NANICOS

Terra, escombros, restos alquebrados de mármore, sobreviventes estátuas mutiladas pelo tempo, restos de histórias sob um vendaval de açoites traiçoeiros, na descampada colina grega. Abaixo do céu carregado de iluminadas
explosões raivosas, com roucos rompantes enfurecidos, ensurdecedores clamores. Baixos, quase nanicos seres pranteados de dor, vagam entre os silentes escombros, clareados apenas, pelo prenúncio eminente da tempestade, que se aproxima selvagem. Com feições de narizes aquilinos, alvas criaturas  de peitos largos espadaúdos, incoerente nota, ante suas mínimas estaturas, se entrelaçavam na paisagem e se confundiam com ela, como se dela, fizessem parte. A tempestade desaba, desaguando intensa, desvairada e louca. Uma chuva ácida, que dissolvia em poças  minúsculas de sangue, não só, as estranhas criaturas, como também, quaisquer outros resquícios de vida. Em minutos incalculáveis, tudo se acaba, restando a mesma paisagem mórbida, agora molhada pelas águas insanas e doentes, sem outras testemunhas, exceto, um Sol vermelho, que apareceu no céu, sorrateiramente.

Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2015.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 25/10/2015
Reeditado em 28/10/2015
Código do texto: T5426813
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