COTOS & MORFINA

...na saida do consultório, sente uma dor lacinante na cabeça, um saco escuro vendando seus olhos, um frio na espinha e escuridão...




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Olhando o que restara de si, depois de tanta tortura, Rubens nem podia crer que sobrevivera, seus algozes, por dias e noites, o torturaram, retalharam, lhe deram morfina, cauterizaram seus cotos, braços e pernas cortados sem piedade, às sarcásticas risadas, jamais esqueceria aqueles sons. Depois de tudo que lhe fizeram, simplesmente o deixaram sobre aquela bancada metálica, sujo, retalhado, sem parte de um braço, sem pernas até os joelhos, fedendo à sangue ressequido, suor de medo e álcool, que lhe deram para cheirar e permitir que sentisse melhor o próprio sofrimento. Rubens agora, só podia esperar que naquele fim de mundo, alguém aparecesse para salvá-lo, pensamento de poucas esperanças, o que lhe restara na verdade, era esperar a redenção do espírito...
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 29/09/2016
Reeditado em 01/10/2016
Código do texto: T5776627
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