MÓRBIDAS GARGALHADAS
A noite de serenata corria animada, naquela praça da cidadezinha do interior, as vozes murmuravam suaves para a Lua cheia, pelo ar só encanto e sentimentos de amor. Lugar pacato e sereno, gente simples de hábitos rotineiros. Tudo parecia perfeito, até a chegada de um viajante, que foi se aproximando sorrateiro e displicente, sentou na ponta de um dos bancos, onde já estava um casal de senhores de grisalhos cabelos e idade avançada. A serenata seguia tranquila, até que sem aviso ou alarde, o viajante saca uma faca e dilacera o pescoço da senhora grisalha ao seu lado e foge correndo velozmente, às gargalhadas, deixando um rastro de sangue no banco. Todo mundo atônito, quase sem reação, pelo inesperado da cena, difícil crer no que havia acontecido. Cidade pequena sem muitos recursos, até empreenderem uma corrida e chamar um policial, o miserável assassino já estava longe de ser alcançado. Nem para descrevê-lo seria possível, ninguém dera nota da presença dele, exceto o casal grisalho. Como denunciar e tomar as providências necessárias, tudo muito lento, restava consolar o homem idoso grisalho e prosseguir nos trâmites para o velório e enterro, a serenata acabou em clima mórbido, desesperado e triste e a Lua cheia prosseguia no seu brilho prateado, ficando nos ouvidos de todos os presentes, as sonoras e sarcásticas gargalhadas do viajante.
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 01 de dezembro de 2015.
Imagem - fonte - google
Cristina Gaspar
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