Ômega Parte XI
Capítulo XI
[Cárcere]
Quando atingiu a atmosfera, ômega aguardava aquelas sensações que já haviam sentido ao adentrar outros planetas. Mas ao contrário daquele impacto que é a gravidade arrastando para o centro, havia sido conduzido de uma forma tão delicada, como se flutuasse e pousasse no solo de maneira poética. Percebeu que havia perdido a forma que utilizara, estando em sua condição normal. Não conseguia se transformar, por mais que se concentrasse. O envoltório que apareceu em seu corpo quando passou a manifestar suas habilidades, também não se manifestava. Percebeu a mudança em seu corpo e estando próximo a uma poça de água, viu sua imagem refletida. Era um homem com mais de quarenta anos. Vigoroso. Mas com os efeitos da idade. Não sabia o que aquilo significava. Sua certeza era que havia perdido as habilidades e estava em local totalmente desconhecido. Sobrevivera sem nenhum artifício e isso significava que o planeta possuía condições similares as da Terra. Caminhara alguns quilômetros. Sentia sede e fome, além do cansaço. Sensações que havia ficado guardadas em sua memória.
De repente, o susto. Foi abordado por um habitante. Tentaram se comunicar, mais havia o problema de serem línguas desconhecidas. Mas já havia escutado aquela pronúncia. A memória guardara informações. Fora reconhecendo que era o idioma de um dos povos que habitavam um dos inúmeros planetas que visitara e guerreara. Começaram a se entender. Explicou sua condição, por estar perdido naquele lugar. O ser parecia compreender e não se assustou com o drama. Descobriu que não estavam sozinhos, sendo conduzido até uma espécie de acampamento.
Fora recebido com empolgação pelos que se encontravam naquela espécie de colônia. O nome de quem o acolhera era Lorbrasco. Sua forma era diferente da humana, mais próxima de um inseto. Ocorreram as inúmeras apresentações. Ômega foi alimentado, saciou sua sede, repousou. As perguntas eram muitos. Descobriu que todos que estavam ali e outros que tomou conhecimento de também habitarem o planeta, chegaram ali de forma parecida. Todos cruzaram os portais e foram parar ali. Lorbrasco enfrentara uma guerra em seu planeta, antes de Ômega ter invadido. Conseguira se destacar, possuía habilidades incríveis, como a força e a telepatia. Vendo que sucumbiria, decidiu se afastar e se preparar para um retorno glorioso, onde poderia libertar sua raça. Acabou sendo perseguido por naves inimigas e ao cruzar o portal, veio parar nesse local com sua família. Já estavam ali cinquenta anos. Sua raça tinha uma longevidade maior que a dos humanos. Já vira nesse tempo pessoas morrerem. Ali não existia tecnologia. A natureza era simples e os animais que habitavam eram fáceis de domesticar. Não existiam grandes feras. Alguns se reuniram e formaram um grupo que tomou conta do território. O líder do grupo, um sujeito cruel chamado Lazirtitan, que era um criminoso extremamente perigoso e viera parar aqui depois de uma espetacular fuga que ocorrera no planeta que habitava, conseguiu impor suas leis e dominar o território. O planeta era imenso, mas a parte habitável era muito pequena em relação ao todo. Comentavam que isso ocorria por causa do núcleo que era bem condensado por justamente ter essa capacidade de drenar a energia de quem cruzasse sua fronteira, o que levava a deduzir que era uma espécie de prisão. Ninguém sabia como havia sido criado e nem como poderia existir uma força que conseguisse usurpar a energia de outros seres dessa maneira. Em matéria de religiosidade, apesar da diversidade cultural, tinha bases muito parecidas.
Era preciso que Lorbrasco apresentasse Ômega a Lazirtitan e assim foi feito. Chegando ao local onde Lazirtitan reunia seu séquito, Ômega percebeu a forma hostil como era observado. Soube que precisaria passar por uma prova, demonstrando o seu valor, para que demonstrasse ser digno de conviver com eles. Soubera que fazia bastante tempo que ninguém cruzava aquela fronteira e que nunca alguém da Terra havia o feito. O batismo seria uma luta, em que enfrentaria o próprio Lazirtitan. Ômega se empenhou e tinha alguma informação na memória sobre artes marciais. Mesmo assim, acabou sendo vencido, recebendo duros golpes que o fizeram se render ao déspota. Fora levado para ter as feridas curadas e que precisava logo se recuperar para enfrentar o trabalho diário, já que todos viviam ali sob essas condições. Necessitavam se responsabilizar pela própria subsistência e atender aos caprichos de Lazirtitan. Foram dez anos com Ômega prisioneiro naquela planeta, trabalhando e procurando de forma meditativa, passar pela provação.
Chegara mais um ano que ocorreria a celebração em homenagem a Lazirtitan. Todos prestavam reverência e traziam oferendas, como forma de atender a necessidade de culto que o mesmo infligia. Ômega havia pedido que Lorbrasco o matasse, mas seu amigo não conseguia executar o pedido. Como último recurso, desafiou Lazirtitan, sendo morto pelo mesmo em uma batalha violenta. O corpo de ômega ficara estendido na areia da praia, com as ondas trazendo algas de encontro ao cadáver.
Na Terra Ômega abria os olhos. Estava em uma caverna nas Filipinas. Estava recomposto, podendo se transmutar, como se tudo aquilo tivesse sido um pesadelo. Percebera que o mundos e modificara. Mentes criminosas imaginaram que não mais retornaria, pois se passara uma década. Começavam a ser organizar novos grupos terroristas. Adquiriu a forma do Professor Charles Xavier, o mutante dos X-men com habilidades mentais excepcionais. De imediato, acessou a mente de todos os criminosos e causou um massacre coletivo. O mundo assistia escandalizado a essa grande diminuição do contingente humano. Fez uma declaração, após acessar as emissoras de TV, reafirmou seu compromisso com os justos. Partiu imediatamente para os portais. Deixou o corpo morrer no espaço para assumir a forma da entidade cósmica dos quadrinhos, Galactus, Conseguindo atingir o planeta prisão por fora, trazendo seu núcleo para si e dissipando aquela energia. Voltou ao centro do planeta, deixando que os próprios guerreiros libertos executassem Lazirtitan, ganhando um abraço afetuoso de Lorbrasco. Os que estavam ali decidiram permanecer naquele planeta. que passou a ser reconhecido como um lar. Ômega não havia acabado, precisava ir ao encontro do Tetragrammaton e sem mais delongas, se deslocou para o seu destino.
Ômega aprendera nos diversos confrontos pelos planetas, que possuía muitas outras habilidades. Descobriu que conseguiria criar um duplo etérico, fazendo com que seu corpo sofresse um processo de bipartição, enviando apenas uma parte de sua energia na missão de exploração além do portal. Persistiu no planeta até ter alguma compreensão a respeito do que ocorria. Precisava reviver esse estado humano completo. Vivenciou uma década de experiências que o fizeram progredir em relação ao seu aprendizado e suas limitações. Deixara aquele corpo energético sucumbir para assumir a forma que ficara protegida na caverna terrena. Ao retornar, sabia como destruir o que lhe privou de suas habilidades e fez com que, ao destruir aquele núcleo, recuperasse a outra parte energética que havia ficado presa post mortem. Agora identificara também a entrada para a morada de Tellure e encaminhava-se para ela.