Legião Parte I
Capítulo I
{Vampiros}
Há muito tempo atrás, um grupo de especialistas em crimes, observou o fenômeno que corria nas sociedades ao longo da história, em que grupos especialistas em morte se destacavam. Mais do que catalogar, o objetivo era criar uma irmandade em que pudessem buscar esses indivíduos que se destacam por sua capacidade inigualável, esse grupo foi chamado de Legião. Sua identidade em mantida em sigilo, revoluções já modificaram o comando desses assassinos e hoje fica obscuro o nome de quem seria o líder, embora não exista nem mesmo informações que comprovem a existência da irmandade. Embora certas mortes venham sempre levantar suspeitas, devida as características misteriosas e brutais.
Os chamados Vampiros, fazem parte de uma das primeiras catalogações da Legião. São indivíduos que se destacam por sua adoração ao sangue. Relatos demonstram que se reúnem com práticas rituais, num misto de orgia e escarificações. Membros tem desenvolvido esse apetite em diversas sociedades humanas. Gostam de se reunir à noite, procurando manter a pele longe da exposição constante de raios solares, o que causa um certo ar cadavérico, devido a palidez. O sangue que costumam consumir é o próprio, escrevendo inclusive documentos ou deixando mensagens através do mesmo elemento. No caso de mensagens longas, costumam utilizar sangue de animais, já que não procuram desperdiçar o objeto sagrado de suas veias. Adoram e utilizam como avatares personalidades famosas que na história se destacaram pela brutalidade o a sede de sangue, como é o caso de Vlad Tepes (Drácula) e Elisabeth Bathory (Condessa de Sangrenta).
O sexo aparece como forma de elevar o clímax do ritual. Mulheres em fase de menstruação tem destaque e o sangue é consumido direto de suas vaginas, dando o sentido milenar de vaso sagrado das antigas civilizações. Costumam utilizar vestimentas góticas e a música apreciada tem sido com vertentes mais macabras, encontradas no mundo do rock. Fazem uma rigorosa triagem dos membros, para evitar contaminação, já que tanto o HIV como outras formas de contágio estão presentes em nossa sociedade. O pacto de sangue é essencial ao adentrar a esse universo, com o compromisso de participar das sessões ritualísticas. O próprio pentagrama é invocado com o sangue aproveitado. Alguns animais são mortos no momento do ritual, para oferecer o sangue fresco aos Deuses do Sangue, uma prática que faz recordar grupos como os Astecas. O corte é feito em diversas partes do corpo, procurando fornecer uma nascente para o que vai provar do sangue. Algumas pessoas precisam de cortes mais profundos para um fluxo maior, o que faz com que tenham conhecimento de incisões.
Notadamente, o sangue é objeto de culto por estar relacionado à vida. O sangue menstrual tem o caráter de não aproveitamento, o que pode ser um signo para a morte. Em alguns casos, animais mortos são também utilizados como forma de reiterar a ideia de morte. O sangue morto não é consumido, apenas simbólico. Relatos raros indicam que alguns consumiram sangue de pessoas com morte recente, com o sangue ainda vivo nas veias. Membros estão filiados a diversas irmandades, como luciferianistas, satanistas, bem como aquele desejo pelo sangue que escorre de uma carne mal passada. Pode-se constatar casos de suicídio, com gargantas ou pulsos cortados, servindo de banquete aos outros membros. Esse tipo de sacrifício é raro. Costuma-se misturar também o sangue com vinho e com isso criando drinques exóticos para os adeptos.
Adrian fora escolhido pela Legião. Era um Vampiro de alto valor. Costumava seduzir suas vítimas e tinha o hábito de degola-las. Sua amante, Leonora, gostava de se banhar com o sangue das vítimas. Faziam sexo em uma banheira ensanguentada. Leonora era responsável por atrair uma maior quantidade de pessoas do sexo masculino. Seu decote generoso e as vestimentas de couro excitavam alvos em potencial. Já Adrian, utilizava formas de sedução mais sutis, tendo uma lábia e olhar devastador. Sentira um grande prazer ao deslizar pela primeira vez a lâmina na jugular, deixando que o sangue espalhasse pelas paredes, como certos arroubos artísticos de grandes pintores. Uma vez se empolgara com um rapaz e o esfaqueara tanto, que chegou a ver os intestinos saírem. Combinaram de prolongar o máximo possível à vida de uma refém, com incisões diárias e consumo regular de sangue, até que a mesma veio a sucumbir de uma anemia.
Quando recebeu o convite da Legião, Adrian se sentiu honrado e motivado. O primeiro trabalho foi cortar a garganta de um ministro. Aquilo era sua evolução profissional. Leonora o acompanhava nessa nova empreitada. Ganharam aposentos com instalações propícias a suas práticas. Decoraram com belas obras de arte e mobília ostentosa. Conseguiu aumentar o número de adeptos no seu grupo e passou a exercer um fascínio nos membros, já que parecia intocável e ao mesmo tempo extremamente atraente. Gostava de se cortar e fazer marcas com a escarificação. Decorava seu corpo dessa maneira. Também talhava Leonora dessa maneira, abrindo queloides discretos na pele macia. A taça de sangue derramada sobre os seios escarificados e descendo até o baixo ventre, onde sua boca que absorve entre as pernas, aguarda o presente dos deuses. Sangue e orgasmo formam um drinque singular.
“Tu que, como uma punhalada,
Entraste em meu coração triste;
Tu que, forte como manada
De demônios, louca surgiste,
Para no espírito humilhado
Encontrar o leito e o ascendente;
– Infame a que eu estou atado
Tal como o forçado à corrente,
Como ao baralho o jogador,
Como à garrafa o borrachão,
Como os vermes a podridão,
– Maldita sejas, como for!
Implorei ao punhal veloz
Que me concedesse a alforria,
Disse após ao veneno atroz
Que me amparasse a covardia.
Ah! pobre! o veneno e o punhal
isseram-me de ar zombeteiro:
“Ninguém te livrará afinal
De teu maldito cativeiro.
Ah! imbecil – de teu retiro
Se te livrássemos um dia,
Teu beijo ressuscitaria
O cadáver de teu vampiro!”
(Charles Baudelaire)