VAMPIRA
Noite alta...
Festa animada, gente ébria, já meio que perdendo a noção, gente estranha e esquisita, todos tão alvos, conheci uns caras no bar, já lá pelas tantas, amizade boêmia é rápida, me convidaram para acompanhá-los numa festa na madruga e, lá fui eu, mais uma dose, depois de tantas outras que tomei, não faria diferença. Lá chegando num casarão no alto de uma incrível colina, nem sei como o cara que me deu carona conseguiu dirigir até lá, era alto mesmo, mas, era um belo casarão próximo ao Alto da Boa Vista, casa bacana, gente bem vestida, quase todos de negro, eu estava "meso a meso", calças caqui e camisa preta, dava pro gasto, conversas animadas, os caras nem me apresentaram a ninguém, só enfiaram uma taça enorme de vinho tinto em minha mão e começaram a circular pelo ambiente, pareciam íntimos da casa, falavam com todo mundo, eu continuava achando, aquela gente branca demais, quase translúcidas. De repente numa sacada avistei uma branquela de botas de cano alto, cheias de fivelas, vestido curtíssimo, que belas pernas pensei, boca carnuda de batom vermelho escuro, cabelos negros, lisos e curtos, linda mulher, resolvi levar meu corpo meio na esbórnia até ela, quem sabe não rolava um lance. Puxei um conversa banal, acerca do clima da festa, e um objeto me chamou a atenção, no colo estupidamente alvo da moça, brilhava uma gargantilha em forma de morcego, o adorno, na clara pele lhe dava um ar vampiresco, até ri por dentro, o ambiente parecia mesmo, um covil de vampiros de peles translúcidas. A moça não quis muita conversa, agarrou-me abruptamente pela cabeça, me cheirou dos pés a cabeça e tascou-me um beijo tremendamente invasivo, fui de zero a cem em segundos, a bebedeira desapareceu por completo, que loucura boa senti. Outras mulheres que estavam por perto, foram se chegando, me cheirando, apalpando, lambendo, me senti o máximo, então, ouvi uma voz forte e anasalada, dizendo que o banquete iria começar, dentes febris foram cravados em meu pescoço e em diversas veias, senti meu sangue sendo sugado vorazmente, engoli um grito desesperado, percebendo que as forças iam me deixando, estava mesmo num antro de vampiros e a ceia da madrugada era eu, os meus olhos foram paralisando, fui sentindo cada vez menos o meu corpo, até....
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 2015.