HOMENAGEM A MARATONA - HORROR NATALINO


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Família reunida, alegria e comunhão de afeto, confraternização de esperanças e emoções, só Evandro, parecia estar alheio a tudo aquilo. Seus olhos pardos abrigavam um brilho sádico, ficava cobrando da avó., que a ceia fosse logo servida pois ele estava faminto. A avó pedia que ele aguardasse sua mãe decorar os pratos quentes, que iriam para a mesa, disse que colocasse mais jarros de rosas pela varanda, Evandro resmunga e  saiu ruminando...Malditas Rosas! Estou cheio de fome e esta gente chata pensando em decoração, Ah! Como odiava o Natal, todo mundo rindo, festejando um guri que nasceu no feno, pobre e que depois vai morrer feio à beça, nada disso fazia sentido, mas a visão dos filmes sobre o calvário e a crucificação, lhe causava prazer, Evandro era mesmo um rapaz muito estranho, nem parecia pertencer aquela família. Ele só observava os minutos passando incólumes no relógio, com as mãos tensas e frias e uma fome lhe colando o estômago dolorosamente. Sua avó havia percebido que ele estava com os dedos amarelados, suspeitava que ele fumasse às escondidas, mas, ela também era fumante, não iria recriminá-lo, apenas alertá-lo de que não era uma boa escolha, tendo ela mesma como exemplo, com sua tosse intermitente e a falta de ar ocasional, mas, isso ficaria pra outro dia, era Natal, momentos de harmonia, luz e paz.

Evandro, ao ver sua avó e tias colocando os pratos saborosos sobre a mesa,  tornou-se cordato, gentil, puxando cadeiras para que as pessoas se acomodassem, servindo bebidas, nem parecia aquela criatura sem gosto pela vida que ele gostava de transparecer, estava por assim dizer, se comportando como uma pessoa 'normal' em clima de festa. O carro chefe da ceia era um enorme pernil, que chegou perfumado, tão reluzente e dourado ao centro das atenções, que fazia as bocas se encherem d'água. O pai de Evandro era sempre encarregado de fatiar o pernil, tarefa que fazia com prazer, pôs-se a servir os pratos com fartura do magnífico assado, Evandro nem tocou em seu próprio prato, ficou beliscando batatinhas assadas, só olhando as pessoas se fartarem, para quem estava ansioso e morto de fome, era no mínimo estranho, mas, em se tratando de Evandro , isso não causava espanto a mais ninguém. Depois de boas bocadas e algumas gulosas repetições, todos pareciam aguardar as maravilhosas sobremesas preparadas por sua mãe e avó. Evandro tinha um olhar ardente, uma febre o queimava por dentro, mirando cada pessoa naquela mesa, com olhar de rapina, como que esperando delas alguma reação, rapaz esquisito. De repente, Evandro salta e se afasta da mesa às gargalhadas, um riso medonho, agudo e louco, via todos os presentes, adultos e crianças, vomitando sangue, se contorcendo de dor, urrando pedindo socorro, os pequeninos caindo ao chão com os olhos esbugalhados, apagados de vida, idosos estrebuchando, cada um que soltava seu último suspiro, mais Evandro gargalhava em regozijo, quando todos desencarnaram, por causa do poderoso veneno que Evandro injetara no pernil, ele pegou uma tijela, se serviu de mousse, passando literalmente por cima das pessoas, cobertas de muco amarelado e sangue, vai para uma poltrona próxima à árvore de Natal, se vira para a cena medonha e como que fazendo um brinde à turba finada, diz bem alto FELIZ NATAL! Estica as pernas e saboreando seu doce, com calma e volúpia, aguarda os acontecimentos...


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Sucesso as escritores e organizadores da maratona.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 12/11/2016
Reeditado em 14/11/2016
Código do texto: T5820952
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