DINHEIRO RUBRO DE SANGUE

A morena cestrosa, achou que aquela proposta, era generosa demais, mas, precisava tanto daquela grana, mãe no Norte achando que ela enricara na Cidade de São Paulo, pobrezinha nem sequer podia imaginar, que a minguada mesada, que ela remetia pelo correio, todos os meses, era fruto de prostituição. A morena, servia a todos que pudessem pagar, só que a sua cafetina, ficava com mais da metade do valor que amealhava, em troca de moradia e cuidados médicos, se bem que, pomada para desmanchar marcas roxas e arnica, pra aliviar as dores, não podia ser considerado, um tratamento médico. Vivia numa penúria de dar dó, só pra poder mandar um pouco de dinheiro, para sua pobre mãezinha, tão feliz em sua pobreza, tão inocente, que achava que o que recebia dela, era uma fortuna. A cafetina disse, que um cliente novo, queria uma morena bonita, sem vícios, para passar três dias em alto mar, lhe fazendo as vontades, seria somente ele e um capitão bem discreto, como tripulação, a grana era tão boa, que mesmo tendo que repassar mais da metade pra cafetina, daria pra morena comprar a passagem de volta pra casa e ainda sobrava, uns caraminguás pra não recomeçar do zero. Só o que a preocupava um pouco, é que, não sabia nada do cara, estaria por sua conta e risco, sozinha com ele, mas, a grana era boa demais, resolveu se arriscar e topar. Tudo combinado, ficou de se encontrar com ele, pros lados de Santos, escolheu três das suas melhores roupas e traje de banho e embarcou num iate, espetacular...e ao acordar mutilada, com as partes íntimas quase dilaceradas, sem um dos olhos dentro da órbita, toda escoriada, menos da metade de um ser. Descobriu depois que, o iate estava cheio de homens, que abusaram dela violentamente, entre doses cavalares de morfina, a seviciando de todas as mais demoníacas formas. E quando cansaram, a jogaram no mar, foi salva por um pescador, ela estava à beira da morte e só Deus sabe, o quanto queria que a morte lhe lançasse da beira, para um nada profundo, com dores animalescas, se entregou enfim, suas últimas palavras foram quase inaudíveis
- Perdão mãezinha...


Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 08 de abril de 2016.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 08/04/2016
Reeditado em 08/04/2016
Código do texto: T5598455
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