para não morrer. Somos pensamentos idênticos. Para mim, a vida é feita de selvageria e nada de pedaços de céu. Sou um Adonis fora de época com os mesmos princípios do deus grego. Meu corpo é talhado pelos pincéis da imaginação. Por vezes traidores e falsários, não acredito nos espelhos; mas acredito piamente no meu poder de sedução. E é através da sedução que abocanho as minhas presas. Prendo-as em minhas teias. Além do engabelamento e enganação, sou a pétala, flor que não deve ser cheirada. Tudo de mal, nada de bem. O néctar dissoluto da maldição. Fel fervilhante corroendo emoções. Devasso racional em ação. Revelado em mim, o serial killer que sofre calado por não poder se declarar em minha imagem e semelhança.
Minha consciência é negra. Ato e não desato. Enforco e não me arrependo. O passado sombrio. A borrasca marítima. O céu coberto pelo cinza. A bomba espalhada. As lições do absurdo. A religião e o que crê o religioso. O racismo apresentado através da galinha preta da macumba, em oposição a pomba branca da paz. O feto do estupro. As obras do caos. O lúcifer fingindo ser um anjo Gabriel de terno e gravata. Perfume alucinógeno. Não sou e jamais quis ser empático. Assim como escondo minha face de facínora, não sou afeito a alteridade. Por que ser aquilo que vai aos poucos ganhando espaço em outras áreas de pesquisa humana, se de humano não tenho nada? A significação da alteridade insinua que todo homem que interage socialmente, não existe sozinho e por isto, a existência do outro é também a sua existência. Apregoa que na relação entre os humanos, a interdependência dos extremos, faculta os meios e ambos, passam a existir e terão as suas necessidades, tanto primárias como secundárias, atendidas. Quê coisa mais tola, quê ideia mais vil! Parece que estudaram apenas o lado bonzinho dos pássaros, dos animais, das aves e do infame quero-quero para formalizar tal teoria. Porém, ingênuos, de bonzinhos o inferno está abarrotado. Aliás, para ampliar os seus domínios, o anjo Gabriel está leiloando as dependências do céu.
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